domingo, 30 de dezembro de 2012

MOSQUEIRANDO: O NOME DO BLOG

 

 

O termo Mosqueirando, denominação do blog, é forma nominal do gerúndio do verbo mosqueirar, um neologismo surgido na Ilha, nas primeiras décadas do século passado, para traduzir o crescente interesse turístico do belenense, que, seguindo o costume introduzido pelo europeu, criara o hábito de frequentar o aprazível balneário nos fins de semana e nas férias escolares.

Segundo o historiador Augusto Meira Filho, em seu livro Mosqueiro Ilhas e Vilas (pág. 79), “Mosqueiro é um balneário popular, democrático, onde todo mundo se sente livre e igual. Em toda parte predomina a alegria, o bem-estar, a satisfação de viver! O veranista, parece, às vezes, senhor de tudo! Cada belenense cuida de que é dono de um pedaço qualquer do Mosqueiro. Criam-se gerações, seguidas dos mesmos hábitos, dos mesmos amigos, da mesma maneira de viver. Até certos meses do ano, pela sua casualidade libertadora nas férias, já têm uma fisionomia mosqueirense, típica, especial e irreversível. Há como que um vício de mosqueirar.”

Assim, mosqueirar significa “usufruir os prazeres do Mosqueiro” ou, usando uma expressão mais popular, “curtir o Mosqueiro”.

Foi esse o pensamento inicial que nos levou, em 2.010, à criação do blog com o nome Mosqueirando. Afinal, já vínhamos assinando uma coluna na Folha da Ilha, com a mesma denominação, focalizando, exclusivamente, os aspectos históricos e culturais do Mosqueiro. Com o blog, decidimos ampliar a nossa meta, criando uma fonte de pesquisa sobre a Ilha, a qual reúne publicações de autores diversos sobre os mais variados assuntos. Procuramos, assim, difundir conhecimentos sobre o Mosqueiro, eventos e manifestações artísticas e sócio-culturais do lugar. Para nós, foi uma grata satisfação receber a visita de internautas do Brasil e de outros países, em 2012. Agradecemos, desejando a todos um NOVO ANO REPLETO DE PROSPERIDADE!

Visualizações de página por país

clip_image001

 

Entrada

Visualizações de página

Brasil

              43583

Estados Unidos

              2766

Portugal

              1015

Rússia

              502

Alemanha

              472

França

              260

Holanda

              168

Japão

              149

Reino Unido

              62

Romênia

              51

 

Nesta semana:

Entrada              Visualizações de página

Brasil                                268

Estados Unidos              33

Holanda                           21

Rússia                              8

Portugal                           4

Alemanha                        3

Espanha                          1

Guiana Francesa            1

Polônia                             1

FONTE DOS DADOS ESTATÍSTICOS: http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2720256392959873661#audiencestats

sábado, 22 de dezembro de 2012

NA ROTA DA HISTÓRIA: A LOCOMOTIVA PATA CHOCA”

 

Mais uma lacuna da História social e urbana de Mosqueiro está sendo desvendada – a primeira foto recuperada da locomotiva “Pata Choca” em 1933.

clip_image001

Após intensas pesquisas em diversas bibliotecas e no arquivo público de Belém, além  de contatos com moradores mais antigos de Mosqueiro e na rede mundial de computadores, eis que na pesquisa feita no Google (dia 05/12/2012) sobre fotos e imagens antigas de Mosqueiro, apareceu no portal Artesfotos.fot.br (Paisagens Fluminenses – Luiz Anciães) duas fotos raras sobre a ilha de Mosqueiro em 1933:

A foto acima  raríssima, e até então inédita, mostra a locomotiva a vapor na orla de Chapéu Virado em 1933. Essa locomotiva, em idos das décadas de 1920 e 1930, fazia o transporte de passageiros entre a Vila  - do trapiche - até a curva do Murubira. Pra quem não sabe, ela (a locomotiva) recebeu a denominação popular de “Pata Choca”, pois, segundo Meira Filho em seu livro: Mosqueiro, ilhas e vilas –1978, a sirene da locomotiva, quando acionada por passageiros solicitando a parada para descida, possuía um som parecido ao piar de uma pata choca. A sabedoria popular sabiamente prevaleceu e o nome popular “pegou”. Infelizmente, com a chegada dos primeiros ônibus adquiridos pela Prefeitura de Belém/Agência Distrital de Mosqueiro para fazerem o transporte interno de passageiros em Mosqueiro, em meados da década de 1930, a “Pata Choca” foi desativada e junto com o Ferrocarril (linha de trilhos) desapareceu, não se sabendo qual o seu destino. Uma pena!!! pois se estivessem sido conservados, seriam importantes monumentos/marcos da influência da “belle époque” na Ilha, tais como o trapiche, o prédio do Mercado Velho na Praça da Matriz (provável garagem da”Pata Choca”) e os Chalés espalhados pela orla de Mosqueiro.

A segunda foto, abaixo, (não inédita) mas rara, mostra, também em 1933, um dos bondes, talvez, destravados da Locomotiva “Pata Choca”. Provavelmente, as duas fotos devam ter sido registradas pelo mesmo fotógrafo no dia, na orla do Chapéu Virado, haja vista que ambas mostram, ao fundo, a praia.

clip_image00200000000

É válido destacar a dedicação e o trabalho incessantes de pesquisa dos professores Alcir Alvarez Rodrigues (estudioso da literatura e da cultura da Ilha) e Aldo Alvarez Rodrigues (estudioso da História e da Geografia de Mosqueiro), que  buscam, já há algum tempo, contribuir na coleta de dados e informações sobre aspectos da Cultura, da História e da Geografia da Ilha. Parabéns aos dois professores por terem tido a perspicácia e sorte de localizar a foto rara da locomotiva “Pata Choca”!

Obs.: Nas duas fotos, aparece o termo Paisagens Fluminenses, pois fazem parte do acervo particular do Sr Luiz Anciães, morador do Rio de Janeiro e que possui muitas fotos antigas de vários lugares do Brasil, em especial do estado do Rio de Janeiro.

Postado por PT de Mosqueiro, quinta-feira, dezembro 06, 2012

FONTE: http://ptdemosqueiro.blogspot.com.br/

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

CANTANDO A ILHA: CHEGAMOS AO FIM?

 

CHEGAMOS AO FIM?

Autor: Claudionor Wanzeller

O Tempo é eterno: Criação Divina;

mas a medida do tempo é finita: convenção humana.

Se o Passado não mais existe e o Futuro é projeção,

o que nos resta?

Resta-nos o Hoje, que já foi Ontem e será o Amanhã,

ou seja, o Conhecimento e o Sonho.

O Conhecimento, que nos dá Poder.

O Sonho, que nos faz Viver.

Viver o Hoje, o Agora, o Momento, fração de segundo

que passa com a velocidade do pensamento.

E, se passa, terá Princípio e Fim?

O Fim do princípio é a Vida!

E o princípio do Fim é a Extinção da Vida!

clip_image002

URL da Imagem:

http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQndV4pucuupomMtxeWHGh2lQxrqKCg_SRBZJz1yh5HyK5CNcfaNA

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

CANTANDO A ILHA: Um certo Mário… em uma certa praia

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

image

image

 

Aqui, nesta calçada, 
        defronte deste caramanchão, 
        próximo ao chalé Porto Franco ― desde a Belle Époque 
        mirando a Baía de Marajó ―, 
        sem chapéu na cabeça, 
        na mão, ou virado no chão, 
        contemplo um tempo 
        que não vi (vi): 
        vejo ali na areia 
        e após na água da praia, 
                                    (a banhar-se), 
        a alegria descontraída 
        de Mário de Andrade 
                                                    ― é maio de 1927 ―, 
                    entregue às ondas 
      destas águas do Chapéu-Virado, 
neste tempo que não 
                                              vi (vi), 
mas que perco-ri 
na transcendência das entrelinhas imaginárias 
deste poema 
que agora escrevi (vi).

FONTE: http://www.komedi.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=9247

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

MEIO AMBIENTE: AS EMBARCAÇÕES DE MADEIRA NA ILHA DE MOSQUEIRO

 

 

clip_image001

Embarcação em madeira sendo construída no Porto do Cajueiro - Mosqueiro,

Qual o papel das embarcações de madeira no desenvolvimento de nossa região e mais especificamente para a Ilha de Mosqueiro? Se necessitamos dessa atividade, como podemos realizá-la de forma sustentável, isto é, sem agredir o meio ambiente?

Em face de sua grandeza espacial e suas características de ambientes inóspitos, até hoje presentes em algumas áreas da Amazônia, com difícil acessibilidade para ocupação e exploração da mesma, as embarcações de madeira cumprem até hoje papel de relevância para o desenvolvimento das comunidades regionais.

clip_image003

Travessia de balsa no furo das marinhas - Belém/Mosqueiro (1965). Detalhe para o moderno  e o tradicional.

Com uma vegetação densa e a presença de inúmeros entrecortes de rios e suas ramificações (igarapés e furos), estes corpos d’águas contribuíram para uma ocupação humana dispersa por este território, porém incentivou pelos fartos cursos fluviais intercomunicantes da maior bacia hidrográfica do mundo, assentamentos às margens dos mesmos, inúmeros aglomerados humanos - cidades, vilarejos e comunidades ribeirinhas.

clip_image005

Montarias (de troncos e de três tábuas) ancoradas no Porto Pelé –Mosqueiro.

No curso histórico da região, tanto o nativo quanto o colonizador ocidental tiveram de superar estes ambientes adversos e suas longas distâncias, nas suas atividades de uso e ocupação das terras. Assim, os ambientes exigiram dentro da tecnologia existente e dos materiais disponíveis a feitura e a utilização de embarcações de madeira na conquista e conhecimento de novas áreas interiores, finalidades de meios de vida e sobrevivência e manutenção da rede social.

clip_image006

Imagem do saudoso navio de passageiro Antônio Lemos no trapiche de Mosqueiro.

Tendo o rio como rua, como disse o poeta, o nativo, o colonizador, mais tarde o tapuio e o caboclo, garantiram através das embarcações de madeira a vida humana nos centros e nos hinterlands regionais. Através desse elemento integrador da região se compunha sua economia, as relações sociais, a religiosidade.

Segundo Moreira & Fernandes (2009), à guisa de conclusão de sua pesquisa, sobre as embarcações de madeira no Pará:

“A análise dos resultados permitiu considerar que as embarcações de madeira no Estado do Pará constituem elementos da cultura material local envolvidos tradicionalmente na estrutura da vida cotidiana sob aspectos sociais e econômicos. Em relação ao aspecto social, a referência às embarcações de madeira ocorre de maneira comum e espontânea pela população paraense, principalmente a ribeirinha, quando tematizam-se assuntos relacionados a veículos  para integração sócio-espacial, ou quando registra-se a participação daquelas em eventos de natureza religiosa e de cultura popular, citando aqui o Círio Fluvial de Nazaré e Réveillon na Orla de Belém, entre outros. Quanto ao aspecto econômico os barcos de madeira demonstram estabelecer relação íntima com o comércio pesqueiro, o transporte de mercadorias para abastecimento dos municípios ribeirinhos, o transporte de passageiros entre as diversas localidades ao longo dos ambientes lacustres, costeiros e fluviais. A construção artesanal das embarcações em madeira é uma atividade que gera renda para as pessoas que nela trabalham e que nela obtém o sustento material de si mesmas e de suas famílias.”

clip_image008

  Imagem do Círio Fluvial de N. Sr.ª do Ò - Mosqueiro

Analisando seus elementos (projeto, dimensionamento, construção, materiais envolvidos, tipos de madeira, mão de obra, ferramentas utilizadas, custos e manutenção das mesmas) e os tipos de relações sociais estabelecidas, religiosidade e perfil ocupacional dos sujeitos da pesquisa, os pesquisadores enfatizam a importância das embarcações para a região:

“(...) a relevância das embarcações construídas artesanalmente em madeira para a vida do homem amazônida, especialmente do paraense, devendo os órgãos de gerência pública atentar para este fato e buscarem no âmbito de suas competências estabelecerem ações que auxiliem a manutenção da existência desta atividade propiciando a organização de uma produção mais qualificada em termos técnicos promovendo assim condições mais dignas e cidadãs para os artesãos carpinteiros navais e seus ajudantes que encontram nessa atividade uma expressão da capacidade criativa e um fazer que propicia suas auto-identificações enquanto seres biopsicossociais, culturais e históricos.”

Segundo Meira Filho, autor de “Mosqueiro, ilhas e vilas”, nesta ilha amazônica, desde tempos imemoriais, este processo se estabelecera com os índios Tupinambás, “exímios canoeiros”, na arte da pesca e cuja alimentação se concentrava no moqueio de peixe, passando pela fase de vigilenga de pescadores até os dias atuais, onde a pesca local se estabelece não apenas como uma importante atividade econômica, mas, sobretudo como um rico legado dos pescadores e ribeirinhos dessa comunidade tradicional no estuário amazônico.

clip_image009

A construção e uso de embarcações de madeira na ilha, voltadas para a pesca, como meio de transporte e servindo a outras atividades, tem-se como legado cultural e patrimonial de muitas gerações de povos que por ali se estabeleceram ou que culturalmente influenciaram às contínuas adaptações sociais, por meio do conhecimento tradicional.

Por outro lado, um aspecto chama atenção: a atividade não agride o meio ambiente, já que a escolha de madeira para confecção das embarcações é seletiva, isto é, poucas espécies florestais servem de matéria-prima na construção de barcos. Além disso, os barcos de madeira são mais agradáveis em nível de conforto térmico. Quanto a sua resistência material pelo contacto com a água, dependerá de tratamento químico e de manutenção constante.

A exploração legal e racional dos recursos existentes (madeireiros) mobilizados na construção naval devem interferir o mínimo possível no equilíbrio entre o meio ambiente e a sociedade.

clip_image011

Tipos de embarcações de pesca da Ilha de Mosqueiro construídas em madeira. Em sentido horário, canoa a vela, barco de médio porte, barco de pequeno porte e montaria.

Estudo realizado em 2010 na ilha de Mosqueiro sobre sua pesca artesanal caracterizou a estrutura de embarcação em madeira voltada para a captura do pescado, dessa forma:

“Nas 08 (oitos) áreas da ilha de Mosqueiro, o levantamento mostrou que de acordo com as definições de embarcações de pesca artesanal, CPNOR/IBAMA (1998), baseada no trabalho da unidade familiar ou no grupo de vizinhança, a composição é a seguinte:

A montaria (MON), embarcação rústica, ainda é bastante representativa na pesca local (38%), chegando a 87% e 100% nas Ilhas e Praia Grande, respectivamente. Por outro lado os barcos de pequeno porte (BPP), medindo entre 8,00m a 12,00 m (CEPNOR/IBAMA, 1998), representam 28%, participando com 60% na pesca do Cajueiro, a mais estruturada a nível comercial. Por seu turno, as canoas (CAN), perfazem 19% das embarcações pesqueiras de Mosqueiro. Montarias (MON), Barco de Pequeno Porte (BPP) e Canoas (CAN) representam, portanto 85% das embarcações em uso. Identifica-se, também que 8% dos pescadores não possuem embarcações de pesca, operando a atividade em parceria como meeiros na produção, seja nas pescarias longas ou nas curtas.”

clip_image013

Reparo de embarcação em madeira - Baia do Sol, Mosqueiro.

Como forma de enriquecer nossas informações sobre a construção e uso de embarcações de madeiras em Mosqueiro, lançamos mão da importante pesquisa “COM QUANTOS PAUS SE FAZ UMA CANOA TRADICIONAL RIBEIRINHA?”, realizada em 2007 pela Associação Ecológica de Canoagem à Vela de Belém (AECAVBEL), donde a primeira parte se efetivou no vilarejo de Caracará, município de Cachoeira do Arari, arquipélago do Marajó e a segunda (A construção das Canoas de três tabuas) na Ilha Amazônica de Mosqueiro, precisamente no Estaleiro São Pedro, Porto Pelé, bairro do Maracajá.

O artigo “COM QUANTOS PAUS SE FAZ UMA CANOA TRADICIONAL RIBEIRINHA?”, torna-se a nosso ver, um nobre documento histórico, pois resgata o papel contributivo de muitos “anônimos” para o desenvolvimento das comunidades, como é o caso do saudoso mestre em carpintaria naval da Ilha de Mosqueiro, Pedro da Páscoa Bittencourt, o mestre Pedro, já falecido.

Acesse:

COM QUANTOS PAUS SE FAZ UMA CANOA TRADICIONAL ...

www.cbca.org.br/arquivos/.../artigosobreaconstrucaodecanoas.pdf

.........................................................................................................................................................

FONTES:

Antonio Luciano Seabra MOREIRA & Jacqueline Kelly Sagica FERNANDES,  IMPORTÂNCIA DAS EMBARCAÇÕES DE MADEIRA PARA A INTEGRAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DO ESTADO DO PARÁ. IN.: IV Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e Nordeste de Educação Tecnológica, Belém – PA., 2009, Disponível em: connepi2009.ifpa.edu.br/connepi-anais/artigos/187_1535_1276.pdf. Acesso: 01/11/2012.

LEÃO, Pedro da Silva. ILHA DE MOSQUEIRO: Práticas de Pesca Sustentável numa Comunidade Tradicional da Amazônia – Estudo de Caso. 2011.92 p. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Tecnologia em Gestão Ambiental – Universidade Norte do Paraná, Belém-Pará, 2011.

Imagens:

skyscraper.talkwhat.com

flickr.com

MOSQUEIROAMBIENTAL

http://www.scielo.br/scielo. php?pid=S0104-59702012000300014&script=sci_arttext

FONTE: http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2012/11/as-embarcacoes-de-madeiras-na-ilha-de.html

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

EVENTO RELIGIOSO: CÍRIO DO MOSQUEIRO

 

CÍRIO DO MOSQUEIRO

Sabe-se que a devoção à Nossa Senhora do Ó teve início na Espanha e, segundo o historiador João Lúcio D’Azevedo, há fortes indícios de que aventureiros espanhóis sob o comando de Francisco de Orellana estiveram na Baía do Sol, em 18 de dezembro de 1545, exatamente no dia consagrado à Santa, conforme relato do Frei Gaspar de Carvajal, escrivão da viagem.

Nos primeiros tempos de ocupação da Ilha, em 1653, os jesuítas instalam a Missão Myribira e trazem a antiga devoção espanhola. Mais tarde, no século XIX, a Irmandade de Nossa Senhora do Ó inicia o culto na ilha do Mosqueiro, venerando a nossa Padroeira em pequena capela, na praça do povoado.

Em 10 de outubro de 1868, o Cônego Manuel José de Siqueira Mendes cria a Freguesia do Mosqueiro, sob a égide de Nossa Senhora do Ó, desapropriando a capela da Irmandade para transformá-la em Igreja Matriz. Em 02 de abril do ano seguinte, o Bispo da Província do Grão-Pará Dom Macedo Costa designa como primeiro pároco da Freguesia do Mosqueiro o Padre Manuel Antônio Raiol, que, ao assumir, transfere o cemitério existente na praça, em área contígua à capela, para o local onde se encontra atualmente, na Travessa Pratiquara. Entretanto, a Igreja Matriz será inaugurada somente em 1917.

A partir da década de 1920, teve início a Procissão do Círio na ilha do Mosqueiro, quando todos os fiéis conduziam compridas velas (círios) acesas e os romeiros pagavam suas promessas carregando oferendas como canoas em miniatura, boias de pesca, enormes pedras sobre a cabeça e peças do corpo humano em cera. Os pescadores, geralmente molhados, puxavam a corda atrelada à Berlinda, como pagamento de promessas por terem sido salvos de algum naufrágio. Os demais carros do cortejo eram movidos por tração animal.

Naquela época, a Imagem conduzida na Berlinda era a de Nossa Senhora de Nazaré e o Círio, a partir de 1929, acontecia no 2º domingo de novembro, por determinação de D. João Irineu Joffily. A Trasladação da Imagem seguia, no sábado à noite, até a Casa-sítio dos Irmãos Maristas, na estrada da Praia Grande, às proximidades da Travessa Coronel Motta, de onde, no domingo, saía a Procissão do Círio para a Igreja Matriz, sempre acompanhada por banda de música, cujos integrantes eram mosqueirenses.

Na década de 1950, o trajeto do Círio foi ampliado para a Capela do Sagrado Coração de Jesus, no Chapéu Virado, ocorrendo também, naquele momento, a substituição da imagem de Nossa Senhora de Nazaré pela de Nossa Senhora do Ó, padroeira da ilha do Mosqueiro, ressaltando a antiga devoção local. O Círio passou a ser realizado no 2.º domingo de dezembro e, no dia 18, que é dedicado à Santa, ocorre a Procissão de Nossa Senhora do Ó.

Dizem que o Círio é o Natal dos Paraenses e assim o é, principalmente na ilha do Mosqueiro, pois aqui festejamos, no segundo domingo de dezembro, Nossa Senhora do Ó, a Imaculada Conceição na expectativa do nascimento de Jesus, o Messias.

A IMAGEM E O TEMPO:

clip_image002 clip_image004

1212 - Catedral de Évora, Portugal.            1653 - Ilha do Mosqueiro.

clip_image006

    2008 – Ilha do Mosqueiro.

FONTE DA IMAGEM DE ÉVORA: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/55/Evora88.jpg/198px-Evora88.jpg

 

PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA

No começo do século XIX, mudanças no culto mariano começavam a estimular o dogma da Imaculada Conceição, o que não combinava com aquela santa em estado de adiantada gravidez, como a retratava a iconografia, estimada pelas mulheres à espera da hora do parto.

Muitas imagens foram trocadas pela da Nossa Senhora do Bom Parto, vestida de freira, com o ventre disfarçado pela roupa, ou mesmo pela imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, mais condizente com os ventos moralistas de então.

Somente no fim do século XX se voltou a falar e pesquisar o assunto, tendo-se encontrado imagens antigas enterradas sob o altar das igrejas.

FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_do_%C3%93

 

No dia 05 de outubro de 2008, às 19h30, na Igreja Matriz, abrindo a Semana Comemorativa aos 140 anos de fundação da Paróquia, foi apresentada pelo então pároco Pe. José Maria da Silva Ribeiro e abençoada pelo Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Orani João Tempesta, a nova imagem de Nossa Senhora do Ó, a qual representa uma visão da Mãe de Jesus diferente da tradicional, porém sob a luz das Sagradas Escrituras. Sem dúvida, é uma inovação no culto mariano surgida na ilha do Mosqueiro, uma imagem que aproxima a Virgem Maria de todas as mães, para as quais é exemplo de amor e disponibilidade, elementos essenciais à base familiar.

clip_image008

No próximo domingo, dia 9, acontecerá o Círio do Mosqueiro, que traz como tema “Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Fé”. Venha para a Ilha! Participe!

PARA CONHECER MAIS DETALHES, PESQUISE NESTE BLOG:

A Freguesia do Mosqueiro

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2010/10/janelas-do-tempo-freguesia-do-mosqueiro.html

A Padroeira da Ilha

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2010/11/na-rota-da-historia-padroeira-da-ilha.html

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

NA ROTA DO TURISMO: ILHA DE MOSQUEIRO, EL PARAÍSO AMAZÓNICO

 

clip_image002

Playa del Chapéu Virado

Mosqueiro es una isla fluvial localizada en la costa oriental del rio Pará, en el brazo sur del río Amazonas, delante a la bahía de Guajará. Posee un área de 212 km², con 17 km de hermosas playas de agua dulce con movimiento de marea. Distante 70 km de la ciudad de Belém, la isla fluvial de Mosqueiro  tiene su historia ligada al ciclo del caucho.

clip_image003

Las elegantes casonas

 

A finales del siglo XIX los extranjeros, atraídos por la bonanza económica, fueron los primeros en valorar la isla como lugar para el veraneo. Así llegaron los ingleses de la "Pará Electric Railways Company", alemanes, franceses y americanos funcionarios de compañías como la "Port of Pará" e la "Amazon River, por ejemplo.

Fueron ellos los constructores de hermosas mansiones modernistas que hasta hoy pueden ser vistas en las playas del Farol, Chapéu Virado, Porto Arthur y Murubira.

Los barones del caucho beleneses también fueron atraídos por las bellezas de la isla y, así, empezó un proceso de urbanización que se ha ido intensificando en las últimas décadas hasta convertir a la Isla de Mosqueiro en el balneario del área metropolitana de Belén por excelencia. La población residente es de 25.000 habitantes, pero en la época estival llega hasta las 400.000 personas.

clip_image004

Playas desiertas fuera de la temperada estival


Mosqueiro todavía conserva una naturaleza exuberante y una urbanización rural. Por las carreteras e igarapés que cortan la isla es posible observar la Floresta Amazónica con sus árboles gigantes, abrazando un cielo de azul profundo.

La tranquilidad de la isla en esa época del año, con las playas prácticamente solo para nosotros fue toda una experiencia. El tráfico de vehículos es poco intenso, lo que unido a hecho de que la isla es llana, hace que la mayoría de la población utilice las bicicletas.

Nosotros nos animamos y dimos unos paseos al atardecer que nos permitió recorrer con calma los rincones de Mosqueiro. Además de la belleza del paisaje,   la cantidad de agua y las olas nos hizo sentir que estábamos en el mar, no en río. En realidad es un mar de agua dulce, hasta el punto que algunas playas las olas son tan altas que se puede hasta surfear. 

clip_image005

Chiringuitos, cerveza garantizada

Es posible pasear con tranquilidad por las calles disfrutando de las bellezas locales y de los chiringuitos al borde de las playas. Precios de temporada alta, hay que decírselo. 

A los sábados y domingos por la noche la plaza de la villa se llena de gente. Decenas de puestos de venta de comidas típicas, dulces y mucha música alegran las noches de la población.

Una curiosidad: la gente literalmente “toma la plaza”, bajando con sus sillas y ocupando los extensos céspedes.  ¡Una delicia!

Mosqueiro nos dejó enamorados con sus arenas blancas, el ritmo calmo del día a día, la variedad de peces y frutas, pero en especial por la hospitalidad y la gentiliza de sus habitantes. 

clip_image006

El encantador Mercado

Ya hemos planteado: Cuando nos jubilemos cogeremos nuestras mochilas y vamos vivir allí, por lo menos por una gran parte del año.  Afinal, Mosqueiro también es conocida como la isla del amor. Que así sea.

FONTE:

http://obrasilpordentro.blogspot.com.br/2011/10/ilha-de-mosqueiro-el-paraiso-amazonico.html

domingo, 2 de dezembro de 2012

CANTANDO A ILHA: CÍRIO

 

 

Autor: Claudionor Wanzeller

                   Círio

O povo caminha conduzindo a Santa

E, caminhando, carrega a sua tradição para o futuro.

Um futuro que o povo sonha

E reza por ele.

Um futuro que terá as boas marcas do passado,

Que clama por ele.

O clamor dos que fizeram o presente

E a oração do povo que construirá o futuro

Serão ouvidos pela Santa?

Ou se perderão no entrechoque do religioso com o profano?

Será o “Ó!” apenas o símbolo de um clamor eventual?

Ou terá o povo já uma perfeita consciência crítica de sua realidade?

Os filhos da Padroeira da Ilha permanecerão passivos,

Rezando fórmulas já feitas?

Ou transformarão suas vidas na verdadeira oração?

Círio é vela acesa,

Mas a chama da VERDADE e da FRATERNIDADE

Só poderá brotar no coração e na mente

De quem conscientemente o conduz!

O autor:

clip_image002

Claudionor dos Santos Wanzeller, filho de Raimundo Azevedo Wanzeller e Raimunda Miranda dos Santos, nasceu na Ilha do Mosqueiro, no dia 8 de junho de 1949. Em 1958, transferiu-se com a família para Belém, voltando a fixar residência na Ilha em 1974. Fez o Curso Primário no Grupo Escolar Inglês de Sousa e no Grupo Escolar Dr. Justo Chermont. No Colégio Estadual Magalhães Barata, cursou o Ginásio e Ciências Matemáticas. É formado pela Universidade Federal do Pará, concluindo, em 1973, o Curso de Licenciatura em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa.

Foi professor no Colégio Municipal Alfredo Chaves – anexo do Mosqueiro, Colégio Comercial Ruy Barbosa, Colégio Nossa Senhora do Ó, Escola Estadual de 1.º Grau Paes de Carvalho e Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Prof. Honorato Filgueiras.

Como desportista, além de ocupar cargos nas Diretorias do Botafogo F. C. e Pedreira E. C., agremiações tradicionais da Ilha, implantou em 1972, com os professores Firmino Melo e Carmen Dolores de Freitas Jorge, o Futebol de Salão no Mosqueiro. Tornou-se mais tarde, inclusive, técnico de FUTSAL do 5 Estrelas R. C., conquistando o título de Campeão Paraense da 1.ª Divisão. Como Coordenador dos Primeiros Jogos Estudantis Mosqueirenses, recebeu votos de louvor da Câmara Municipal de Belém. Preocupado sempre com a conservação das tradições locais, foi um dos fundadores da Associação dos Grupos de Folclore do Mosqueiro (AGRUFEM) e diretor-fundador da Universidade de Samba Piratas da Ilha.

Autor de várias crônicas publicadas em jornais locais, escreveu, também, o livro Mosqueiro: Lendas e Mistérios, tendo sido homenageado como escritor pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará, durante a realização da IV FEIRA DE LITERATURA PARAENSE, em 2005.

clip_image004

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O EVENTO: A ILHA E O FIM DO MUNDO

O dia 21 de dezembro de 2012 está próximo. É a data em que o Calendário Maia, iniciado há 5.200 anos, chegará ao fim. Será o APOCALIPSE? O Fim do Mundo provocado por tempestades solares causadas pela inversão dos polos da Terra e enfraquecimento do escudo do campo magnético?

“A teoria dos físicos modernos em relação às previsões astronômicas feitas através do calendário dos Maias afirma que a Terra passará por um fenômeno chamado de "deslocamento dos polos". Esse fenômeno irá mudar completamente a posição dos polos terrestres num curto espaço de tempo, dias ou talvez algumas horas. Forte, provável que esse fenômeno possa causar um desastre a nível planetário, todos os continentes seriam sacudidos por fortes terremotos, violentos TSUNAMIS inundariam todas as cidades costeiras... Nesse caso, seria a ultima catástrofe jamais registrada antes em toda a nossa história. Mesmo que essa teoria pareça pura ficção, ela realmente possui um fundamento cientifico comprovado. Até mesmo o físico Albert Einstein evocou esse fenômeno no inicio dos anos 50.”

(FONTE: https://sites.google.com/site/21dezembro2012/)

“A notícia, que tem toda a atenção da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, juntamente com a NASA e deixa cientistas de todo o mundo bastante preocupados, é a de que a Terra (e todo o Sistema Solar) começa a atravessar o centro absoluto da Galáxia, também chamada de fenda escura ("dark rift") da Via Láctea,cujo auge será mesmo em torno do dia 21.12.2012.  A fenda é escura porque está cheia de lixo espacial, que consiste desde pedras e pedregulhos, até mesmo asteroides e alguns objetos do tamanho de planetas. Este "racha escuro" é o plano galáctico gravitacional da Via Láctea e esconde as armadilhas desse lixo espacial.”

clip_image002

“Na foto da Via Láctea acima, o astrofísico Alexei Dmitriev diz que as sondas espaciais Voyager-1 e Voyager-2 revelam que o nosso Sol, bem como todo o nosso Sistema Solar, está agora entrando em uma nuvem de energia interestelar poderosíssima. Opher, um investigador da NASA e especialista em heliofísica (estudo do Sol) da Universidade George Mason, diz que esta nuvem de energia interestelar é turbulenta e seus efeitos já estão visíveis nas tempestades solares recordes dos últimos meses.”

“Esta nuvem interestelar de energia elétrica também é absorvida pela Terra e os cientistas descobriram que isso resulta em mais tremores de terra e alterações climáticas desastrosas. Ou seja, tudo o que estamos assistindo ultimamente, mas, como o fenômeno ainda está apenas em fase de aproximação, a tendência por enquanto é só de piorar.”

(FONTE: http://filosofiaimortal.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html)

Na epístola ao rei Henrique II, Nostradamus escreveu:

“Haverá um eclipse solar mais escuro e sombrio do que todos desde a criação do mundo… tanto que parecerá que a gravidade da Terra perdeu o seu movimento natural e que o planeta mergulha no abismo da escuridão perpétua.”

FONTE: http://2012revelacao.weebly.com/nostradamus.html

Ou o Fim do Mundo será provocado pela colisão com NIBIRU, um hipotético, errante e fantasmagórico planeta?

“Os russos não escondem que o chamado Planeta X ou Nibiru como outras abordagens da Terra e suas consequências podem ser catastróficos. No céu, há um novo objeto, uma mancha avermelhada antes só observada por astrônomos, mas depois de maio de 2012 pode ser visto a olho nu.
Esse seria o escuro planeta Nibiru. A probabilidade da existência desse planeta em nosso sistema solar, apenas reconhecido pela NASA em 1982, vem desde os sumérios, 5000 anos atrás. Eles o chamavam de "disco alado" e argumentam que o aparecimento de Nibiru no céu é uma ameaça, causando problemas. “
(FONTE: http://celiosiqueira.blogspot.com.br/2012/06/nibiru-2012-o-planeta-x-esta-vindo-para.html)

Este vídeo mostra o que resultaria de tal desastre:

 

“As revelações apocalípticas de João, presentes na Bíblia católica, afirmam que o fim dos tempos ou o julgamento final está próximo! Porém, não se sabe com precisão quando o fim dos dias vai acontecer. Não existem datas precisas afirmando o momento exato em que o mundo irá realmente acabar, indicando o dia, o mês e o ano. Existem muitos sinais e passagens talvez difíceis de serem interpretadas corretamente.”

FONTE: https://sites.google.com/site/21dezembro2012/

 

Ou não será o Fim do Mundo, mas o dia em que, finalmente, as civilizações extraterrestres se revelarão à Humanidade, iniciando uma Nova Era? Você tem apenas alguns dias para refletir sobre o assunto. Tudo pode acontecer, inclusive... nada! Mas, enquanto você pensa em catástrofes e na existência de vida em outros lugares do Universo, vamos falar da visita que turistas interplanetários (ou seriam exploradores?) fizeram à Amazônia em 1977, com destaque para os avistamentos de OVNIs na Baía do Sol. Assista à entrevista do Coronel Uyrangê Bolivar Soares Nogueira de Hollanda sobre a chamada Operação Prato e tire suas próprias conclusões:

 

Se esses turistas espaciais virão à ilha do Mosqueiro ou o Mundo acabará no dia 21 de dezembro não sabemos dizer. O certo é que a Ilha se prepara para receber muitos visitantes durante o réveillon. Antes disso, no segundo domingo do vindouro mês, acontecerá o Círio do Mosqueiro e, com certeza, o povo mosqueirense estará rezando à sua Padroeira, Nossa Senhora do Ó, pedindo-lhe que o mundo não acabe ainda e que, em 2013, seja iniciada uma Nova Era na administração municipal, capaz de proporcionar ao Distrito maior desenvolvimento e qualidade de vida.

PARA CONHECER MAIS DADOS PROFÉTICOS E CIENTÍFICOS SOBRE 2012 E O FIM DO MUNDO, CONSULTE OS SITES CITADOS.

domingo, 25 de novembro de 2012

NA ROTA DO TURISMO: UMA ILHA NO MARAHU

 

Localizada em frente à praia do Marahu, em Mosqueiro, uma pequena ilha rochosa destaca-se na paisagem, tornando-se mais bela e atraente ao alvorecer e ao pôr-do-sol. Afinal, é ali que o rio Pará forma a baía do Sol, onde o astro-rei nasce e morre todos os dias e, nos tempos longínquos, recebia o culto dos tupinambás, em agradecimento pela fartura de peixes, de caças e de frutas que a Natureza lhes oferecia. A ilha das Guaribas, como é conhecida, sempre foi um lugar misterioso para quem, ao longo do tempo, a observa a distância ou dela se aproxima movido pela curiosidade. Assista ao vídeo enviado por sandro89566 em 29/10/2010 e, para conhecer o mistério que envolve a ilha, leia, neste blog, a lenda “As Guaribas”.

PESQUISE NESTE BLOG:

“AS GUARIBAS”

:http://mosqueirando.blogspot.com.br/2011/09/mosqueiro-lendas-e-misterios-as.html

sábado, 24 de novembro de 2012

EVENTO RELIGIOSO: CÍRIO DE CARANANDUBA

 

O Círio de Carananduba, na Ilha do Mosqueiro, Distrito de Belém, homenageia Nossa Senhora da Conceição, cujo templo foi inaugurado no dia 10 de janeiro de 1914. Com o crescimento populacional da Ilha, em 2008 foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, que partilha com a Paróquia de Nossa Senhora do Ó a Missão de Evangelizar da Igreja Católica. O Círio acontecerá amanhã, dia 25, e, hoje à noite, será realizada a Trasladação da Imagem da Santa Padroeira.

clip_image002

“O Círio da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na Ilha de Mosqueiro, também realizará procissão mariana. A romaria sai da Comunidade Santa Rita de Cássia, no Carananduba, logo após a realização de uma celebração eucarística. Já os amantes de músicas animadas católicas poderão conferir os hits da banda Trio Cristo Dance. Este ano, a festa tem como tema: “Com Maria enraizada na fé em Cristo” e busca, dentre outras coisas, motivar jovens e adultos para a construção do novo templo religioso da comunidade católica.

A programação encerra no dia dedicado à padroeira, 8 de dezembro, com o Santo Ofício, às 7 horas, seguido de missa. Às 12 horas, haverá uma novena de bênção da Imaculada Conceição. A celebração solene será às 19 horas.”

clip_image004

Padre Francisco das Chagas convida para o Círio de Nossa Senhora da Conceição

FONTE: http://paulinasbelem.blogspot.com.br/p/arquidiocese-de-belem.html

FONTE DA IMAGEM: http://www.igreja-catolica.com/nossa-senhora/nossa-senhora-da-conceicao/imagem-de-nossa-senhora-da-conceicao.php

PESQUISE NESTE BLOG:

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2012/03/na-rota-da-historia-cirio-da-conceicao.html

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A FICÇÃO E A ILHA: A LENDA

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

        Puc puc puc puc...

        O barco-motor ia assim deslizando e decepando ao meio o piso líquido à sua frente.

        Era já a Curva da Cobra. Era já noite alta. Ar sereno. Estrelas salpicando o céu. Maré seca.

       O túnel formado pelas ribanceiras e árvores da margem, tão compridas que se esticavam como querendo tocar o céu, ia a pouco sendo vencido pela embarcação. Nem um leve temor parecia assustá-los, apesar das histórias que se contam sobre o local...

        Motor já desligado, barco empurrado por varas. Foi escolhido onde ancorar. Lugar bonito. Muitos açaizeiros. A gente nem é capaz de lembrar mais como era quando os palmiteiros mutilaram os açaizais uns dez anos... sei lá, talvez onze.

         ─ Por que aqui? ─ perguntou Simão.

         ─ Muito seco pra acolá, respondeu Pedro quase gritando lá da proa. ─ Dá não. Melhor ficar aqui té enchente.

         Era preciso dormir um pouco. A cachaça ajudava. Bebida, fumo, todos dormiram depois. Mas não muito. Tempo não dava.

         Logo amanheceu. Cabeça da maré vinha vindo. Não fosse a pressa, podia se admirar o céu e as nuvens, as siriubeiras e as aves, ou mesmo os sararás na lama.

         Um pouco de café com farinha. Torradas velhas, água amarela do rio pra beber. Às vezes, João queria deixar essa vida. No entanto, estava acostumado. E havia ainda a necessidade que tinha do trabalho. E, quem sabe no fundo, não gostasse de viver assim. Mas é uma vida tão dura... O peixe às vezes farto, às vezes escasso. As redes ora boas ora rebentando... o barco fazendo água, precisando de calafeto. A saudade das namoradas que quase não teve, a família que estava distante, de quem não tinha notícia um tempão. A pobreza de tudo, de quando em vez, deixava-o assim.

          ─ Vamos, João, chega de folga.

          ─ Calma, Pedro, já vou.

         Era assim sempre: estando concentrado, pensando-pensando nas coisas... o trabalho, sempre o trabalho acima de tudo.

       Subiram mais um pouco o igarapé. Lá na estância descarregaram os esteios que tinham transportado como biscate. Serviço brabo sem luvas. Acapu tem muitas ferpas. Sem falar no peso. Mão do carregador sofre, ombro mais ainda. 
         Serviço findo, conversa fiada depois da água gelada. Tudo neles era suor e mau odor, sentados os três ali na beira em cima daquelas raízes grossas e lamacentas. Maré já vazava. Carecia não demorar além do tempo.

          ─ Quanto vamo pegar?

          ─ Uns 20 mil, acho...

          ─ Mesmo que seja só 10, eu já faço muita coisa com minha parte.

        Seu Armino aproximou-se. Disse, estendendo a mão para Pedro:

          ─ Tome, pegue o dinheiro de vocês.

          Era dinheiro razoável.

          Tinha festa naquela noite. Muitos iam ao terreiro do tio Oragão. Os três também.

          João, dos três, é o mais atarracado. É branco. O sol bronzeara um pouco. É o mais novo. Sonhador, mas a ideia de mudar de vida já quase lhe fugia da memória, desesperançoso, apesar da pouca idade... triste. Já quase não fala com ninguém. Os dois outros estranharam no início, mas se acostumaram com seu jeito.

          Simão é mediano de altura. Mulato, pouco magro. O que não quer dizer fraco, o contrário disso. É otimista. A gente pode dizer que ele gosta da vida que leva. Trabalha com barco uns oito anos.

          Pedro é alto e forte. O mais velho. Talvez por causa disso é respeitado por todos. Não só os dois: todos. Também é calmo e observador. Experiente, tem sempre muitas histórias para contar.

           A gente pode dizer que são um trio. Se entendem.

          Pararam no porto do Leônidas. Beberam. Muita branquinha depois, banho de rio. Água lamacenta, poluída por muitos sanitários. Pessoas expulsas, no processo capitalista selvagem, deixam o chão seco para (sobre) viver na beira do igarapé. Mas isso pouco importa. Bebido, ninguém dá bola. Esfrega-se o corpo com sabão em barra, como se essa água levasse o sabão depois e não deixasse sujeira no lugar do suor pixelento. Não é lucro. Mas não ligavam.

          Aprontaram-se para a festa. Desceram do barco, pegaram uma canoa até a beira, mas a lama era muita. Arregaçaram as calças, sapatos nas mãos. Lama, lama, lama.

         Engataram, saindo do porto, no primeiro boteco, emporcalhados. A gente não sabe se era para se lavarem ou para tomar mais pinga.

         Depois, movidos como que por instinto, passaram na casa do mestre Garinaldo, fazedor de montarias.

          ─ Discupe as hora, Mestre, é...

         ─ Ora, que discupe que nada, Pedro. Entre. Entre vocês também.

          ─ Seu Naldo... ─ disse um.

          ─ Seu Naldo... ─ disse o outro.

          Tímidos, os dois foram entrando.

           ─ Clarinda, venha ver quem taqui! ─ gritou o Mestre.

           Mestre Naldo, como gostava de ser chamado, gostava muito de Pedro. Pedro tinha sido criado ali, com Mestre Naldo. Sua profissão, quem lhe ensinou o principal? O Mestre, ele, homem bom e sério, agora velho e meio decrépito.

           ─ Pedro, seu filho dumégua! Agora é que aparece? 

           Era Clarinda, que estava ali na sua frente vinda de detrás da cortina rasgada, com um camisolão ruço, já meio rasgado.

           Ela e Pedro abraçaram-se. Depois de trocarem algumas palavras, ela, virando-se para os dois, disse:

           ─ Vocês estão bem?

           ─ Sim ─ respondeu um.

           ─ Sim ─ respondeu o outro.

           ─ Vamo tomá uma branquinha? ─ foi o convite do Mestre.

           Muita dose depois, já bem tarde, todos se foram. Todos, menos o Mestre. Até Clarinda foi.

          Dentro da sede, confusões, empurra-empurra, bofetões. Hesitaram um pouco, depois entraram, mais levados pelas pernas e por Clarinda que por suas próprias vontades. Pesados, quase nem saíam do canto onde estavam.

          Ali por dentro era assim: confusão formada, porrada em seguida. Muita gente, uma panela de pressão. Dos quatro, só Clarinda sóbria, os outros já piruetavam em torno de si, orbitando. Pedro a custo dançava com Clarinda ali, num cantinho, bem pertinho-pertinho da cerca e da árvore de limão caiana. Se é que aquilo era dança mesmo, já que Pedro não dança nada. Os dois outros bebiam perto do banheiro, precavidos

          Muita cerveja mais tarde, todos, até mesmo Clarinda, que   tinha bebido alguns copos de cerveja, praticamente estavam de pé por milagre, a gente acha. Nunca beberam tanto. Beberam os calos da mão e os ferimentos do ombro, beberam quase todinho o dinheiro, dinheiro ensopado de suor oleoso e fedorento.

          Do outro lado, gente dançava merengue ouvindo xote, brega em ritmo de carimbó. Só os menos bêbados dançavam como a música pedia. E misturava-se de tudo: mambo, axé music, regae, funk, house... Dava tudo um caldo só, que só indivíduos fora do estado normal poderiam tolerar e, ainda mais, gostar. 
        Pulos, rodopios, piruetas, quedas, encontrões... tudo em favor do desabafo estressado de quem já não é esperançoso de mudança ─ pelo menos para melhor ─ na vida. Salários miseráveis (isto os que têm emprego!), dívidas, ignorância, sofrimento: tudo emana pelos poros, em suores fedidos e misturados... “Bebida e festa é enganote po célebro discansá!”, como dizem alguns. 
        Num repente, do outro lado veio um mundo de gente se socando. Um buraco se abriu ali no meio. Gente em fuga é desesperada! Caem, chocam-se, derrubam cercas e gente. Assim aconteceu com Pedro e Clarinda, machucando-se no pé de limão caiana. Simão viu aquilo. Enquanto os dois se levantavam lentamente (Clarinda, que gostava m e s m o de Pedro, sorria muito; aliás, gargalhava), Simão, com o olho vermelho que nem de saracura, descontroladamente correu e engarrafou a cara de um sujeito.

        O quebra-pau do outro lado se finava. Uns correram de lá esperançosos de poder participar de tão amena questão. E o que viram? Viram um homem de cara ensanguentada, caído, e outro, com um gargalo, bem defronte dele, em pé, trêmulo.

        Num susto, pipoca tudo. Mulheres correndo, berrando estridentes. Homens fazendo covardemente pior. Simão, cercado de mãos com paus, pedras e garrafas. João acode com estacadas. Pedro, levantando-se, exibe um facão. Tudo confuso, incompreensível. Barulhos e gritos. Sangue. Um estampido. Tudo para momentaneamente. Clarinda, que correu para Pedro, cai. Já não fala, já não respira. Desespero de Pedro, que fura mais dois. Dois outros estampidos: Simão. Pobre e estúpido Simão! Pobre Clarinda!

        Horas depois, nas matas das várzeas, os sararás saem das tocas, os pássaros em revoadas sobem e descem das copadas árvores, lembrando confetes jogados na passarela do carnaval. Garças cautelosas saboreiam camarões. As arirambas ariscas já fazem o mesmo, se bem que usando outras técnicas. Os urubus sobrevoam a floresta, todos indo na mesma direção. 
           Mas nenhum dos três observava. O barco estava ainda lá, próximo dos barrancos de tabatinga. A gente deve pensar que os três, ou melhor, os quatro, contando com Clarinda, já passaram desta para uma pior? Será? Vamos ver...

           É madrugada ainda. É perto da festa, ou daquilo que foi uma festa. Várias pessoas correndo incentivadas por uma sirene de polícia.

          Muitos viram o sol nascer pelos balancins (na delegacia, lógico). Muitos. Mas nenhum viu aquela bela cena na várzea. E Pedro e João? Foram presos? Não. Não foram. Os dois estavam ali na várzea, porém dormindo, quase um sobre o outro, ao pé de uma corticeira. Escaparam da polícia entrando num córrego e adentrando as matas dos igarapés, cambaleando, mas já um pouco recuperados pelo choque.

           Esbaforidos, tropeçavam nos gravetos e se arranhavam nos galhos e espinhos das picadas que levavam igarapé adentro.

           ─ Pedro, Pedro... PEEEDRO!

           ─ Quié?!

           ─ Pedro, eles estão mortos?

           ─ Sim!

           ─ Mas será...

           ─ Droga, cala a boca e corre!

           Muito tropeção e queda depois, enfim Pedro desaba no chão, feito árvore de madeira nobre decepada pela motosserra.

           ─ Pedro! Pedro! Quitá acontecendo?

          Um dos dois últimos tiros o atingiu. Bem na barriga. João rasgou a camisa, amarrando-lhe o abdômen para estancar o sangue. Arrastou-o até o tronco de uma árvore alta e, também desmaiou de sono e cansaço.

          Muita hora dormida depois, só João acorda. Pedro, não podia mais. João chorou muito. Pensou ter sido tudo um sonho, mas acordou e... chorou, chorou muito.

          Os urubus voltavam. Já era boca da noite, e a gente pode encontrar João todo ferido e enlameado, próximo ao barco. Escondia-se entre umas touceiras numa das margens do igarapé. Não sabia bem que fazer. Dúvidas multiplicavam-se e chocavam-se em sua consciência. Ia à polícia? Seria preso? E os corpos de Simão e Clarinda, já foram sepultados? Ou foram levados para o IML? Pedro, pobre Pedro! Dormiria sempre ali, ao pé da corticeira e sob a lama que lhe sepultava, o único e verdadeiro amigo?

          João não conhecia muita gente não. Quem o ajudaria? Ele pensava, pensava, não arranjava solução. Situação sem remédio, pensava. Será que estavam procurando por ele? Vigiando o barco? Ali esperaria. Ficaria alerta. 
          Muita ferrada de inseto depois, resolveu nadar até o barco, silencioso, como um tralhoto, tal a habilidade que a gente pode imaginar. Antes de subir, esfregões que tiram lama e mostram lesões, arranhões, cortes. Menos intranquilo, ia subindo no barco, quando notou um sacudir diferente, como se tivesse alguém andando dentro da cabina.

          Acautelou-se. Subiu devagar. Sabendo que o outro já sabia dele a bordo, foi direto à porta da cabina, com a lata, que servia de panela, na mão. Pensou: “Ô vai ô racha!” Abriu. Levou uma pernamancada que atingiu em cheio a lata. João empurrou seu agressor, que na queda perdeu a pernamanca. Engalfinharam-se os dois, caíram em cima do motor, chocaram-se contra as paredes. Luta dura e estranha no escuro. Mas João, que tal qual um bom soldado conhece seu território mesmo no breu da noite, apanhou do chão, que é ao mesmo tempo casco, uma pedra de tijolo, usada em par no fogo, para sustentar panela quando se faz comida nos “tesos”.

          “Prac”, foi o som do choque no crânio do agressor.

          Cansado, assustado, João descansou. Mas pouco. Logo ouve:

           ─ Merreco, Merreco! Quitá acontecendo?

           Ouve aquilo várias vezes e de diferentes bocas.

          Os gritos vinham da margem oposta de onde João veio. Os traque-traque dos gravetos quebrados faziam crer que havia pelo menos uma meia-dúzia de gente.

         Corre, arriba a âncora. Liga o motor. Ouve tiros. Manobra, quase encalha. Consegue, enfim, seguir adiante. Ainda tentam correr na lama da beira. Tentativa inútil: pedras cortantes, mangueiros, espinheiros. Obstáculos de mais. Desistem.

          João acende a lamparina. Está menos tenso. É quando olha o chão. Não vê ninguém. Súbito sente uma, duas facadas. Nas costas. Dor, horrível dor! Vira-se. Um homem de cara ensanguentada é o que vê. Cambaleando, exibe na mão uma faca pingando sangue.

            ─ Ah! Diacho! Tu vai junto! ─ grita contorcendo-se e arriando no chão. 
            Só que antes lhe atira a lamparina na cara, que logo o fogo devorará, não só a cara feia mas todo o corpo; aliás, os dois corpos, o barco também, que lentamente vai decepando ao meio a superfície do rio, ardendo em chamas, até ficar preso às raízes dos mangueiros, que são enormes ali na Curva da Cobra.

          Um imenso par de olhos vermelhos testemunha a cena-tragédia, a gente não pode dizer se plácida ou sinistramente.

         A gente lastima muitíssimo, porque João não leu a manchete que saiu na primeira página dum jornal, à tarde: “Gangue agride e mata casal numa festa nesta madrugada”.

 

FONTE:http://www.komedi.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=9251

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

MEIO AMBIENTE: MOSQUEIRO E A GESTÃO HÍDRICA NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO

Autor: Pedro Leão

clip_image002

 

A água é o bem essencial à manutenção da vida na terra e responsável por garantir inúmeras atividades importantes na sociedade como a irrigação na agricultura, atividades industriais, o uso doméstico, a pesca, a geração de energia elétrica, o lazer e o turismo, além de ser o principal fator indutor da sustentabilidade no planeta.

A água doce representa apenas 2,5% de toda a água disponível no planeta, sendo que, desse percentual, menos de 1% encontra-se nos rios, disponível para uso.

O Brasil possui grandes reservas de água doce, superficiais e subterrâneas, sendo que a Região Amazônica detém cerca de 70 a 80% daquelas e possui 7% da população do país.

No marco da grande crise ambiental de nossos tempos, urge soluções para a problemática do uso e gestão dos recursos hídricos, já que a mesma coloca em risco a disponibilidade da água potável parta as futuras gerações.

Com o acelerado crescimento populacional e ampliação de atividades na vida do homem, cresce o consumo de água, mas também o seu desperdício, aliado à poluição crescente dos cursos d’água, na área rural e nas áreas dos rios e igarapés urbanos, seja na área continental ou costeira.

Face às perversas consequências advindas dos inadequados usos, da escassez em muitas áreas e da demanda crescente pela água, as comunidades, empresas, instituições científicas, ONGs, parlamentares, entidades judiciárias e governos vêm aplicando e aperfeiçoando, conforme mecanismos técnicos e legais, a sustentabilidade do uso da água, ao estabelecer os seus domínios e efetivar a gestão dos recursos hídricos nas regiões e estados brasileiros.

Sendo a Região Amazônica a maior em disponibilidade hídrica do país, onde o estado do Pará participa com 1.134,7 Km2/ano, o Rio Pará é o segundo rio do sistema da foz do Amazonas, formado pela confluência de um ramo do Amazonas com o rio Tocantins.

A nível legal, o Estado do Pará, pela da Lei 6.381/2001, através da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SEMA, instituiu e vem implementando seu Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e, além de implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos, coordena a gestão integrada dos recursos hídricos no estado.         

Afora os inúmeros conflitos entre diversos grupos sociais e setores de interesses pelo uso e controle das águas na Amazônia, como os pescadores e garimpeiros ou entre comunidades indígenas e governo na disputa das áreas de grande potencial hidroelétrico, o seu uso desregrado e inadequado tem levado a que especialistas da região alertem sobre essa problemática. Estudo realizado através do projeto MEGAM/2002, afirma que:

“A hidrografia da região Amazônica é riquíssima. É nesta região que se encontra a maior bacia hidrográfica do planeta, formada pelo rio  Amazonas e seus afluentes. No entanto, apesar da grande abundância de  água que drena a região, a qualidade do ecossistema aquático está  seriamente comprometida pela quantidade de substâncias químicas, lixo e  efluentes domésticos e industriais, que são lançados em rios, lagos e  igarapés, sem nenhum tratamento ou controle de preservação. Tanto em  áreas urbanas quanto rurais, este problema torna-se cada vez mais  impactante para a saúde ambiental do sistema hídrico devido, principalmente, à falta de infraestrutura sanitária, cujos dejetos escoam  diretamente para os cursos d'água e solos e, no caso das áreas rurais, de onde  a população retira o alimento e a água para beber e banhar-se.

Desse modo, as populações que habitam estas áreas insalubres  correm sérios riscos de contrair doenças hídricas, como a cólera, febre  tifoide e leptospirose, constituindo-se em grave problema de saúde pública. “

O rio Pará banha a Ilha de Mosqueiro, distrito de Belém e principal balneário da Região Metropolitana de Belém, incluído na trilha internacional de turismo.

Responsável por drenar uma área de 0,7 X 106 Km2 e possuir uma vazão estimada em 104 m3/s, o rio Pará tem importância precípua para esta faixa de terra insular, pertencente ao município de Belém, já que banha 16 das 19 praias de água doce com ondas de rios, referências no turismo de veraneio.

Ao localizar-se no estuário Amazônico, a Ilha de Mosqueiro, nas últimas décadas, vem sofrendo influência e recebendo impactos sócio-culturais e históricos de todas as ordens, e em ritmo acelerado, no seu espaço de ocupação e produção que se integra e se combina à dinâmica do processo de desenvolvimento regional excludente, mas marcado no último período pela ação de diversos atores sociais, pelo controle, uso e gestão de seus recursos naturais. Dessa forma, os estudos e ações de gestão nesta comunidade tornam-se inadiáveis no sentido de se  garantir à população, além da  potabilidade da água e acessibilidade ao seu uso, a ampliação da rede de esgotamento sanitário.

Apesar de possuir em sua zona balneária um sucateado sistema de esgotamento sanitário com 51.500 metros de rede coletora, a Ilha de Mosqueiro vem sendo espaço de toda sorte de agressão ao seu meio ambiente, como extração ilegal de areia e outros minerais, desmatamento, poluição de suas águas através de lixo, de esgotos a céu aberto, de sanitários e fossas à beira dos rios e dos materiais sólidos oriundos de seus assoreamentos.

Esses problemas instalados em um balneário colocam em dúvida a qualidade de água utilizada para o banho nas praias e da utilizada no consumo por parte da população ribeirinha.

As águas do rio Pará são utilizadas na pesca artesanal local ou por pescadores de muitos outros municípios desta região do estado, inclusive aqueles oriundos da ilha do Marajó. O rio Pará é estratégico, por garantir, através do canal do navio, condições de navegação e transportes aquaviários ao Porto de Belém, possibilitando o comércio da metrópole da Amazônia com muitos outros centros comerciais no Brasil e no Mundo. É através dele que é realizada parte do abastecimento de derivados de petróleo para Belém e muitas outras regiões do  estado.

Apesar de fazer parte da composição do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, os Comitês de Bacias Hidrográficas não existem ainda no estado. Portanto, o rio Pará ainda não conta com estes instrumentos-base da gestão participativa e integrada da água, que têm papel deliberativo e são compostos por representantes do Poder Público, da sociedade civil e de usuários da água.

Posted 19th May by Pedrosleao@yahoo.com.br

FONTE: http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2012/05/mosqueiro-e-gestao-hidrica-no-estuario.html