quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CANTANDO A ILHA - MARAHU: Primeira Relação

Autor: Max Martins

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Foto: Paula Sampaio

MARAHU: Primeira Relação

 

2 formigas - operárias
ápteras
ou novatas, não
de fogo mas
noturnas, doces
1 grilo
(depois aprisionado
pela aranha, morto
ao amanhecer).
O canto dum galo
e outro galo.
A saracura. A tarde.
2 gaviões molhados
encolhidos no pau da árvore
pensos.
Garças
sobre as pedras
negras da praia.
Os urubus
o boto morto
um cão medroso, sapos
sapos
sapos
1 goteira
sapos
chuva
o sol
vindo do mato
às 7
da manhã.
A noite
a escuridão o vento as velas
de Lao-tsé
Thoreau
e o meu cajado de bambu rachado
o chão
folhas úmidas.

O autor:

"A minha poesia tem uma relação muito veemente com a vida.
É poesia-vida, vidapoesia".
(Max Martins)

Max Martins nasceu em Santa Maria de Belém do Grão Pará em 1926. A partir de 1934, fez estudos nas áreas de Poesia, Artes, Literatura e Filosofia, nunca abandonando a formação autodidata.

Os primeiros textos de Max foram publicados por Haroldo Maranhão em um jornal escolar denominado “O Colegial”. Foi a partir desse jornal de alunos, que floresceu uma amizade entre Max, Haroldo e Benedito Nunes que dura mais de 50 anos. No período de 1945 a 1951, eles participaram juntos do suplemento literário “Folha do Norte”, de grande importância na época.
Ao lado de Benedito Nunes, Francisco Paulo Mendes, Rui Barata, Mário Faustino, Paulo Plínio de Abreu, Haroldo Maranhão, viu chegar a modernidade na poesia brasileira, da qual se tornou um dos poetas mais expressivos. Sua obra está traduzida para o alemão, inglês e francês.

Sua poesia é transgressão, é ruptura, é um fora na mesmice, é espelho para os novos poetas.

Livros publicados: O Estranho, 1952; Anti-Retrato, 1960 — ambos de poesia. Tanto o primeiro como o segundo livro receberam respectivamente os prêmios da Academia Paraense de Letras e Secretaria de Educação do Estado do Pará; H'Era, 1971; O Ovo Filosófico, 1976; O Risco Subscrito, 1980; A Fala entre Parênteses, 1982 — em parceria com o poeta Age de Carvalho; Caminho de Marahu, 1983; 60/35, 1985; Não para Consolar— Poesia Completa — Prêmio Olavo Bilac da ABL, dividido com o poeta António Carlos Osório, 1992; Para Ter Onde Ir, 1992; Colmando a Lacuna — Poemas Reunidos, 1952-2001.

Max Martins é dos mais instigantes, vale ouvir, vale a leitura, vale a reflexão.

O mundo das letras se despede de um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, o poeta Max Martins. Max morreu no final da tarde de 9 de fevereiro de 2009, aos 82 anos. O legado poético que fica, eternizado por versos de finas estampas, é o de um gênio da palavra que fez da poesia um ato de resistência.

Mas poeta não se despede, e nem morre...

FONTES: http://academiadospoetasparaenses.blogspot.com/2009/01/poesia-de-benilton-cruz.html

http://academiadospoetasparaenses.blogspot.com/2009/02/morre-o-poeta-max-martins.html

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