sábado, 28 de janeiro de 2017

MA ROTA DA HISTÓRIA: COMO A AMAZÔNIA PERTENCERIA À INGLATERRA

Autoria: Belém Antiga
Na Semana dedicada à Cabanagem, Belém Antiga volta a publicar uma revelação. A pouco conhecida história de que por pouco, muito pouco, a Amazônia não passou às mãos do poderoso Império Britânico na metade do século XIX. Esse era o preço que O Rio de Janeiro queria pagar para isolar do Império a ameaça Cabana, que , se bem sucedida, poderia representar uma ameaça ao Imperador. Outro lado da história, os ingleses teriam tentado vender aos Cabanos a Independência com apoio de dinheiro dos Estados Unidos. Memórias esquecidas da história.



Esfacelado pela multiplicação das revoltas, o retorno de D. Pedro I a Portugal, e um D. Pedro II ainda sem idade para assumir, o Regente Diogo Antônio Feijó ofereceu a região aos ingleses, desde que sufocassem os rebeldes. Por azar, ou sorte, os ingleses seguiram o caminho mais comum. Cobrar a dívida em dinheiro no lugar de levar para Londres uma área inóspita e selvagem. Se soubessem, naqueles anos, toda a riqueza da Amazônia, o futuro seria diferente.
Das duas uma. Ou o Pará seria uma espécie de Austrália ou África do Sul, ou teria sido massacrado economicamente pelo neocolonialismo, até se tornar independente. Foi o próprio império brasileiro que deu autorização para invadir, matar e sufocar a Cabanagem, ciente de que poderia estar entregando a região, a maior potência do planeta. Só não viramos ingleses, porque a Inglaterra não aceitou o presente. Era o dia 17 de dezembro de 1835.
Os embaixadores da Inglaterra e da França, Fox e Pontois, chegaram à sede do governo brasileiro, no Rio de Janeiro, para uma audiência “secreta e confidencial” convocada por Diogo Antônio Feijó, que governava o Brasil como regente, em nome de D. Pedro II, ainda sem idade para assumir a administração do império depois da renúncia de seu pai, D. Pedro I.
Era dezembro de 1835 e o movimento da Cabanagem ainda tirava o sono de Diogo Antonio Feijó, representante do governo imperial brasileiro. Sigilosamente, ele pediu à Inglaterra, a nação mais poderosa de então, com uma das mais eficientes marinhas de todos os tempos, que invadissem o Pará para combater os rebelados. Se seu plano fosse aceito, estrangeiros poderiam matar cidadãos brasileiros em pleno território brasileiro, com conhecimento e aprovação do imperador.
Onze meses antes, os nativos haviam desencadeado um motim, que ficou conhecido como Cabanagem, o mais sangrento de toda a história brasileira (no curso do qual, em cinco anos, segundo alguns registros historiográficos, de 15% a 20% da população regional morreu, o que seria equivalente, hoje, a dois milhões de mortos). O encontro de Feijó e os embaixadores inglês e francês foi revelado 160 anos depois, pelo antropólogo inglês David Cleary, que encontrou, no Publics Records Office, em Londres, correspondência travada, de 1835 a 1839, entre a embaixada, o ministério das relações exteriores e o almirantado britânico.
Feijó comunicou que até abril do ano seguinte queria três mil homens para retomar o controle de Belém, em poder de rebeldes. Essas tropas estrangeiras seriam embarcadas em navios de guerra dos três países e chegariam a Belém “como que por acaso”, recebendo autorização para permanecer em território nacional. Seriam mantidas de prontidão “para cooperar com as tropas brasileiras, a pedido e a critério das autoridades brasileiras em comando”. O regente do império fazia uma ressalva: teria que ser omitido “o fato de as medidas terem sido tomadas a pedido do governo brasileiro”.


A Inglaterra condicionou a ação a um pedido formal escrito para que, posteriormente, não houvesse objeções por qualquer parte do Brasil. Feijó teria respondido que a constituição proibia tal documento sem o consentimento da Assembleia Geral, além do descrédito para o governo, se revelado, que não seria capaz de derrotar sozinho um punhado de insurgentes miseráveis”. Respondendo à consulta, em 9 de maio de 1836, Lorde Palmerston informou o encarregado dos negócios na embaixada no Rio de Janeiro, W. G. Ouseley, que o governo inglês havia dado “a mais atenciosa consideração à sugestão feita” por Feijó, mas não se sentia “à vontade” para cumprir esses desejos. Alegou princípios do governo britânico e o Governo de Sua Majestade não acreditava justificável se envolver em operações em terra pelo interior da Província do Pará, com o objetivo de apoiar a autoridade do Governo do Rio de Janeiro contra a população do distrito”.

Os ingleses até estiveram aqui em abril de 1836, mas apenas com três navios de guerra para exigir a prisão dos assassinos da tripulação de um navio mercante inglês, que fora pilhado cinco meses antes no litoral paraense. Carlos Roque, estudioso da história do Pará, tem outra versão desmentida pelos documentos encontrados em Londres.
Segundo Rocque, Eduardo Angelim, “quando Presidente, recebeu tentadora proposta de um capitão inglês, para proclamar a independência do Pará, no que teria o apoio de potências estrangeiras. E o caudilho negou-se até a discutir a sugestão”. Quando o próprio Angelim morreu, em 1882, o jornal Diário do Grão Pará registrou que o maior dos líderes cabanos havia recusado “recursos militares do Governo Americano para proclamar a independência da Amazônia”.
Fonte texto: Lúcio Flávio Pinto/Em artigo publicado no Estado de S. Paulo .
FONTE: https://web.facebook.com/belemdopassado/?pnref=story

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