terça-feira, 31 de março de 2015

NA ROTA DA HISTÓRIA: MÍLTON MONTE NA ARQUITETURA DA ILHA



O Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (ITEC/UFPA) perdeu, na madrugada de 24 de agosto de 2012, aos 84 anos, o professor Milton José Pinheiro Monte, aposentado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Engenheiro e arquiteto, internacionalmente reconhecido por suas pesquisas com materiais construtivos regionais e projetos de arquitetura tropical - muitos desses, premiados - era chamado, carinhosamente, de “Mestre Monte”, pois foi professor da maioria dos que são docentes da FAU, atualmente.
O pró-reitor de Relações Internacionais da UFPA, professor Flávio Nassar, arquiteto e coordenador do Projeto Fórum Landi, foi aluno de Monte e recorda dele como um mestre incomparável. “Além de uma figura humana extraordinária, foi um dos grandes criadores de uma expressão moderna da arquitetura regional. Trabalhou com muita maestria no uso de materiais da terra, como madeira e barro, valorizando o clima local e com inspirações nas técnicas indígenas de construção”, sintetiza Nassar.
Além de seu bom humor e sua jovialidade, Milton Monte é lembrado também pelo seu pioneirismo em diversos conceitos, como o de sustentabilidade e o de conforto ambiental.
Nascido em Xapuri, no Acre, Milton Monte se definia como um paraense de coração. Nos anos 60, voltou o olhar ao primitivo, às palafitas amazônicas, à palha que cobria a casa dos índios, à argila e à madeira. E foi nesse ambiente que implementou uma das suas mais marcantes criações: o beiral quebrado possibilita apreciar um dia de chuva com as janelas
abertas.
A professora Celma Vidal, da Faculdade de Arquitetura, afirma que ele foi o primeiro a pensar a arquitetura de forma a valorizar os atributos locais por meio de projetos funcionais que privilegiavam a iluminação e a ventilação naturais. “Sem dúvida, fica uma grande herança, pois foi por meio dele que nossos alunos conheceram essa arquitetura com viés regional”, disse.
Milton Monte é considerado o criador do estilo amazônico de construir ambientes modernos e adequados ao clima da região. Muitas foram as obras de sua autoria que despertaram admiração. O projeto do Interpass Clube, em Mosqueiro, por exemplo, cuja edificação faz alusão à forma de um pássaro às margens de um rio, foi o mais festejado no Brasil e no exterior, tendo recebido, com ele, inúmeros prêmios em Salões de Arquitetura e participado de bienais internacionais e de exposições em Museus de Arquitetura na Europa.

A capela do Ariramba, em Mosqueiro, foi outra obra sua. Além disso, participou também da restauração da Igreja de Santo Alexandre e da Catedral da Sé. Milton Monte deixa seu nome eternizado na história da arquitetura, em especial da amazônica. Continuará sendo uma referência e uma inspiração para todos os arquitetos, especialmente paraenses.





FONTES: "Projeto Memórias" - realizado pelo Núcleo Cultural da UNAMA, sobre personagens da educação, arte, literatura, ciência e história da Amazônia que contribuem para o desenvolvimento de nossa Cultura (vídeos)
http://mosqueirense.blogspot.com.br/2015/03/lembrando-milton-monte-e-sua.html


Nenhum comentário:

Postar um comentário