quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: A MATINTA QUE ASSUSTA AS CRIANÇAS.

Texto de Luís Otávio Barros dos Santos-Turma 242- EJA

Quando a minha mãe tinha 9 anos, foram morar lá na casa dela uma irmã dela com a filha, que tinha 7 anos. Como a mãe da menina tinha se deixado do pai, a avó levou-as para casa.

Todas as noites ela chorava; só que uma noite a mamãe se espantou com a avó espraguejando e dizendo para a garota se calar se não a Matinta Perera ia levá-la, mas ela continuava a chorar e nisso a mamãe ouviu o assobio da Matinta Perera. Ela começou a tremer na rede.

No quintal tem até hoje um pé de caramba e parece que a Matinta estava na árvore, quando ela falou meio fanhosa, dizendo:

-- Essa menina não tem mãe? Se ela não tem, eu vou levar.

A mamãe tremeu que nem vara verde, porque ela já tinha visto lá no campo do Bitar o assobio e a gargalhada ao mesmo tempo, quando ela passou para o Maracajá. Quando ela assobiava, os cachorros latiam muito. A menina parou de chorar e durante o tempo em que ela ficou na casa, ela não chorou mais.

FONTE: (Lima Gama, Rosangela C. e Santos Andrade, Simei. “Mosqueiro Conta em Prosa e Verso o Imaginário Amazônico”. PMB, 2004, p. 100)

sábado, 27 de outubro de 2012

JANELAS DO TEMPO: AUGUSTO MEIRA FILHO – ESCRITOR EMPREENDEDOR

 

(Poema de louvor a Augusto Meira Filho, autor do livro Mosqueiro Ilhas e Vilas e o grande responsável pela construção da Rodovia Belém-Mosqueiro e da Ponte sobre o Furo das Marinhas)

Autor: Azuir Filho

 

Levantou a História da Ilha,

Santa Terra e Heroica Gente.

Por si só obra que brilha,

Terra linda e de seu Povo valente.

Fez seu livro com valor,

que honra o Intelectual Brasileiro.

Pra Augusto Meira Filho Louvor,

o Escritor de Mosqueiro.

 

Um Homem Político de fato,

com a abrangência Universal.

Com seu preparo e Mandato,

nos revolucionou o Municipal.

Uniu ao talento de escritor.

A visão cientifica do engenheiro.

Pra Augusto Meira Filho Louvor,

o Escritor de Mosqueiro.

 

Dinâmico, firme sensato,

dá força de máquina no construir.

Aquele tipo do candidato,

que era fácil de votos conseguir.

Simpático e elegante cavalheiro,

tão experimentado viajeiro.

Pra Augusto Meira Filho Louvor,

o Escritor de Mosqueiro.

 

Obra de apresentação veemente,

terra querida a apaixonar.

No livro a ilha e o continente,

as perspectivas e todo o lutar.

Nobre e caprichoso orador,

nosso tão venerável Timoneiro.

Pra Augusto Meira Filho Louvor,

o Escritor de Mosqueiro.

 

Fala tudo do povo nativo,

na vida com o colono trabalhador.

Com o Negro Interativo,

formando esse povo empreendedor.

Prático como organizador,

Mestre como o velho Marinheiro.

Pra Augusto Meira Filho Louvor,

o Escritor de Mosqueiro.

 

Fala da atividade de moquear,

agente de trabalho e renda.

Um recurso de emancipar,

pra nossa população uma prenda.

É pra divulgação com amor,

como arrojado trombeteiro.

Pra Augusto Meira Filho Louvor,

o Escritor de Mosqueiro.

 

A alegria e a nobre vocação,

que vai a terra e o povo elevar.

Turismo como emancipação,

que está no costume desse lugar.

Livro agradável pela composição,

pro amante ou o violeiro.

Pra Augusto Meira Filho Louvor,

o Escritor de Mosqueiro.

 

Com a Ponte a Modernidade,

e no turismo a transformação.

O Crescimento da Comunidade,

a categoria e a distinção.

Um livro de todo esplendor,

bem claro, profundo e pioneiro.

Pra Augusto Meira Filho Louvor,

o Escritor de Mosqueiro.

 

FONTE: Azuir Filho e Turmas: Do Social da Unicamp e, de Amigos, de: Rocha Miranda, Rio, RJ.e, de Mosqueiro, Belém, PA.

http://www.google.com.br/search?q=azsuir+filho+augusto+meira+filho&hl=pt-BR

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CANTANDO A ILHA: MOSQUEIRO

Autor: Otacílio Mota

Quando estou no Mosqueiro, fico no coreto da minha casa. O vento forte e constante que vem de encontro a mim, está repleto de promessas. Com ele canta a ânsia de viver e ser feliz. O fogo da vida chameja e o sol santifica o meu instante.

Fico quieto porque o mundo respira os meus segredos. Sorrio com a alma e com os olhos e me sinto pronto para renascer. Meus sentimentos ficam mais experientes e sensíveis e a vida me chega com maior riqueza e colorido.

Gosto de olhar as árvores que estão em volta e o verde das folhas nelas penduradas. Escuto os passos do coração e esqueço as perdas. Afasto as sombras do medo e penso nas coisas boas e simples que me encantam e uma luz permanente apaga as minhas sombras. É bom estar ali, sem pressa e sem compromissos.

Tudo me fica mais leve, com a natureza e Deus por perto. Quero caminhar um novo viver e espreitar esperanças, mais e mais.

Que os meus sonhos emanem perfume de poesia e que uma canção seja a minha história de bênçãos!

As raízes da esperança fincam-se na minha alma, para não se perderem jamais. Cada passo dentro de mim é o caminho do meu reencontro e é nesse caminho que trilho a minha essência. A solidão me sussurra que breve surgirá o meu dia, claro e límpido e o meu espaço azul.

A vida me fita e Deus debruça-se nos meus sonhos e o ritmo do meu íntimo soa a favor.

Enquanto a vida corre, sinto-me vivo. O ar que respiro fala com as manhãs e o que existe é o apenas tudo, e mesmo mudo fico molhado de sentido.

Mas, quando hesito e sofro, as letras e o que eu compreendo se embaralham e os olhos pisam na lágrima. A natureza apalpa o curso dos meus prazeres e arranca de mim o sentir-me saci na solidão de perna só. O meu entusiasmo é o de busca, por que o maior naufrágio é não partir em busca.

Depois de tudo, um beijo divino torna o meu cenário luminoso e mágico.

O cheiro do mato inunda o meu nariz. A matemática do zero queda-se vencida.

Mosqueiro é a matemática do resultado, com essência de verão e ânsias de infância. E mesmo com idade avançada cavo um sol com coração de menino.

Faço da força a minha busca projetada e jogo fora as lembranças estúpidas e sem endereço.

Respiro domingos e feriados, enquanto um passarinho inquieto se mexe em algum galho.

Mosqueiro é o meu recanto e o meu retalho.

FONTE: http://otaciliomotamanuscrito.blogspot.com/2010/10/m-o-s-q-u-e-i-ro_29.html

O autor:

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Quem sou eu? Não sei mais. Como estou eu? Estou assim. De dia, penso nas minhas noites. De noite, fico deitado fitando o teto. E dentro de mim fica o nada, do tudo que eu quero. Minha angústia não me deixa livre, nem para eu aceitar a minha solidão. Já tive o conforto de um abraço, o calor de um corpo junto ao meu, e a bem-aventurada invasão da minha alma. Depois, ficou-me o silêncio e o segredo da dor de perder. Nem a luz me dá a sua sombra. Meu amor é o mesmo, A esperança é a mesma. Eu é que já não sou o mesmo. Meu coração se afoga no rio que fica às minhas margens. E o meu silêncio é melhor que as palavras. Durante horas, olho para dentro de mim e não me encontro. Depois, volto ao mundo real e reflito: Só serei nada, se me sentir menos. - Um dia, me virá um sol, Para iluminar a minha noite.

FONTE: http://www.blogger.com/profile/09034585917591260929

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

MEIO AMBIENTE: GIGANTE INVADE FEIRINHA

 

GIGANTE INVADE FEIRINHA

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Camarão de até 34 centímetros e 200 gramas atrai compradores na venda próxima à ponte de Mosqueiro.

Na infinidade de rios amazônicos, muita gente diz que já viu, coletou ou comeu o "maior camarão da região", mas nada que possa disputar com o crustáceo realmente graúdo vendido na entrada da ilha de Mosqueiro, na ponte sobre o Furo das Marinhas, em Belém. Quem passa nos finais de semana de julho pela PA-391, na direção das praias do distrito, chega a se assustar com o tamanho de alguns camarões vendidos na chamada "Feira da Ponte". É claro que eles são diferentes do camarão regional (Macrobrachium amazônico). São os chamados "Gigantes da Malásia" (Macrobrachium rosenbergii), espécie asiática facilmente encontrada na região e que chega a 34 centímetros de comprimento. As teses sobre a chegada dos crustáceos são várias, e partem de diferentes grupos - pesquisadores, pescadores e consumidores -, mas em um ponto há consenso: o gigante da Malásia, assim como o camarão regional, fica muito bem ao lado de uma tigela de açaí.

Na verdade, pequenos pontos de venda de camarão regional começam a aparecer desde o trevo de Mosqueiro, que liga a BR-316 à PA-391. Junto do camarão amazônico, sempre há um paneiro com algumas unidades ou dezenas dos malasianos. "As pessoas ficam abismadas. Tem gente que diz que é de brinquedo", diverte-se uma das vendedoras de camarão, Rosa Maria Teixeira, 40. Ao lado de sua cesta de camarão regional, vendidos a R$ 7 cada quilo, há sempre pelo menos três dezenas dos chamados gigantes, que custam R$ 8 e R$ 10 a unidade, do "médio e do grande", respectivamente.
Matapi não é o bastante para esse camarão. Projetada para o camarão regional, a armadilha ribeirinha só captura os menores malasianos, que não têm valor comercial. Para chegar ao asfalto, o crustáceo passa pela mão da população ribeirinha do Furo das Marinhas, que fornece diretamente para os trabalhadores da feira. "O pessoal que mora à beira do rio traz para mim. Cada vendedor aqui tem seu pescador exclusivo. Ele já pega o camarão e traz", conta Rosa, que trabalha há cinco anos com as vendas de camarão. Do outro lado da rodovia, há um bar, também pertencente à família. De lá mesmo os consumidores gritam por um camarão para tirar o gosto da cerveja.

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As aplicações gastronômicas do estrangeiro em terras paraenses são variadas. Ao lado do ponto de venda em Mosqueiro, contudo, ele é incorporado aos costumes regionais. "Lava bem lavado; põe o sal e limão a gosto. Deixa ferver. Aí ele vai ser cozido mais no vapor. Esse é o camarão no bafo. Pronto com açaí e como tira-gosto pra quem bebe", explica Rosa, segurando um dos gigantes, que pesa em média 200 gramas. Todo o preparo é feito na hora. Quanto maior a demanda, mais carvão no fogareiro. "Dá para comer assado também. Aí não tem que cozinhar, já vai direto para a churrasqueira. Só o filé", disse o vendedor Carlos Monteiro, de 16 anos.

Larvas de criadouro rompido se espalharam no furo das marinhas

Segundo os moradores, o malasiano está no Furo das Marinhas por conta de um falido empreendimento de criadouro do crustáceo. O tanque com as larvas do camarão teria estourado, despejando-os no rio. Daí, se adaptaram, cresceram e se fixaram. Tese que só poderá ser comprovada com um estudo científico. Para serem considerados adaptados, a população deve conter indivíduos jovens, adultos e fêmeas com ovos. Outra teoria é a de que os visitantes vieram de carona em navios, no meio da água de lastro - quantidade de água oceânica captada para dar estabilidade às embarcações.
Segundo William Teixeira, de 21 anos, irmão de Rosa, o "camarão da Malásia é predador, come os menores, come o camarão regional". Mas, "camarão que dorme a onda leva", incluindo camarão graúdo. "Esse malasiano troca de casca", contou o vendedor, apontando para um camarão com uma carapaça bem mole, indício de que acabara de trocar a casca. "Quando isso acontece, o siri vem e pega o grandão com aquelas garras".

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Segundo a bióloga da Universidade Federal do Pará (UFPA), Jussara Lemos, que faz parte do Laboratório de Biologia Pesqueira e Manejo de Recursos Aquáticos, a literatura sobre o malasiano diz que "ele se alimenta de insetos aquáticos, sementes e outros crustáceos". A possibilidade de ser abocanhado - ou ganchado - por um siri é real. "Todos os camarões trocam a casca, mas só é perceptível nos maiores. Ele realmente fica mais vulnerável". 
Por se alimentar de pequenos animais, é provável que o gigante esteja esmagando o regional. Apenas mais uma hipótese. As pesquisas realizadas na região se focaram em outros animais e não nos hábitos do malasiano. "Ele pode ser uma ameaça ao camarão regional. Precisamos saber como ele esta impactando as outras populações", disse a bióloga Jussara Lemos.

Fontes:

http://www.orm.com.br/amazoniajornal/interna/default.asp?modulo=222&codigo=600930

Imagem: José Carlos Silva Santos

http://lucasohana.wordpress.com/2011/06/20/visita-a-bucolica/

http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br

http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2012/10/gigante-invade-feirinha.html

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domingo, 21 de outubro de 2012

CANTANDO A ILH: A TROVA DA PONTE MINHA

Autor: Augusto Meira Filho

Mosqueiro, ponte e churrasco

Lá no Furo das Marinhas

Lembram vitórias minhas

Que o povo cedo esqueceu...

Ao lado do governante

Minha voz sempre constante

Lutando como um gigante

Nossa terra enriqueceu!

 

Quantas vezes, descuidada

A cidade adormecida

No silêncio protegida

Despertando a madrugada...

Embalado nos meus sonhos

Pioneiros da jornada

Venci caminhos medonhos

Com fé em Deus e mais nada!

 

Fiz do ardor da caminhada

Um poema de civismo

Destruindo o pessimismo

De uma gente desfibrada...

Em vinte anos, a estrada

Na metade, veio a ponte

Meu presente à namorada

Inspiração, amor e fonte!

 

Agora tudo são flores

Nos corações e nos olhos

Para quem venceu os abrolhos

Conquistando seus amores...

Paraense que tem fibra

Do nordeste o sangue forte

Luta e avança, não se libra

Vai à frente, vence a morte!

 

Resumindo nestes versos

Nas veredas da saudade

Meus anseios de menino

Sem mesmo nada temer...

Dou-me todo de verdade

Às manhãs da mocidade

Às sombras desta cidade

Que um dia me viu nascer!

 

                          Belém, 29/9/1975

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- p. 445.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

NA ROTA DA HISTÓRIA: NOTICIANDO A CONSTRUÇÃO DA PONTE.

“A Província do Pará” de 27-10-1968

DER DIZ QUE PONTE DO MOSQUEIRO SERÁ INICIADA EM PRINCÍPIO DE 1969.

A ponte que ligará Belém ao Mosqueiro, no “Furo das Marinhas”, vai ser construída por uma sociedade de economia mista que será organizada com recursos do Governo do Estado, DER-Pa, Prefeitura Municipal de Belém, DMER e da META, empresa que será transformada e servirá de base à referida sociedade. Esta informação foi prestada ontem pelo Diretor Geral do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, o engenheiro Alírio César de Oliveira, por ocasião da entrevista que concedeu à reportagem de “A Província do Pará”.

Informou ainda o Diretor Geral do DER-Pa que esta decisão foi tomada durante uma reunião realizada em dias da semana que findou, convocada pelo próprio Tenente-Coronel Alacid Nunes e realizada no Gabinete do Governador e que contou com a presença do Prefeito Stélio Maroja, Diretor Geral do DER-Pa, dos senhores Rodolpho Chermont e Otávio Pires, respectivamente presidente e diretor da META, e ainda do engenheiro Noronha Filho, do Escritório Noronha, do Estado da Guanabara, que efetuou os estudos preliminares da ponte.

Disse o engenheiro Alírio César de Oliveira que o resultado da reunião foi auspicioso, houve identidade de pontos de vista e na oportunidade ficou decidido que a diretoria da META será mantida à frente da sociedade de economia mista, com integral apoio e confiança do Governador do Estado e Prefeito Municipal de Belém, que fizeram questão de afirmar que não faziam nenhuma objeção e reconheciam a capacidade de seus elementos.

VELHA ASPIRAÇÃO

Prosseguindo, disse o Diretor do DER-Pa: “esta decisão veio ao encontro de velha aspiração do Governo do Estado e minha pessoalmente, que víamos na sociedade de economia mista o instrumento hábil para a construção da ponte do Mosqueiro. O Governo do Estado e o DER-Pa sempre estivemos interessados na construção da ponte tanto que várias tentativas foram feitas nesse sentido, sem entretanto lograrem o resultado esperado. Relembrou que grupos do Sul estiveram interessados no empreendimento, inclusive o eng. Sérgio Marques, que construiu a ponte de Estreito, e até um estrangeiro, que após procederem estudos, desistiram, por considerarem o projeto inviável por não oferecer rentabilidade porque empregariam grande capital que retornaria a longo prazo com a cobrança do pedágio durante 30 anos.

Por outro lado, fracassada a ideia da construção através de capitais privados, o Governo nada mais pôde fazer, porque não seria possível colaborar financeiramente com esses grupos, nem mesmo através do DER-Pa e não havia garantia de êxito para entregar o empreendimento a uma sociedade formada por subscrições populares. Finalmente, veio a Lei nº. 4.092, oriunda de um projeto aprovado na Assembleia Legislativa, que “autoriza fazer concessão de serviços para construção e exploração da ponte no Furo das Marinhas”.

Por essas razões – explicou o engenheiro Alírio César de Oliveira – o Edital tão esperado não foi publicado, mas agora com o resultado dessa proveitosa reunião, podem estar certos que a ponte do Furo das Marinhas será realidade dentro de três anos no máximo, e com os recursos disponíveis poderá ser aberta uma concorrência pública que poderá inclusive atrair grandes firmas do Sul e motivar as regionais.

RECURSOS E VANTAGENS

Revelou o Diretor Geral do DER-Pa que conforme ficou acertado na citada reunião, os recursos para a organização da sociedade de economia mista ser]ao conseguidos por subscrição pelo Governo do Estado, DER-Pa, Prefeitura Municipal de Belém e DMER, de verbas de 500 mil cruzeiros novos anualmente, além da cota da META e mencionou 1que a ENASA poderá também participar da entidade, e ressaltou a imprescindível participação do povo no empreendimento, sobretudo pela vantagem que terão os acionistas ou subscritores de não pagar o pedágio para atravessar a ponte e usufruindo dos dividendos nos lucros.

A construção da ponte será progressiva, isto é – primeiramente uma metade e depois a outra. Enquanto isso – afirmou o engenheiro Alírio César de Oliveira – o DER-Pa melhorará o serviço de balsas para a travessia e espera que até julho de 1969 esteja em funcionamento a segunda balsa motorizada, que terá capacidade para 24 veículos, que já foi projetada, devendo até o fim do ano corrente ser feita a necessária concorrência para sua construção. Entrando em funcionamento mais esta unidade, ficarão três balsas em uso, até a conclusão da construção da ponte.

Falou ainda o Diretor Geral do DER-Pa que está satisfeito com o resultado a que se chegou, com a participação do DER, que apenas tendo a seu encargo obras de prioridade e importância para o desenvolvimento socioeconômico do Estado, não poderia arcar sozinho com esse empreendimento, bastando citar a construção da rodovia “Augusto Meira Filho”, a PA-70 que ligará Marabá à rodovia Belém-Brasília e terá 220 quilômetros, sendo maior que a Belém-Bragança e custará 12 bilhões de cruzeiros, além da rodovia Santarém-Curuá-Uma, com 72 quilômetros, atualmente em fase de pavimentação e a ligação do Araguaia a São Félix do Xingu, numa zona de riquezas minerais e florescente pecuária, e ainda a PA-28, que ligará bacias de três rios ao norte do Estado.

Concluindo, disse o Dr. Alírio César de Oliveira: “com a criação da sociedade de economia mista, se fará a soma de esforços, que não prejudicará a ninguém e assim julgamos equacionado o problema da construção da ponte do Furo das Marinhas, que poderá ser iniciada no princípio do ano vindouro”.”.

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 487, 488 e 489.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

EVENTO POLÍTICO: ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA ILHA

 

As eleições municipais estão em sua derradeira fase. Em Belém do Pará, será eleito um prefeito que não representa o atual partido governista da esfera municipal. Ambos os candidatos concorrentes ao cargo têm larga experiência na vida política e prometem mudanças – para melhor, é claro – na vida dos munícipes. Sem dúvida, o resultado vai depender do “poder de convencimento” de cada um deles e, sobretudo, da vontade popular que será expressa nas urnas, no próximo dia 28.

E, na Ilha, entre os candidatos à Câmara Municipal que aqui residem e se propuseram a defender os interesses locais, foi a vontade popular que elegeu vereadores a Assistente Social Maria Eduarda Rocha Nascimento (Eduarda Louchard) e o Professor José Luís Elias de Almeida (Professor Elias), ambos do PPS.

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Vereadora Eduarda Louchard                 Vereador Professor Elias

Espera-se que, no mínimo, além do voto, possamos ter voz no Legislativo (o que não acontece há bastante tempo) para expressar nossas reivindicações e apresentar projetos que representem os anseios da população local.

Na Ilha, há muito para se discutir, planejar e realizar. E tudo dependerá da vontade política do novo prefeito, dos novos vereadores e, evidentemente, do povo de um modo geral.

Só para ter-se uma ideia da problemática atual do nosso Distrito, listamos aqui alguns pontos críticos e prioritários, os quais, no futuro, vão mostrar o retrato inconteste de uma boa ou má administração pública:

a) uma solução para o problema crônico do transporte urbano;

b) equipamentos para os Postos de Saúde e Hospital Municipal e melhoria no atendimento de urgência e emergência;

c) reforma em escolas e creches municipais e construção de novas unidades;

d) a implantação de uma escola técnico-profissionalizante de nível pós-médio;

e) a limpeza e conservação dos logradouros públicos;

f) uma solução definitiva para o problema do lixo doméstico e dos entulhos jogados nas ruas;

g) recuperação de calçadas, valetas de meio-fio e sinalização de trânsito;

h) reativação do projeto de esgotamento sanitário, que custou milhões aos cofres públicos e está esquecido e enterrado nas ruas do Mosqueiro;

i) a implantação de projetos de saneamento básico onde não houver;

j) a preservação e conservação do patrimônio histórico da Ilha;

k) a sinalização dos pontos históricos e atrativos turísticos;

l) o projeto de transformação do Distrito em polo turístico;

m) a conclusão da Biblioteca Municipal e da Casa da Cultura;

n) a ocupação ordenada das terras da Ilha, segundo o Código Florestal e o Código de Posturas;

o) constantes campanhas de educação ambiental para moradores e visitantes;

p) melhorias na segurança da Ilha, com fiscalização efetiva em suas vias de acesso e a criação da guarda florestal e policiamento fluvial;

q) apoio e assistência às pessoas que têm necessidades especiais e às instituições que se dedicam à recuperação de drogados.

Além de tudo isso, os projetos sociais e culturais específicos devem ser mantidos e ampliados, visando, principalmente, à participação das crianças, dos jovens e dos idosos.

Outro ponto de suma importância – geralmente esquecido pela administração pública – é a conservação e conclusão das obras realizadas pelos governos anteriores. Esse esquecimento, além de ser prejudicial ao povo e aos cofres públicos, revela que o administrador não tem visão futurista e desconhece que o progresso é o resultado da soma das realizações de sucesso ao longo do tempo.

FONTES:

http://www.eleicoes2012.info/eduarda-louchard/

http://www.eleicoes2012.info/prof-elias-pps-23423/

PARA SABER MAIS SOBRE VEREADORES ELEITOS ACESSE:

http://mosqueirense.blogspot.com.br/2012/10/eduarda-louchard-e-eleita-em-mosqueiro.html#comment-form

terça-feira, 16 de outubro de 2012

JANELAS DO TEMPO: AVÓ ALVINA É SUCURIJUQUARA.

Autor: Azuir Filho

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Obra para exaltar a Poderosa Fé e ação da Avó Alvina de Sucurijuquara, que foi, entre as antigas, famosa Rezadeira e Parteira da Ilha de Mosqueiro, em Belém do Pará. Morava nessa região, com seu povo mais carente e desassistido, onde tinha uma Capela de São Francisco de Assis, e fazia Festas e Círio no dia 4 de Outubro, deste Santo Querido, que, como ela, era tão humilde e Humano. Vó Alvina era devota de Cristo e Maria, nas suas manifestações como Imaculada Conceição, Nossa Senhora do Ó e Nossa Senhora de Nazaré. Era uma Mulher boníssima que falava com sabedoria e encantamento, que inspirava confiança e tranquilidade. Na sua presença, a gente sentia uma atmosfera de fascinação e respeitabilidade, por causa da sua natureza de fazer a diferença no trato de tudo com amor e respeito. Ela ressaltava que gente tem de ser tratada com amor, pois cada um é um irmão querido. Nunca se atribuiu poderes prodigiosos e, sim, procedimentos que já faziam os seus antigos.

AVÓ ALVINA É SUCURIJUQUARA

 

Ela é uma joia tão linda, um cometa brilhante no Céu.
Da beleza mais infinda, passar fé e luz era o seu papel.
Como estrela matutina, que traz o bem mais lisonjeiro.
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Abençoou a cada irmão, pra de fome e miséria afastar.
Pra buscarem a imensidão, pra no estudo se preparar.
Tem sua abençoada sina, e Bom Jesus de Companheiro.
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Ela ensinava Humildade, capricho, empenho e oração.
O agigantar da dignidade, para partir para a decisão.
Nos instruiu e sempre ensina, pro amor ser verdadeiro.
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Cuidava da nossa gente, não marcar passo ou desviar.
Não ser falso ou indolente, pra ir em frente a caminhar.
Um tesouro, uma mina, e tinha o valor mais altaneiro.
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Bom é comprometimento, convicção de fazer o realizar.
Motivação e desprendimento, pra tudo vencer e elevar.
Professora que nos atina, pro comportamento ordeiro.
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Foi exemplo todo tempo, nunca e por nada se vender.
Poderosa no ensinamento, preparava para o merecer.
Jesus Cristo a sua Doutrina, Santa Maria o seu Luzeiro.
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Era do amor mais profundo, e rezava fazendo canção.
Ela pedia por todo mundo, maravilhosa na sua oração.
Da sabedoria mais cristalina, do Nazareno Marceneiro.
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Benfeitora da Comunidade, onde estivesse fazia ajudar.
Advogada na Eternidade, não perder momento a passar.
Com a sua prece tão Divina, de amor ao Povo Brasileiro
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Jovem Alvina forte e bela, foi voluntária no amamentar.
Com São Francisco na Capela, toda vida a lhe iluminar.
Uma representante Celestina, pra se ofertar por inteiro.
Sucurijuquara é Alvina, Santa Avó do meu Mosqueiro.

Poesia de Homenagem à Venerável Avó Alvina de Sucurijuquara em Mosqueiro: Admirável Mulher

Azuir, Oceanira Conceição e Turmas: do Social da Unicamp e de Amigos de Mosqueiro, Belém PA e Rocha Miranda RJ.

FONTE:
http://www.overmundo.com.br/banco/avo-alvina-e-sucurijuquara-mosqueiro-belem-para

O autor:

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Azuir Tavares Ferreira Filho:Sou Técnico em Telefonia, (Implantação de centrais telefônicas por todo o Brasil), Professor, aposentado da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), 65 anos. Faço Poesia com Temas do Social.

Sou o Azuir, filho do Sr Azuir e da Dona Marina, do São Sebastião, do Ginásio Nossa Senhora da Paz. Sou o Azuir de Rocha Miranda, do GUEs e da TELEFONIA. Sou o Azuir Amigo, do SENAI, da CTB - TELERJ, da SESA, da Unicamp, da PUCC, do Pimenta Neves, e do COTUCA de Campinas.
O Azuir da CIPA e do Conselho da Universidade, e que Ama Trabalhos de Comunidade”.

FONTE: https://plus.google.com/116090350048808845509/about

domingo, 14 de outubro de 2012

EVENTO RELIGIOSO: CÍRIO DE NAZARÉ 2012

Pará, rio-mar seguindo pro mar,

bem ali.

Ao lado, rio de gente,

mar de gente

buscando a nascente,

nascente de Fé:

Nazaré!

Águas que se avolumam

na mistura das raças

e dos credos

e das classes sociais.

Ondas de vida

buscando a Vida,

adentrando a terra das mangueiras.

É o Círio!

                                      (C.S.Wanzeller)

 

Carimbó do Círio de Nazaré

Pela graça de Deus, do seu Santo Espírito e tocados pelo exemplo de Maria fomos inspirados a compor esta música.

Ao ritmo da terra, o carimbó, o vídeo transmite a cultura e alegria do povo, junto à emoção e fé vivida no Círio de Nazaré.

Com o Círio de Nazaré, "queremos ver Jesus através de Maria", e juntos, no aperto, somos de fato abraçados por Ele.

“O aperto do povo é o abraço de Deus” (Pe. Thimóteo de Oliveira).

Letra e Música do grupo católico: Arnaud e Graça.

Interpretação e Arranjo do cantor católico: Mário Lobato.

FONTE: http://www.youtube.com/watch?v=9v4bDDg81HU

sábado, 13 de outubro de 2012

MEIO AMBIENTE: INVENTÁRIO DE ODONATA IMATURO DA ILHA DE MOSQUEIRO, BELÉM, PARÁ.

XIV Seminário de Iniciação Científica Ciência e Tecnologia no Contexto Amazônico

Oportunidades para Geração de Conhecimento e Formação de Recursos Humanos

Julia Daniela Braga Pereira

Orientador: Dr. Bento Melo Mascarenhas

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Ordem Odonata é uma das ordens de insetos mais antigas encontradas no planeta, habitando-o desde a época do Carbonífero Superior. São amplamente distribuídas na região neotropical, com aproximadamente 640 espécies registradas no Brasil e cerca de 5.300 espécies no mundo. Seus representantes são facilmente identificáveis, pois se distinguem dos demais insetos por possuírem dois pares de asas fortemente inervadas, aparelho bucal mastigador e olhos compostos bem desenvolvidos. Este trabalho teve como objetivos o levantamento e identificação das espécies de odonatas, tendo em vista o grande potencial da ordem como controladores biológicos naturais por serem predadores vorazes e ativos durante toda vida, principalmente no estágio imaturo.

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As coletas foram realizadas na Ilha de Mosqueiro em dois pontos distintos: Praia da Baía do Sol e Praia do Ariramba, que foram escolhidos por serem áreas potencialmente propícias para a obtenção dos espécimes. Os resultados obtidos até o momento registraram a ocorrência de três famílias na ilha: Aeshnidae, Coenagrionidae e Libellulidae. Na família Aeshnidaeoi identificado Anatya sp.,na família Libellulidae  identificou-se os gêneros Erythrodiplax sp., Tramea sp., Tauriphila sp. e Coryphaeschna   sp. e na família Coenagrionidae o gênero Ischnura sp. O trabalho continua em andamento e os dados obtidos até o momento não são conclusivos, entretanto, os espécimes imaturos de Odonata criados em laboratório demonstraram exercer função de controladores biológicos.

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Fonte:

LIVRO DE RESUMOS 2006

www.museu-goeldi.br/pesquisa/pibic/resumos_pibic2006.pdf

Imagens:

http://www.google.com.br

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FONTE: http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2012/09/inventario-de-odonata-imaturo-da-ilha.html

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

CANTANDO A ILHA: MOSQUEIRO

Autor: Rogério Portela

Magnífico glamour e opíparo frescor
Odor que deriva das flores
Semente que brota alegria, fascina
Querida, adorada, fadada a saciar
Uma delícia, o hino do coração do amor
Esperança que ilumina a vida, alucina
Inspiradora, o lume dos olhos do mar
Resplandecente como o sol do amanhecer
O alimento que vigora o verão do prazer.

O autor:

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“Paraense de Belém-Pa e mosqueirense apaixonado. Arrisquei-me na literatura em 2004 escrevendo alguns sonetos (que me levaram a vencer concursos). "Ninfa cabocla" intitula o meu primeiro livro. Adoro jornalismo e não vivo sem internet, só que, atualmente, estou num novo projeto, que é escrever romances policiais. "Obsessão" e "Liberdade condicional" são meus mais novos trabalhos e serão publicados em breve.”

FONTE:http://rogeriomportela.blogspot.com.br/search?updated-max=2010-10-18T09:18:00-07:00&max-results=7

terça-feira, 9 de outubro de 2012

NA ROTA DA HISTÓRIA: E A PONTE FOI LANÇADA!

Autor: Augusto Meira Filho

Estávamos na Ilha do Mosqueiro, gozando o doce período das férias do mês de julho, em 1967, quando no domingo, dia 23, nos visita em nosso “Diamante”, o colega Engº. Octávio Bittencourt Pires. Era de manhã, aí pelas dez horas, quando sentamos à sombra dos nossos bambus, para um drinque. Octávio conversou muito sobre o sucesso da estrada, a situação das balsas e o desespero de quantos encontrara cedo, presos ao transporte fluvial no Tauarié.

O colega trazia um rolo de plantas e alguns papéis, que, vez por outra, colocava encostados às tabocas do quintal.

Depois de exaltar muito a obra da rodovia, comentando seus percalços e suas dificuldades, falou-nos com franqueza:

-- Companheiro! Essa travessia não pode continuar assim como está. Urge uma providência para que se pense, desde já, na possibilidade da construção da ponte sobre o Canal das Marinhas. O que vi, hoje, é de estarrecer. Um mundo de carros de todas as espécies aguardando, amargamente, a hora de atravessar.

A grita é enorme, contra tudo e contra todos. Milagre ninguém poderá fazer para atender a tantas viaturas, ao mesmo tempo. O serviço das balsas está cumprindo seu programa. Há limite na lotação das balsas e a maré baixa mais retarda a travessia. Aquilo está um inferno. Só vendo. Então?

Ouvimos o companheiro com paciência e respondemos calculadamente:

-- Meu caro, sabemos de tudo isso. Nós, dando exemplo, ficamos na espera até chegar nossa vez. Guilhon era pior. Pagava a passagem, normalmente, sem levar em conta sua posição de Governador. O problema é assim mesmo. As balsas vão saturar brevemente. Nessa altura, alguém de boa vontade deverá tomar a frente desta nova guerra. Nós já fizemos a nossa. Vinte anos no campo de batalha nos deram experiência bastante para, agora, ficarmos na plateia assistindo ao rufar dos tambores e aplaudir os vencedores. É nosso pensamento não mais interferir em qualquer coisa que se prenda às obras da ponte. Você não viu o prêmio que nos conferiram? Somos os donos de todas estas terras da estrada e, assim, para o grande público, abrimos a rodovia pelo caminho que está só para tirar proveito. Nós, os de nossa família e amigos! Então?

Pires concordou com as nossas observações e esclareceu:

-- Acredite você que a quantos falo nessa ponte todos indagam se está no meio da nova investida o colega e amigo, baluarte e pioneiro na construção da estrada. Todos confiam. Querem a ponte com sua colaboração à frente. Afinal você completaria sua obra. E não há nada de mal nessa hipótese. Que me diz?

-- Está dito, meu caro. Nossa contribuição para o Mosqueiro está concluída e sacramentada. Estamos afastados dessa segunda etapa. Não concorda?

Pires insistia no caso e, sentindo perder o terreno, recorreu para os desenhos. Abriu uma planta enorme e falou:

-- Isso aqui é um estudo prévio para a futura ponte que resolvi pedir ao Noronha – o escritório que calculou o Maracanã – sem qualquer compromisso. Já a mostrei a vários interessados e a acolhida tem sido ótima. Mas todo mundo quer ver você metido nisso...

Agradecemos aquela simpatia e apreço, mas não podíamos fugir de nossa decisão anterior. A obra da ponte deveria ficar em outras mãos.

Contudo, o colega insistia para que nós tomássemos conhecimento do projeto-estudo da firma Noronha, para sentirmos melhor as condições da obra e suas possibilidades. O escritório do Rio punha-se à disposição para apresentar um anteprojeto da obra, com alguns detalhes próprios, sem qualquer despesa. Apenas uma tomada de posição em face do problema.

A isso não nos opusemos.

Os desenhos previam o vão a vencer, as distâncias prováveis de pilares e seu dimensionamento. Um cálculo aproximado, àquela altura, fixava cerca de dez a doze milhões de cruzeiros, na dependência de orçamentos posteriores e do detalhamento da construção. Tratava-se, em verdade, de um pequeno estudo da pretendida ponte sobre o Canal das Marinhas. Raciocinamos em termos de uma Sociedade especificamente criada para esse fim, a qual seriam atribuídas as responsabilidades desse empreendimento.

A empreitada, agora, como antes, era temerosa. Meter-nos, outra vez, em um movimento que, por certo, iria culminar com as mesmas características da trabalhosa rodovia: uma realização oficial sem o reconhecimento público a quem realmente iria comandar esse novo conflito, conflito de ideias e de interesses sub-reptícios e indesejáveis. A experiência rodoviária revelava, a todo instante, a nossa dúvida, o nosso desejo de colaborar, mesmo que a contragosto.

Finalmente, após o diálogo histórico, aceitaríamos participar da campanha destinada a realizar a construção da ponte para o Mosqueiro, sobre o Canal das Marinhas.

Combinamos com Octávio Pires uma reunião de “amigos do Mosqueiro” naquela mesma tarde e no mesmo local. Antes do meio-dia, procuraríamos vários companheiros mosqueirenses e seriam todos convidados a participar do encontro vespertino para aquele fim específico.

Recordamos que, já pela tarde, sob uma chuva fina e renitente, conversávamos com os amigos e vizinhos Lauro Brandão e seu filho, o colega Ives, sobre o acontecimento daquele dia.

Nesse domingo, dia 23 de julho de 1967, decidiu-se a organização de uma empresa particular que iria chefiar a nova luta para a construção da ponte do Mosqueiro.

Indicamos, na ocasião, Rodolfo Chermont para seu Presidente; Luiz Vitório Bisi, para seu Vice-Presidente; Edmundo Moura, para seu Diretor Financeiro; Expedito Fernandes, para Diretor Secretário. Coube-nos a direção técnica e, para o Engº. Raul Rodrigues Pereira, a Assessoria Técnica da primeira Diretoria.

Em reuniões subsequentes, adotaríamos o nome de “Mosqueiro Empreendimentos e Turismo S/A” com a sigla M.E.T.A. para a novel instituição que teria o encargo de construir a Ponte Belém-Mosqueiro, no Tauarié.

Nesse mesmo dia histórico, à noite, o “Netuno Iate Clube” iria eleger a Miss Veraneio do Mosqueiro, de 1967 com a presença de Miss Pará – Sonia Ohana a quem fizemos “madrinha” do empreendimento, lançando-o publicamente, naquela bela festa da sociedade paraense, ali presente, prestigiando o acontecimento.

Para a criação inicial da M.E.T.A., tivemos muitos colaboradores e que ficaram como instituidores do empreendimento. Foram eles, os companheiros: Octávio Pires, Angenor Penna de Carvalho, Luiz Vitório Bisi, Teófilo Conduru, Fernando Guilhon, Dias Ferreira, Expedito Fernandes, Rodolfo Chermont, Wady Chamié, Arnaldo Morais Filho, Octávio Mendonça, Horácio Coelho, Roberto Jares, Domingos Silva, Benedito Mutram, Acácio Sobral, Cécil Meira, Giórgio Falângola, Rui Meira, Rainero Maroja, Arruda Câmara, Rui Coral, Manoel Pereira dos Santos, Nilo Franco, Fernando Velasco, Adelino Simão, Luiz Lima, Radir Amaral, Lauro Brandão, Celso Malcher, Carlos Mendonça, Ajax Carvalho de Oliveira, Argemiro Tobias, Feliciano Santos, Raul Rodrigues Pereira, Octávio Meira, Pedro Direito Álvares, Joaquim Bastos e muitos outros.

Nos estudos iniciais para a ponte, já estavam previstos dois sistemas 0de concreto protendido: o Freysinet, mundialmente conhecido e, mais tarde, seria parcialmente incluído o sistema Lozinger, de origem belga. O primeiro era francês.

A sociedade precisava, então, instalar-se e organizar-se definitivamente, para o lançamento de uma sociedade anônima local e privada, destinada exclusivamente a dar vida à M.E.T.A., em bases ainda informais para sua definição pública.

Isso provocou uma reunião convocada pela M.E.T.A., provisória, para um encontro de todos os mosqueirenses instituidores da empresa, nos salões da Assembleia Paraense, gentilmente cedida para esse fim.”

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 249, 250, 251 e 252.

sábado, 6 de outubro de 2012

MEIO AMBIENTE: DESMATAMENTO: NOSSO PROBLEMA COMUM

 

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O desmatamento planetário é um dos principais problemas ambientais de nosso tempo e tema de estudos, debates e soluções propostas no alcance do desenvolvimento sustentável.

Assim, tanto na Rio + 20 como na Cúpula dos Povos, soluções serão apontadas na superação da perda da cobertura vegetal nas áreas rurais e nos ambientes urbanos.

O desmatamento e as mudanças no uso da terra, como resultado das atividades humanas na Amazônia e na bacia do Prata, aumentaram rapidamente nas recentes décadas e há evidências de que estas ações modificam as características termodinâmicas da baixa atmosfera.  Estas mudanças são o resultado de complexas interações entre o clima, hidrologia, vegetação e o gerenciamento dos recursos água e terra.

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Desmatamento na Amazônia, acritica.uol.com.br

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através do mapeamento e do cálculo da taxa de desmatamento na Amazônia Legal para o período agosto/2010 a julho/2011, está computando o valor de 6.418 km2 a área de desmatamento. Esse valor representa a menor taxa de desmatamento registrada na Amazônia Legal desde que o INPE começou a medi-la, em 1988. Em abril de 2012, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou 71 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representou uma diminuição de 76% em relação a abril de 2011, quando o desmatamento somou 298,3 quilômetros quadrados.

Por outro lado, segundo estudos técnicos, as principais capitais da região (Belém e Manaus) continuam a perder áreas verdes. Segundo o IBGE (2012) em Belém, somente 22,4% das moradias têm árvores por perto.

Através de seu programa de monitoramento o IMAZON declarou que até 1986 foram desmatados 597,5 quilômetros quadrados de floresta da Grande Belém, o que representava 50% da área terrestre (1.186 quilômetros quadrados). No processo de redução da cobertura vegetal, a área de floresta na Grande Belém sofreu uma pequena redução entre 2001 e 2006. Em 2001 eram 388 quilômetros quadrados (33%), enquanto em 2006 esse número caiu para 369 quilômetros quadrados (31%).

Em Belém (4,5 Km 2) e Ananindeua (2,6 Km 2), as maiores áreas desmatadas ocorreram nas ilhas e nas na áreas destinadas a loteamentos urbanos.

No estudo realizado em 2010 pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT), “A importância dos fragmentos urbanos para a conservação da flora e fauna da grande Belém no Estado do Pará”, os resultados revelaram que a proporção do desflorestamento dos municípios que compõem a Grande Belém varia de 51% em Belém a 67.2% em Benevides. Todos os municípios têm elevado grau de uso e ocupação, que segundo a pesquisa é resultado da falta de planejamento urbano e rural ao longo do tempo. Ao analisar separadamente a Belém continental e as ilhas a pesquisa constatou-se que o desflorestamento na Belém continental é de 87,5%, enquanto na parte insular do município o desflorestamento corresponde a 32,6%.

Desmatamento na Ilha de Mosqueiro

Em 2006, o IMAZON revelou que o desmatamento já atingia 50% da APA (Área de Proteção Ambiental) de Belém até o ano de 2006. No caso do Parque Ambiental de Belém, o desmatamento alcançou cerca de 34% da área. A APA do Combu perdeu cerca de 3% de sua floresta original, enquanto no Parque Ecológico do Mosqueiro o desmatamento somou 21%. Por sua vez, o Parque Ecológico de Belém (Médici) perdeu 45% de suas florestas originais.

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Áreas de desmatamento com destaque para o Parque Ambiental do Mosqueiro, IMAZON, 2006.

 Através de técnicas de geoprocessamento em estudos ambientais visando à realização de análise ambiental observa-se a expansão da perda da cobertura vegetal, definindo assim um dos graves problemas ambientais na Ilha de Mosqueiro, distrito de Belém.

Na década de 80 já se delineia em algumas áreas, conforme Imagem trabalhada em aerofotogrametria, a antropização local, sobretudo com a urbanização e com o uso de recursos naturais como madeira e extração de materiais minerais.

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Imagem Aerofogramétrica,1986.

Até os primeiros anos da década de 90 estudos mostraram ainda forte presença de floresta primária na ilha, porém “...  Isso explica-se pelo fato que estas áreas estão em grande parte distantes das regiões noroeste e norte da ilha, as quais vêm sofrendo tradicionalmente as maiores pressões de ocupação, em virtude de concentrarem a Vila do Mosqueiro e, sobretudo, as praias". A partir desse período tem-se ampliado o desmatamento no espaço ilhéu.

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 Imagem de satélite definindo as áreas de uso do solo na Ilha, 1995.

Através da imagem abaixo, obtida através do Satélite Lansat 7/ETM, observa-se que, após 19 anos, o processo de ocupação e uso do espaço em questão se aprofunda, agora sob a pressão das ocupações desordenadas com desmatamento de parcela da cobertura vegetal da ilha. Este processo amplia-se com a abertura de mais áreas para extração de matérias minerais para a construção civil.

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Imagem 03 - Satélite Landsat 7/ETM www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br/2004

Com uso de imagem do Programa Google Earth (2010), observa-se a área de extração de material mineral se ampliando, trazendo pesados passivos ambientais para o meio ambiente local, que precisará, urgentemente, de ações mitigadoras (corretivas) nas áreas degradadas.

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  Área degradada por ação de curvão. earth.google.com/intl/pt/ - 2010

A AMB (Área Metropolitana de Belém) contém consideráveis frações da biodiversidade. Os fragmentos florestais podem ser considerados como “ilhas de biodiversidade”, pois são os únicos lugares onde ainda se podem conseguir informações biológicas necessárias para a restauração da paisagem fragmentada e a conservação de ecossistemas ameaçados na região.

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Imazon.com

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

www.imazon.org.br/.../110118belemsustentavelfloresta_urbana-pdf

Técnicas de Geoprocessamento em Estudos Ambientais/ Thiago Augusto Domingos, Ewerton de Oliveira Pires. - São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

Princípios de Sensoriamento Remoto, disponível em

www.ptr.poli.usp.br/.../Principios_de_Sensoriamento_Remoto.pdf. Acesso: 13/10/2010.


CONAMA. Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente Nº 01, de 18 de junho de 1986. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 1986.

FURTADO, Ana Maria Medeiro e JUNIOR, Oscar Costa e Silva. IMPACTOS AMBIENTAIS DO DESMATAMENTO E EXPANSÃO. URBANA NA ILHA DO MOSQUEIRO (BELÉM – PARÁ – BRASIL), Universidade Federal do Pará, 2009.

VENTURIERI, A. Avaliação da Dinâmica da Paisagem da Ilha do Mosqueiro, Município de Belém, Pará. Anais IX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Santos, Brasil, 11-18 setembro 1998, INPE, p. 247-256. Disponível em:

www.marte.dpi.inpe.br/col/sid.inpe.br/deise/1999/02.08.../4_69o.pdf.Acesso:04/12/2010.

acritica.uol.com.br

EcoDebate

Posted 14th June by Pedrosleao@yahoo.com.br

FONTE: http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2012/06/desmatamento-nosso-problema-comum.html

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A IMAGEM E O TEMPO: UMA VISITA ILUSTRE

 

Quase quarenta e sete anos atrás, em 12 de dezembro de 1965, no dia do Círio de Nossa Senhora do Ó, o Pe. Nazareno Menezes Moreira, vigário do Mosqueiro, teve a honra de receber, em sua primeira visita à Ilha, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, a qual, também pela primeira vez, deixara o seu nicho, no Colégio Gentil Bittencourt, para abençoar a Rodovia Augusto Meira Filho e os fiéis devotos de uma comunidade distante. Conduzida pelas mãos de Monsenhor Leal nessa viagem histórica e recebida com carinho e extrema emoção pelo povo mosqueirense, a Imagem da Virgem participou do Círio, em seu trajeto do Chapéu Virado à Vila, permanecendo na Igreja Matriz durante quinze dias, na mais longa visita à nossa Ilha.

Ontem e hoje, mais uma vez a Imagem Peregrina esteve entre nós, sendo acolhida e venerada pelos católicos mosqueirenses das Paróquias de Nossa Senhora do Ó e Nossa Senhora da Conceição. Durante a manhã, visitou a Agência Distrital do Mosqueiro, o Hospital e o Colégio das Irmãs, onde recebeu bonita homenagem de alunos e funcionários. A Virgem de Nazaré, no dia 14, estará recebendo a oração e a súplica de milhões de devotos, na maior e mais emocionante manifestação de fé do povo brasileiro: o Círio, o Natal dos Paraenses! Venha, participe e sinta o renascer da Esperança!

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Uma homenagem do poeta e compositor Edinaldo Lobato:

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

CURIOSIDADES: VESTÍGIOS DO PASSADO EM MARAÚ

 

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Populações indígenas do passado deixaram marcas, que podem ser vistas durante a maré baixa, sobre blocos de rocha nas areias da Praia de Maraú, na Ilha de Mosqueiro, Belém, Pará. Os arqueólogos denominam esses vestígios de polidores e afiadores fixos, que são constituídos por sulcos e depressões resultantes do processo de confecção de objetos de pedra polida, tais como lâminas de machado. Em geral, são encontrados em afloramentos rochosos próximos a cursos d’água onde há disponibilidade de areia, que era utilizada como abrasivo no processo de polimento. Além disso, podem ter sido aproveitados como moedores de grãos e sementes. No Brasil os estudos sobre os polidores e afiadores são raros e tratam de sítios arqueológicos localizados, principalmente, no litoral sul e sudeste.

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O sítio arqueológico de Marahu constitui-se no primeiro registro de polidores e afiadores do litoral amazônico brasileiro, portanto, os dados provenientes de seu estudo contribuirão para o entendimento da ocupação humana em ilhas da Amazônia. Convém mencionar que o patrimônio arqueológico é protegido pela Lei Federal nº 3924/61 e sua destruição é considerada crime. Denuncie qualquer ameaça aos sítios arqueológicos da sua região ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN pelo telefone (91)3224-1825 e 3224-0699 (www.iphan.gov.br). Preserve a história da Amazônia!

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Texto: Maura Imazio da Silveira (doutora em arqueologia, MPEG/CNPq), Márcia Bezerra (doutora em arqueologia, UFPA/CNPq), Elisangela Regina de Oliveira (mestre em arqueologia e bolsista do MPEG/CNPq) e Fernando L. Tavares Marques (doutor em arqueologia, MPEG)

Fonte:

http://pt.scribd.com/doc/80020984/Polidores-Marau-Curiosidade-Amazonia-2-Liberal-abril-10

Imagens:

http://leitorerrantegilcez.blogspot.com.br/2010/06/formacao-eco-museu-2010-parte-ii.html

Posted 4 weeks ago by Pedrosleao@yahoo.com.br

FONTE: http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2012/09/vestigios-do-passado-em-marau.html

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

JANELAS DO TEMPO: HOMENAGEM À DONA NOÊMIA

Dona Noêmia da Silva Pereira, durante a sua vida, teve uma participação destacada nas manifestações folclóricas de nossa terra. Hoje, descansa em paz no Cemitério de Santa Maria, em Carananduba, na Ilha do Mosqueiro. Alguns dias após o falecimento da veneranda senhora, em 2008, o grande poeta João de Jesus Paes Loureiro, que a conhecia e admirava, prestou-lhe esta merecida homenagem:

PRANTO POR DONA NOÊMIA

Autor: Paes Loureiro

Quem era essa mulher
feita de rendas
pele noturna felina e querubínica,
aureolada pela lua de sua poesia?

Quem era essa mulher
de sonho e osso
de alma musical e terno canto
com o fervor da bondade em seu olhar?

Quem era essa mulher
feita de carne
na esculpida matéria da cor negra
e rios indígenas correndo em suas veias?

Essa mulher nascida na Ilha do Mosqueiro,
servente aposentada de escola municipal,
mãe de muitos filhos,
mulher a carregar na vida
o esposo paraplégico
invertendo a versão do amor Tambatajá.
Essa mulher
que não cansava de andar a cada dia
na busca desse pão de cada dia
em dias e mais dias e mais dias.

Essa mulher tem um nome,
Noêmia da Silva Pereira,
matriarca da cultura junina do Pará,
que fez da vida o sacrifício de tornar
mais leve pela arte a vida também dura,
das criancinhas, dos humildes e excluídos.
Essa mulher de quem talvez ninguém se lembre,
que não foi consagrada pelo andor da mídia
que não foi coroada de manchetes
que não recomendou políticos ao voto
que não fez propaganda de produtos
que nem sequer desfilou portando modas
que não era reconhecida, anônima, nas ruas
que nem sequer tem um túmulo decente
em que possa repousar também na eternidade.

É a grande autora, encenadora, musicista
de Pássaros Juninos, Bumbás e Pastorinhas
com jovens e crianças no Pará.
Que veio ungida por deuses e caruanas
para arrancar a luz do solo em que pisasse,
para espalhar luar em noite escura.

Noêmia, certamente, um dia foi beber
na fonte da juventude revelada por Virgílio…
No campo das ideias
era mais nova que todos os mais novos.
Ela foi, dentro de si, sempre menina
com a adolescência que a arte propicia
aos que têm na poesia o seu secreto ser.

Vida, vida, vida…
Por que só tu tens o metro
de medir a tua medida?
Essa mulher, eu sinto, há de ser mais do que tu.
Pois sua medida é maior que tua medida
e sua medida com morte não se mede.
É vida a se medir sempre com vida.

Noêmia.
                  Este poema,
rosa de luto que tomba em tua tumba.
Não há como dizer que não te foste.
E tu te foste, é certo, discreta, ao teu estilo,
Voaste alada e leve nas encantarias
para o terreiro junino das estrelas…

O autor:

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João de Jesus Paes Loureiro é poeta, prosador e ensaísta. Professor de Estética e Arte, doutorou-se em Sociologia da Cultura na Sorbonne, em Paris, com a tese Cultura Amazônica: uma poética do imaginário. Sua obra poética tem sua universalidade construída a partir de signos do mundo amazônico – cultura, história, imaginário – propiciando uma cosmovisão e particular leitura do mundo contemporâneo. Dialogando com as principais fontes e correntes literárias da atualidade, Paes Loureiro realiza uma obra original, quase uma suma poética de compreensão sensível do mundo por meio das fontes amazônicas, em que o mito se revela como metáfora do real.

FONTE: http://paesloureiro.wordpress.com/category/geral/

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

JANELAS DO TEMPO: MACEDÃO E OS VELHOS TEMPOS DO ARIRAMBA

Autor: Augusto Meira Filho

No “Retiro IBI” de sua propriedade, adquirido de um velho lusitano precursor no lugar, o ilustre e caridoso médico Dr. José Mariano Cavaleiro de Macedo fez a sua segunda tenda de vida e de trabalho. Mosqueirense de “quatro costados” amava sua ilha e deixava-se ficar encantado no seu Ariramba, sem perder qualquer fim-de-semana e algumas folgas, quando seus trabalhos em Belém no Instituto Médico Legal e em outras atividades profissionais o permitiam. Na sua vivenda altaneira, de porão alto, em madeira de lei, o Macedão – nome decorrente de seu corpanzil – pontificava entre os nativos, ajudando-os de todas as formas e fixara em sua casa o centro social do bairro. Amava aquele Ariramba como ninguém. Freguês do Antônio no Ponto Certo e do João Vicente Lima (O Manteiga) próximo ao seu IBI, Macedão reunia aos sábados e domingos a fina flor da elite arirambense e outros convidados de lugares mais distantes.

Ficara famoso pela excelência do “aperitivo” que sabia preparar com maestria, dando-se ao luxo, muitas vezes, de exigir frutas especiais para uma aguardente de primeira ordem que recebia em botijões de amigos e clientes. Uma personalidade curiosa do eminente médico e a do mosqueirense simples, amigo da gente humilde do Mosqueiro, prestativo e generoso, dando de tudo de si para atender qualquer caso, mesmo nos pontos mais distantes, no Carananduba, no São Francisco, no Sucurijuquara, na Baía do Sol. Ele porfiava com Oswaldo Medrado nessa caridade coletiva prestada aos habitantes da Ilha naquelas lonjuras da Vila propriamente dita.

Grupos e mais grupos se formavam em sua casa, no barranco fronteiro, na praia para desfrutarem do ambiente feliz que reinava em torno do Macedão, saboreando o mais notável aperitivo do bairro. Juntavam-se ali, prazerosamente, os Fontes, os Azevedo, os Bisi, os Andrade, os Santos, os Costa, os Machado, os Bentes, os Leite. Famílias inteiras, tradicionais, do “bairro alto” comungavam da festa que culminava numa alegria coletiva, secando bojões e bojões do aperitivo sortido e delicioso do grande Macedão. O Ariramba, realmente, reunia clãs antigos e respeitáveis, velhos admiradores do local e que não o trocavam por qualquer outro na Ilha, mesmo com os que se gabavam de estar mais perto da Vila, da ponte, do navio, do mercado, etc. A verdade é que, hoje, pela estrada, são os primeiros beneficiados. E merecem!

Além do antigo e conhecido Colégio de Santa Catarina, retiro das Irmãs da mesma Ordem, residiam no Ariramba muitas famílias tradicionais vinculadas àquele recanto admirável do Mosqueiro. Os Chalets famosos dos Sarmento, dos Lobo, de dona Alzira, o “Vergel” de dona Flor (Florzinha), dos Pereira dos Santos, dos Dawer, dos Machado, dos Leite são memoráveis vivendas que povoaram o Ariramba quando Mosqueiro era somente servido do vapor Almirante Alexandrino. Pela dificuldade de transporte, precariedade nos serviços de ônibus entre a Vila e aquele ponto do Mosqueiro, realmente, tempo houve em que era uma temeridade residir-se tão longe da Vila que, por si só, centralizava toda a vida da Ilha. Passageiro do barco da Companhia, dependendo dos veículos da Prefeitura para chegar em casa, não só seria o último a desembarcar em sua residência depois de haver sofrido duras penas na viagem trôpega da viatura sempre defeituosa, como, na recíproca, era o primeiro a despertar, pela madrugada, para tomar o transporte que cedíssimo passava pela estrada apanhando a gente mal-dormida que se dirigia à capital. Por isso, dizemos com propriedade, era uma verdadeira temeridade edificar ou adquirir uma vivenda no Ariramba. Por isso, também, heróis, os que suportaram tantos anos essa adversidade e não se afastaram um só momento da brisa amena e da paisagem gostosa, que os barrancos do Ariramba proporcionam aos seus olhos. Há que se exaltar os que viveram ali ao tempo em que Mosqueiro vivia insulada, dependendo, inteiramente, do navio da linha. E o nosso Macedão liderou esse grupo de abnegados que agora desfruta das vantagens proporcionadas pela nova rodovia.

No Farol, durante algum tempo, exerceu um poder catalisador da boemia e adeptos da delícia regional dos preparados, das batidas, o odontólogo Jairo Barata. Um médico, no Ariramba; um dentista, no Farol, irmanados pela mesma simpatia e a mesma habilidade nessa química dos aperitivos à base de aguardente. A residência de Jairo, no Farol, teria a função paralela daquela do Ariramba a cargo do bom Macedão. Dizem que, um dia, encontram-se os dois, acidentalmente, no retiro do primeiro. Um dia amargo, sem banho de maré cheia, sem reserva de frutas e somente um resto de carne estava à disposição dos dois. Macedão correu à despensa sempre farta de cítricos, mel de abelha, chocolate, baunilha e outros ingredientes, estava seca, dolorosamente sem condições de atender à afamada técnica de ambos na elaboração das suas famosas “biritas”. E, na falta do material essencial ao preparo de uma boa batida, não tiveram dúvidas: adicionaram à caninha açúcar com pasta de dente, em quantidades próprias. Bateram o caldo, sacudiram a mistura e, espumosa, perfumada, foi servida à moda alemã, isto é, beber de um só gole! Assim firmou-se uma nova fórmula, privativa do Ariramba e em homenagem ao outro craque do Farol. Jairo ficou na história e foi um doloroso acontecimento sua morte, vítima de um trágico acidente. Macedão, no Ariramba, é figura legendária. Ganhou seu nome numa rua e é sempre lembrado.

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 429, 430 e 433.

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