sábado, 27 de junho de 2015

EVENTO CULTURAL: SÃO PEDRO DO AREIÃO É PATRIMÔNIO IMATERIAL

 
LEI Nº 9.093 DE 23 DE ABRIL DE 2015.

          Reconhece como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Município de Belém a “Festividade de São Pedro do Areião”, e dá outras providências.

            O PREFEITO MUNICIPAL DE BELÉM,

            Faço saber que a CÂMARA MUNICIPAL DE BELÉM, estatui e eu sanciono a seguinte Lei:

            Art. 1º Fica reconhecida como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Município de Belém a “Festividade de São Pedro do Areião” realizada na praia do Areião, na Ilha do Mosqueiro, Belém-Pará.

            Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO ANTONIO LEMOS, 23 DE ABRIL DE 2015

ZENALDO RODRIGUES COUTINHO JÚNIOR 
Prefeito Municipal de Belém

EVENTO TRADICIONAL:

POR QUE SÃO PEDRO É PATRIMÔNIO IMATERIAL DA ILHA?

Autor: Claudionor Wanzeller

A Praia do Areião, ao sudoeste da Ilha do Mosqueiro, é reconhecidamente um ponto histórico de relevante importância, marcado por uma festividade quase centenária.
Na baía de Santo Antônio cujas águas banham aquela praia, os índios morobiras desenvolviam a pesca, atividade milenar que, mais tarde, originaria a Vila e seu primeiro suporte econômico. Nas fartas areias, os indígenas praticavam o moqueio e, segundo alguns historiadores, ali aportara, em 1520, o navio avariado do pirata espanhol Ruy Garcia de Moschera. Na verdade, o próprio nome da Ilha surgiu naquele lugar, pois o registro cartográfico de 1680 (o mais antigo que se conhece) batiza aquela ponta de praia de Ponta da Musqueira. O local ficou depois conhecido como Ponta da Pedreira, uma vez que era uma das pedreiras do Reino, de onde muitas pedras foram retiradas para os alicerces da antiga Belém.

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Praia do Areião – antiga Ponta da Musqueira (FOTO: Wanzeller)

A praia do Areião também foi palco de um fato muito interessante ocorrido no dia 20 de janeiro de 1836: a primeira tentativa de invasão das tropas legalistas vindas da ilha de Tatuoca, frustrada pela coragem e tenacidade dos cabanos sediados na Vila.
Outros fatos não menos marcantes tornam a praia um atrativo turístico: a instalação, em 1924, da Usina Santo Antônio da Pedreira, para beneficiamento da borracha, diversificando a atividade econômica da Vila; a fundação pelos seus funcionários, em 1925, do Pedreira, o primeiro clube de futebol da Ilha; a primeira greve de trabalhadores do Estado do Pará, ocorrida em 1939 e a presença folclórica da Cobra Grande no subsolo da Fábrica.

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Ilustração (PROF. ALCIR RODRIGUES, 1999)

Por outro lado, os pescadores artesanais da Vila do Mosqueiro e da ilha do Marajó utilizavam a enseada como ancoradouro e, dessa convivência pacífica, resultou a ideia de festejarem juntos, ali, em 1918, São Pedro, o seu Santo Padroeiro, sendo apoiados, incondicionalmente, pela senhora Isabel Magalhães, moradora antiga do lugar e mãe da atual organizadora do evento, Prof.ª Maria Diva Palheta. Dois anos após, a Festividade passaria a ser promovida pela Colônia de Pescadores Z-9, fundada na praia, em 1920.

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Prof.ª Diva Palheta, organizadora da festa (FOTO: Wanzeller)

A Festividade de São Pedro do Areião tornou-se, ao longo dos anos, uma tradicional manifestação popular quase centenária, de caráter religioso ao mesmo tempo profano e folclórico, por congregar, na atualidade, milhares de moradores e visitantes, como pode ser observado durante as ladainhas, as missas, a romaria, a procissão fluvial e o cortejo do mastro, que compõem a programação do evento.

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Procissão Fluvial de São Pedro (FOTO Wanzeller – 2013)

Obviamente, há muito esta festa deixou de ser exclusiva dos pescadores, como forma de agradecimento ao Santo pela proteção e fartura da pesca. Transformou-se numa grande manifestação cultural do povo mosqueirense, o que justifica a sua classificação como Patrimônio Imaterial da Ilha e do Município de Belém.

































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