quinta-feira, 31 de outubro de 2013

JANELAS DO TEMPO: O DMER E A ILHA



Autor: Augusto Meira Filho

Sempre foi incisiva a presença rodoviária no Mosqueiro. Em 1946 demos início aos estudos da Estrada a começar de Benevides (vimos no texto inicial deste trabalho) e logo depois era instituído o SMER (Serviço Municipal de Estradas de Rodagem), em 1949, na gestão do Prefeito Rodolfo Chermont. Teve como seu primeiro Diretor o Engº. Alírio Cezar de Oliveira, que depois o passou ao engº. alemão Richard Schumandeck. Com a posse do Prefeito eleito em 1953, Dr. Celso Malcher, assumiu a direção do organismo rodoviário o Engº. Heronildes Moura, técnico do Quadro de Servidores do Serviço e que, na administração seguinte, passaria a Departamento, tendo a dirigi-lo o Engº. Evandro Bonna, sendo o Prefeito o Dr. Lopo Alvarez de Castro. Nesse tempo foi dada grande avançada na abertura da rodovia PA-17, iniciada em 1951, pelo mesmo político na gestão do General Zacarias de Assunção. Agora, Lopo de Castro voltava à direção do Município, eleito pelo povo, e Evandro Bonna dirigiria o novo DMER, em toda a sua permanência no governo de Belém. Muitas vezes visitou as obras da rodovia, emprestando-lhe a importância que merecia.
Depois, substituiu Lopo de Castro na Prefeitura, igualmente eleito pelo povo, o Coronel Luiz Geolás de Moura Carvalho, entregando os destinos do DMER ao engenheiro José Maria Cordeiro de Azevedo. Ainda na gestão de Moura Carvalho, o Órgão Rodoviário seria comandado por pouco tempo pelo Engº. Sílvio Aflalo. Em seguida, é nomeado Prefeito de Belém, o Major Alacid Nunes, já no período da Revolução de 1964, sendo o Governador do Estado o Coronel Jarbas Passarinho. Para dirigir o DMER, foi indicado e empossado o Engº. Alírio Cezar de Oliveira, que assim retornava àquelas funções, ele que fora o pioneiro na direção do DMER em seus primeiros dias. Diga-se que, em cada administração, algum serviço se fazia em benefício da rodovia Belém-Mosqueiro, cada qual dentro de suas possibilidades financeiras. Desde essa época, ocupando a elevada função de Presidente do Conselho Rodoviário Municipal, escolhido e designado pelo Prefeito Lopo de Castro, começamos a influir para que o Mosqueiro tivesse uma vinculação especial à repartição rodoviária do município, porque, de sua ação e de seus recursos, muita coisa seria feita a favor da Ilha. Defendia, mesmo, que o administrador do distrito deveria ser um profissional preso aos escalões técnicos daquele Organismo especializado. O maior número de rodovias municipais estava na Ilha. Suas atividades em termos de Agência Municipal se confundiam  com as próprias atribuições do DMER, razão maior para que a Ilha tivesse toda a assistência, e direta, de um dos mais importantes setores da administração municipal.
Com a saída de Alacid para candidatar-se ao cargo de Governador, assumiu a Comuna Belenense o Dr. Oswaldo Mello, que entregou o DMER ao Engº. Luiz Baganha. Foi nessa época que se concluíram os serviços da rodovia, nos extremos do continente (DER com Guilhon e Aliverti) e na Ilha (DMER com Baganha e Machado). Também, conforme relatamos, realizou-se sob os auspícios da gestão Oswaldo Mello, tendo Jarbas Passarinho no Governo Estadual e Fernando Guilhon no DER-PA, a famosa procissão de Belém à Vila do Mosqueiro, levando a Imagem da Virgem de Nazareth. Isso aconteceu em dezembro de 1965, por ocasião das festas de Nossa Senhora do Ó, na Vila e marcou a história da Ilha do Mosqueiro com a presença da padroeira do Pará e da Amazônia, visitando seu povo pescador, no mais belo balneário do Estado.
Concluída essa pequena, mas operosa administração municipal, elegeu-se Prefeito de Belém, juntamente com o Governador Alacid Nunes, o Dr. Stélio de Mendonça Maroja. No mesmo pleito, o eleitorado escolheu, também, seu Vice-Prefeito recaindo a escolha na pessoa do Dr. Ajax Carvalho de Oliveira, que passou a presidir a Câmara Municipal de Belém.
Stélio Maroja entregou a direção do DMER ao Engº. Maluf Gabbay, que, quase ao fim do período dessa gestão, passou a função ao Engº. Sílvio Aflalo e, após, ao Engº. Marioadir Miranda Santos. Em todas essas gestões, o Mosqueiro recebeu obras e melhoramentos executados pelo organismo rodoviário, interpretado pelos seus representantes à frente das obras, colaborando eficientemente com o Agente Municipal. Vem de então a enorme contribuição pessoal e técnica do Engº. José Machado a quem coube a responsabilidade de toda a rede rodoviária do Mosqueiro, incluindo-se nos programas de trabalho as novas aberturas para o Sucurijuquara e para a Baía do Sol, principalmente nesta última.
Deixando a Comuna de Belém, o Prefeito Stélio Maroja a entregou ao Sr. Mauro Porto, já executivo municipal nomeado pelo Governador Alacid Nunes. Este chamou o Engº. José Augusto Affonso para gerir o DMER. Foi deste diretor que partiu a primeira nomeação de um engenheiro rodoviário para Agente Municipal do Mosqueiro, recaindo essa escolha no Engº. Paulo Ponte e Sousa, também no quadro daquela repartição.
Após o término da administração do Engº. Mauro Porto, foi nomeado Prefeito de Belém o Coronel Nélio Lobato. Estávamos no Governo do Engº. Fernando José de Leão Guilhon. Quatro técnicos se uniram para a felicidade da Ilha, acidentalmente, é certo, mas de grande expressão para a nossa querida Ilha do Mosqueiro.
Nessa gestão municipal, o DMER foi comandado pelo Engº. Deuzimar Macedo. O colega Heronildes Moura aceitou o cargo de Agente Municipal e a sua presença no Mosqueiro foi decisiva, laboriosa e empreendedora. Tendo a seu lado um grande mosqueirense, o Engº. Jacy Gonzaga da Igreja, realizou uma administração admirável, empreendendo grandes obras, entre as quais as de urbanização dos bairros do Farol e Chapéu Virado, a construção do muro de arrimo do Murubira, o embelezamento do Porto Arthur e uma série de outros serviços na Vila e em outras praias. Abriu rodovias, beneficiou o transporte, melhorou as condições das vias de acesso, na Ilha, e deu um tal impulso que seus exemplos marcaram o governo municipal de Nélio Lobato. A seu lado, Jacy Igreja, como que estabelecia uma preparação para a sua administração que viria em seguida.
Após três anos de trabalho na Prefeitura de Belém, ainda na notável gestão do Governador Fernando Guilhon, Nélio Lobato deixaria suas funções e seria nomeado o Dr. Octávio Cascaes, para Prefeito de Belém.
Coube a esse ilustre paraense administrar a cidade até o término do governo estadual de Guilhon, ocorrido a 15 de março de 1975. Para o DMER, o novo Chefe da Comuna nomeou o Engº. Ramiro de Nobre e Silva, técnico abalizado do DER-PA que veio requisitado daquele órgão para prestar seus serviços na municipalidade, por determinação do Governador. Nesse tempo, continuou, ainda, dirigindo o Mosqueiro, como Agente Municipal, o Engº. Jacy Gonzaga da Igreja. Foi uma dinâmica e operosa administração no DMER e que muito empreendeu a favor da Ilha. Apesar de pouco tempo, o DMER, sob a orientação de seu novo Diretor, prestigiado pelo Prefeito Cascaes e sob as vistas do Governador Guilhon, o balneário ganharia uma série imensa de melhoramentos que ergueriam seus realizadores e beneficiariam a gente simples nativa da Ilha como a seus costumeiros veranistas. E essa confiança adquirida serviria de suporte para que o sucessor do Prefeito Cascaes o mantivesse nessas funções.
Com a posse do novo Governador do Estado, o Dr. Aloysio da Costa Chaves, assumiu as rédeas do Poder Executivo Municipal, o Dr. Ajax Carvalho de Oliveira. O DMER passou a ser comandado pelo Engº. Sílvio Aflalo, velho servidor da Casa, desde 1953 quando fora nomeado para técnico daquela repartição pelo então Prefeito Municipal Celso Malcher, com o DMER entregue a Alírio Cezar de Oliveira. Foi apontador, agrimensor, topógrafo e engenheiro em 1959, com Lopo de Castro.
Agora, novamente, pela confiança do Chefe da Comuna belenense, voltaria a ocupar a função de Diretor do DMER. Manteria Jacy Igreja na Agência Municipal do Mosqueiro, onde já vinha prestando relevantes serviços à Prefeitura. Em longo período na direção da Agência, esse profissional demonstrara invulgar dedicação e através das últimas gestões oficiais na capital, Governo e Município realizaram, no Mosqueiro, obras de base, entre as quais podemos destacar: construção do novo escritório da Agência, construção do 1º. bloco do Mercado Municipal, Unidade Mista de Saúde, Av. Beira-Mar no Areião, reforma da Praça da Matriz, construção da ponte Zacarias Mártyres no igarapé do Cajueiro, construção da Praça “Pires Teixeira” de Carananduba, muro de arrimo no Murubira, instalação do Camping, reforma da Praça do Farol, preparo da Av. Beira-Mar no Maraú e no Paraíso, reforma da Praça do Chapéu Virado, construção de três quadras de esportes (Vila, Sucurijuquara e Baía do Sol), reconstrução de diversas artérias na Vila e abertura de dez ruas no Sucurijuquara. Também em sua gestão, ao tempo do Prefeito Octávio Cascaes, a inauguração da Estação Rodoviária pelo Governador Fernando Guilhon, denominada “Estação Pires Teixeira”. Muitos trabalhos em Carananduba, na Baía do Sol, na Vila Nova e em São Francisco. Também dos últimos tempos, a instalação dos Telefones e extensão de Rede Elétrica para Carananduba e Baía do Sol.

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 415, 416, 417 e 418.


A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: LOBISOMEM

 

O CÃO SABIA SEU DONO

Narrativa do aluno Victor Nascimento transcrita pela Profª Léa Moraes.

Meu pai conta que, em sua mocidade, certa vez, ao sair com seus amigos para jogar baralho na praça, esqueceu a hora. Naquele tempo, a energia elétrica só ia até determinada hora da noite.

Então, ao voltar para casa, escutou um barulho muito estranho lá para dentro da mata. Olhou e viu um bicho muito feio correndo atrás dele.

Ele correu, correu e, chegando à frente de sua casa, o seu cachorro veio encontrá-lo. O cão viu o bicho e tratou de colocá-lo pra correr. Foi, então, que o bicho correu de volta e o cão salvou o seu dono do lobisomem.

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Fernando Gabriel Ferreira – Turma 214 – CB II 1º. ano

A lenda do Lobisomem

Texto de Fernando Gabriel Ferreira – Turma 214 – CB II 1º. Ano

“A lenda do Lobisomem fala de uma criatura que pode ser homem e algumas vezes mulher. O lobisomem pode se transformar em diversas coisas como lobo, porco e até cavalo e gato. Se por acaso você vir uma dessas coisas que esteja agressiva, corra para se esconder.

Para você saber que uma pessoa seja o lobisomem, tente ferir o animal e, no outro dia, se a pessoa estiver ferida naquele lugar onde você feriu, é o lobisomem.”

FONTE: (Lima Gama, Rosangela C. e Santos Andrade, Simei. “Mosqueiro Conta em Prosa e Verso o Imaginário Amazônico”. PMB, 2004, pp. 47 e 49))

domingo, 6 de outubro de 2013

A IMAGEM E O TEMPO: A VIRGEM DE NAZARÉ VOLTA À ILHA.

 

A primeira vez que a IMAGEM PEREGRINA DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ deixou o Colégio Gentil Bittencourt para visitar outra localidade aconteceu no dia 12 de dezembro de 1965. E foi, justamente, a ilha do Mosqueiro que teve o privilégio de receber, com emoção incomparável, a SANTA PADROEIRA DOS PARAENSES, no dia do Círio de Nossa Senhora do Ó. É importante relembrar que a relação da Virgem com a Ilha é muito grande, pois, dos anos 20 aos anos 50, a Imagem conduzida e venerada pelo povo mosqueirense, no Círio local, era a de NOSSA SENHORA DE NAZARÉ.

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A VIRGEM DE NAZARÉ NA ILHA DO MOSQUEIRO EM 1965 (A. M. FILHO)

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A VIRGEM DE NAZARÉ NA ILHA DO MOSQUEIRO EM 2013 (C. S. Wanzeller)

Nos dias 04 e 05 de outubro de 2013, em uma das peregrinações que antecedem a maior festa religiosa do Pará, a Imagem da Virgem de Nazaré voltou a esta ilha abençoada, para receber o carinho, as homenagens, as preces e as súplicas do povo mosqueirense, paroquianos de Nossa Senhora do Ó e de Nossa Senhora da Conceição.

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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

JANELAS DO TEMPO: FAMÍLIAS TRADICIONAIS DA ILHA

Autor: Augusto Meira Filho

Acreditamos que o lugar denominado “Carananduba” (caranã-grande) é mais antigo do que a “Vila” propriamente dita. Também é evidente que a praia do Murubira, atual, teve origem nas Tribos dos Morobiras, que citamos.

Ariramba, muito mais jovem que os lugares anteriores, é de formação recente e surgiu da necessidade de penetração no conhecimento da Ilha em todos os seus quadrantes. Do Chapéu Virado, passou-se ao “Murubira” via “Porto Arthur”, cuja história se deve a um português amante das belezas e da paz mosqueirense, no começo deste século (séc. XX).

Necessariamente, a curiosidade pública levaria novas aventuras ao interior da Ilha, o que resultaria no conhecimento do Sucurijuquara (povoação antiga) e, depois, no vilarejo conhecido por Baía do Sol, com seus dois bairros distintos: o “Bacuri” e a “Fazenda”. Depois, caminhando para o oriente, temos o “Carreiro” já plantado no início do “Furo das Marinhas”, que separa a Ilha do continente.

Supomos que as populações dessa face norte da Ilha, em frente a Colares de hoje, é a mais antiga habitante de todo o Mosqueiro. Apesar do conhecimento e interesse dos belenenses pela Vila, pois aí se fazia o primeiro porto de acesso fluvial ao Mosqueiro de todos os visitantes que partiam da capital em busca de suas belas praias de água doce, estamos convencidos de que a gente nativa oriunda dos bugres e mesclada com novos colonizadores, descidos do litoral desde S. Luís, primeiro se estabeleceram na costa oriental-norte para, mais tarde, passar à margem ocidental, dado o fluxo de maior intensidade comercial entre Belém e a gente residente na Ilha. Frutos de diversos sítios instalados no interior, – muitas de suas praias tomaram os nomes dessas instalações particulares -- que se disseminaram em toda parte e se tornaram centros propulsores das regiões que centralizavam. Geralmente, famílias inteiras, tradicionais, fixadas em cada região, permitiam essa característica um tanto feudal que durante muito tempo teve preponderância na vida do Mosqueiro. São casos típicos os “Pamplona” no Maraú, os “Silva” na Baía do Sol, os “Amador” no Carananduba e latifundiários como Mimosa Bechara e Benedito Elias, aquela na Vila e este no Mari-Mari, no “Pau Amarelo”, no “Fonte Boa”. Nos velhos tempos, os fundadores da Ilha, em verdade, requereram enormes sortes de terras, léguas de sesmaria todas em Carta de Data, concedidas, na Colônia, pelos representantes do Reino e, no Império, pela Presidência da Província, através da Repartição de Terras, existente para esse fim. Essas propriedades passaram a seus herdeiros e muitas, aos poucos, se diluíram, principalmente as que tinham áreas limítrofes com o litoral das praias, hoje altamente valorizadas, como veremos no seguimento deste trabalho.

Ainda hoje perduram os “Peralta” no Carananduba, os “Travassos” no Paraíso e na Conceição. Também gente estrangeira requereu legalmente sorte de terras na Ilha do Mosqueiro, como os Louchard, os Pontet, os Smith, os Upton, os Kaulfuss, os Arouch e outros.

Já nos ocupamos, em largas linhas, das famílias nativas do Mosqueiro e que, quase sempre, se fixaram no passado naqueles lugares característicos de sua ocupação, ainda à época da colonização da Ilha, depois no Império sob o controle dos dirigentes provinciais que nos dirigiram de 1823 a 1889. Muitos de origem estrangeira, esses clãs se caracterizam pela continuidade de sua permanência, lutando para sobreviver, desde aqueles velhos tempos em que os indígenas mantinham ali suas aldeias, suas tribos, sua gente humilde presa à terra pelas tradições nativas do lugar.

Num apanhado a “voo-de-pássaro”, anotamos as seguintes e principais famílias residentes na Ilha do Mosqueiro: em Carananduba – famílias Peralta, Amador e Trindade; na Baía do Sol – os Pamplona, os Pinto, os Travassos, os Silva; os Vale no Sucurijuquara; os Bentes no Pratiquara; os Fróes no Caruaru; os Moraes na Prainha do Farol; e na Vila propriamente dita os Bastos, os Raiol, os Cruz, os Aragão, os Furtados, os Melo, os Bechara.

Toda essa variada gama de habitantes tradicionais do Mosqueiro tem-se desenvolvido constantemente. A Vila, como sede do Distrito, atraiu e fixa a maior parte desses habitadores até hoje, antigos herdeiros de grandes latifúndios de seus avós, como estudamos no início deste trabalho.

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 33, 34 e 99.