segunda-feira, 13 de maio de 2013

JANELAS DO TEMPO: PADRE DUBOIS

Autor: Augusto Meira Filho

Uma figura curiosa e muito estimada em nossa terra esteve, também, na paróquia mosqueirense. Embora admirador profundo de Salinas, o Padre Florêncio Dubois prestou grandes serviços à vida religiosa da Ilha do Mosqueiro. Coube a ele entregar os cuidados do Templo de Nossa Senhora do Ó ao Sr. Miguel Mansour, que, juntamente com sua esposa, foram os grandes zeladores daquele templo, durante muitos anos.

Dubois foi um intelectual, figura eminente do clero e que aqui serviu durante quase toda a sua vida. Funcionava na Basílica de Nazareth, escrevia nos jornais da capital, polemicava, discutia, sorria e se encantava com a terra paraense. Francês de origem, estimava visitar o Velho Meira, quando palestravam horas a fio em nossa antiga residência na Av. Nazareth, nº. 73 e onde o pai escreveu seu poema épico “Brasileis”. Reuniam-se, mais o reitor Paulo Domingues do Colégio Nazareth, Ignácio Moura e Carlos Nascimento, aquele engenheiro civil e historiador e este, admirável filólogo. Recordamos, ainda, tais encontros, encontros do saber, que mal compreendíamos em nossa infância descuidada.

Pois foi o mestre Florêncio Dubois um dedicado vigário na Vila do Mosqueiro. Homem forte, volumoso, sempre alegre, parecia possuir dez vidas em só uma.

Ficou-nos o testemunho de seu labor traduzido na dedicação do velho Mansour e de sua esposa que cuidaram da Matriz como se fora sua própria casa.

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- p. 405.

 

MOSQUEIRANDO: Segundo, ainda, pesquisa do autor na “Folha do Norte” do dia 16.11.1919, o Padre Dubois posicionou-se contrário à mudança do nome da nossa Ilha para Guajarina, como algumas pessoas, visando a seus próprios interesses, pretendiam desde 1917.

                                                      * * *

Florence Dubois nasceu no berço de uma família modesta, no dia 12 de novembro de 1878 em Aix’ d’Aigillon, norte da França. Iniciou seus estudos no colégio dos Lassalistas de Bouges, e ingressou no seminário Menor do Barnabitas, aos 15 anos. Formou-se bacharel em Retórica na Sorbonne de Paris aos 19, e ordenou-se sacerdote aos 19, no dia 10 de março de 1902, em Bruxelas.
Sua primeira visita ao Brasil aconteceu aos 25 anos. Acompanhado por um grupo de religiosos, veio às terras brasileiras, após a expulsão dos Barnabitas do território francês. Naquele momento, o destino do missionário eram as terras mais difíceis do sertão pernambucano. Seu trabalho pastoral, no estado de Pernambuco, durou cerca de um ano e meio. Após grandes dificuldades evangelizadoras, em janeiro de 1905, Padre Dubois entrega a missão ao bispo e aos padres, e segue para o mais novo destino: a capital paraense.
Em 1905 o religioso chega ao Pará, lugar em que desejava continuar o trabalho missionário no município de Gurupi, que faz divisa entre o Pará e o Maranhão. Na chegada, Padre Dubois conhece a aldeia dos índios Tembés do Alto-Guamá, Bragança e depois o Rio de Janeiro, onde realizou a fundação dos Barnabitas na então Capital Federal.

Em outubro do mesmo ano, Padre Dubois se junta à comunidade de Nazaré, no momento em que acontecia o lançamento da primeira pedra fundamental da futura Basílica de Nazaré. O religioso participou de toda a cerimônia. A partir de então, Belém se tornara o seu grande destino, escolhido para desenvolver suas atividades pastorais, interrompidas em 1915, período em que fora convocado para servir no front, como capelão e padioleiro (maqueiro) na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), durante quatro anos.”

Padre Florence Dubois tornou-se um religioso muito popular no Estado. Bispos de vários estados do País o convidavam para conferências, pregações e retiros. Vigários dos mais distantes lugares faziam questão de sua presença para presidir festas de santos e ouvir suas reflexões. 

Sobre o fundador do Jornal “Voz de Nazaré”, Padre José Ramos conta que foi um religioso que possuía muitas qualidades. “Era um homem sábio e com uma formação erudita muito grande, e um enorme preparo sobre a cultura, a política e a literatura, e que trabalhava com dedicação as informações e questões da Igreja”, resumiu.

Sua dedicação à vida dos paraenses se destacou principalmente no auxílio aos doentes. Na época em que aconteceu o surto da lepra, no estado, lá estava ele disposto a serviço dos leprosários, em diversos distritos de Belém. Suas visitas aconteciam em dias de festa, na companhia de Frei Daniel Samarate, nas quais os assistia espiritualmente e na ajuda do que necessitassem. O resultado do trabalho missionário fora divulgado em diversos jornais da cidade, a pedido dos hansenianos, resultando na grande doação de alimentos e medicamentos à Basílica de Nazaré, em prol dos doentes.

FONTE: http://www.fundacaonazare.com.br/novoportal/action=Canal.interna&oCanal=1&id=1592&classe=N

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O Padre Florêncio Dubois em seu livro ‘Intercessão dos Santos na Bíblia’, dá-nos conta do seguinte:

“Átila, flagelo de Deus, arrasara Milão e tomara Pávia. Valentiano II fugira de Ravenna para refugiar-se no Vaticano. O senado romano tremia, mas o povo confiava no S. Papa Leão I, o Magno. O Santo Padre reveste os ornamentos pontificais, e os sacerdotes os paramentos litúrgicos. Átila mostra-se cordato. Mediante um tributo anual do império romano, suspende as hostilidades e sai da Itália, rumo à Gália, onde o esperava a derrota.

            - Por que foste tão atencioso com o Papa? perguntou um dos generais.

            - Junto ao Papa estava outra personalidade, venerável pelas cãs, e de porte majestoso. Estava de pé, em hábitos sacerdotais, porém manejava uma espada nua, com ares terríveis.

            A aparição seria de S. Paulo ou S. Pedro? A tradição e o sábio Barônio pensam que era de S. Pedro”. (págs. 89/90)

FONTE:http://aron-um-espirita.blogspot.com.br/2011/07/ak-fenomenos-espiritas-4-por-calligaris.html

3 comentários:

  1. Caro Claudionor Wanzeller, estou pesquisando a vida do nobre reverendo, favor se tiveres mais informações gostaria de obter as referências. Att Sheila Evangelista

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    1. Há uma biografia que conta sua história. Também nas paróquias de Mosqueiro, Icoraci, Salinas e Pirabas, deveria ter as atas as quais ele registrava seu apostolado... Ele deixou muita coisa escrita nesses diários.

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  2. Resgatar a memória de Pe Dúbios é uma excelente iniciativa, pois o mesmo é uma suminade na vida religiosa e intelectual da Igreja no Brasil. Oxalá venham mais relatos aqui sobre sua vida.

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