quarta-feira, 3 de setembro de 2014

MEIO AMBIENTE: MOSQUEIRO: SALINIZAÇÃO DAS ÁGUAS ESTUARINAS

 

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Baia do Marajó

A desembocadura do rio Amazonas abrange uma área de cerca de 60.000 km2, onde a parte sul forma um estuário com mais de 200 km de extensão, que inclui a baía do Marajó e a parte sul do estuário do rio Pará, no qual está inserida a baía do Guajará, com aproximadamente 35 km de extensão.

A ilha de Mosqueiro localiza-se no estuário amazônico, mais precisamente na baía do Marajó, que compreende a região mais próxima do oceano e recebe toda a descarga do rio Tocantins, outros pequenos afluentes do rio Amazonas.  Assim, apesar de possuir praias de água doce, sofre uma variação de salinidade nos meses de setembro a dezembro, em decorrência do período de estiagem.

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Habitação ribeirinha (Gravura: Projeto MEGAM-UFPA)

A salinidade nesta baía é bastante variável: de 0 a 0,5 (*) no período chuvoso e acima de 2 no período seco, podendo chegar a 10 na sua foz. Devido a este fator ambiental, há ocorrência de abundância em biomassa e número das espécies de peixes de importância comercial. Os fatores determinantes da elevada riqueza e diversidade da presente área podem ser explicados pelas flutuações nos valores da salinidade que favorece a transição de espécies de água doce e marinha e a presença de um complexo insular de ilhas que margeiam toda a área, oferecendo grande disponibilidade de alimento e diversidade de habitat.

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Ambiente de mangue no estuário

O valor econômico e a função ecológica dos estuários estão relacionados ao conjunto das variáveis físicas, químicas e biológicas e a importância do uso pela ictiofauna como áreas de proteção de juvenis e berçário, refúgio para adultos em reprodução e diversidade de alimentos.

No período seco, o aumento da salinidade ocasiona a invasão de espécies marinhas na área aumentando a abundância de recursos disponíveis para a pesca comercial.

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Siri azul em ambiente de praia com águas salobras

Adicionalmente, o mesmo aumento na salinidade faz com que ocorra a deposição de sedimento modificando a coloração da água para esverdeada, aumentando a zona eufótica e consequentemente à proliferação de fitoplâncton, base da cadeia trófica. Logo conclui-se que no período seco, a farta oferta de alimento, concentração de muitas espécies em uma menor porção de água destacam a importância desta área, também sob o ponto de vista biológico. A dupla e simultânea importância, ecológica e econômica da baía do Marajó, com prioridades média, alta e muito alta de conservação, sugere que as estratégias de conservação da ictiofauna devem ser debatidas junto aos pescadores e toda comunidade envolvida.

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Praia do Ariramba - Ilha de Mosqueiro

Do ponto de vista ambiental a salinidade tem um papel fundamental na estrutura e no funcionamento ecológico da zona costeira. Gradientes de salinidade, isto é, a variação espacial da salinidade ao longo de um determinado espaço horizontal ou vertical é fundamental na circulação de baias, lagoas costeiras e estuários ao redor dos quais concentra-se o desenvolvimento humano ao longo da costa.

A Amazônia possui 23 espécies de camarões de água doce, sendo três as mais exploradas comercialmente. Contudo, a poluição, a pesca predatória e a destruição das áreas de reprodução (manguezais) vêm diminuindo a quantidade e o tamanho dos camarões da região, comprometendo a rentabilidade dos pescadores e o equilíbrio do próprio ecossistema.

(*) – Classificação de Veneza: Área de rio com influência de marés oceânicas (salinidade < 0.5 – limnético) a (salinidade entre 2 e 18 – mesoalina).

Extraído e condensado de: ABORDAGEM MULTICRITERIAL E INDICADORES ECOLÓGICOS E ECONOMICOS UTILIZADOS NA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO, BRASIL.

KEILA RENATA MOREIRA MOURÃO, UFPA, 2012.

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Acesse:

http://www.rts.org.br/noticias/sustentabilidade-no-estuario-do-rio-amazonas

http://www.ufpa.br/projetomegam/sub01.html
souparaense.com.

FONTE: http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2013/09/mosqueiro-salinizacao-das-aguas.html

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