quarta-feira, 14 de agosto de 2013

NA ROTA DA HISTÓRIA: DA ESPANHA À BAÍA DO SOL

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Francisco de Orellana

No dia 11 de maio de 1545, começava a fatídica viagem de Francisco de Orellana ao Novo Mundo. Buscava ele, pela segunda vez, o rio das Amazonas, no Norte do Brasil, na tentativa ambiciosa de conquistar as terras e suas lendárias riquezas. Partindo de São Lucar, com cerca de trezentos homens e poucos cavalos, a armada constituída de quatro naus fez-se ao mar, desprovida de quase tudo.

Embora fosse um comandante enérgico diante do perigo, Orellana deixava-se iludir em sua boa fé pelas sugestões de encarregados e fornecedores e a organização da viagem ficava comprometida pela falta de recursos financeiros. Até as velas de um dos navios foram penhoradas para o pagamento de dívidas, sendo resgatadas com a venda de parte dos mantimentos. A fim de compensar tal perda, os tripulantes saíam a terra durante a noite, para roubar bois, carneiros e galinhas e, logo após a partida, tomaram de assalto uma caravela. O povo de Sevilha não acreditava no sucesso da expedição e as autoridades tentaram impedi-la, mas quando as ordens chegaram a São Lucar a frota já estava longe.

Embora faltassem coisas imprescindíveis à viagem, a mulher do capitão, Anna de Ayala, na popa do maior navio, seguia cheia de joias, sedas e bordados, acompanhada de muitas mulheres, das quais nenhum tripulante poderia aproximar-se. Tudo isto e a indisciplina reinante a bordo eram prenúncios funestos de desgraças.

Iniciava-se uma longa jornada repleta de infelizes acontecimentos. Antes de atravessarem o Atlântico, os aventureiros aportaram em Tenerife para abastecerem os navios com água potável. Lá ficaram três meses, aguardando recursos da Europa, que nunca chegaram. Seguiram depois até uma das ilhas de Cabo Verde para buscar cento e cinquenta vacas. Lá permaneceram por mais dois meses. Tal demora foi fatal: muitos homens contraíram doenças da terra, ocorrendo noventa e oito mortes. Açoitados por terríveis temporais, perderam onze âncoras e amarras e tiveram de abandonar uma embarcação, para que as outras não ficassem desprovidas de ferros. Na hora da partida, desertaram cinquenta tripulantes, entre eles oficiais superiores. Durante a travessia, desapareceu um navio -- do qual nunca mais houve notícias -- com setenta e sete pessoas, onze cavalos e um bergatim destinado a navegar os braços menores do Amazonas.

As duas embarcações restantes seguiram viagem, enfrentando tempos contrários e a falta de água. Se não fossem as copiosas chuvas que acompanharam as naus, todos os navegantes teriam perecido. Finalmente, os espanhóis avistaram terra e reconheceram o cabo de São Roque. Seguindo a costa, passaram perto e à vista do Maranhão. A doze léguas da terra, acompanhando o contorno do litoral para o norte, navegaram por mais umas cem léguas e encontraram água doce. Era o sinal que o capitão Orellana procurava, declarando ser ali o destino da viagem.

Orellana acreditava, a princípio, ter encontrado a entrada principal do rio Amazonas. Na verdade, depois de quase se perder nos baixos de Bragança, no dia anterior, adentrava o braço sul do Amazonas, o rio Pará dos tupinambás, navegando as águas da baía do Sol e aportando entre duas ilhas muito povoadas, abundantes de frutos e pescado: a de Colares (antiga ilha do Sol) e a do Mosqueiro. Era dezembro de 1545, no dia consagrado a Nossa Senhora do Ó.

Brevemente, terminaria a lamentável aventura. Orellana, que buscava o mar de água doce, não reconhecia o caminho por onde passara anos atrás. Subindo o rio Pará e, provavelmente, o Guamá, perdia-se no labirinto de ilhas e canais, totalmente desorientado. Mandou desmanchar uma das naus para fazer um bergatim e lançou-se neste em busca do braço principal. Fez duas tentativas: na segunda, em novembro de 1546, com a maioria de seus companheiros, encontrou a morte pelas flechas envenenadas dos índios em uma ilha do delta amazônico.

 

Texto baseado nas informações contidas no livro Os Jesuítas no Grão-Pará: suas missões e a colonização, do historiador João Lúcio d’Azevedo.

FONTE DA FOTO: http://pt.infobiografias.com/biografia/27944/Francisco-de-Orellana.html

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