quinta-feira, 25 de março de 2010

S.O.S Pantanal

A OUTRA FACE DA ILHA

S. O. S. PANTANAL

Quem visita e conhece o Mosqueiro sabe do grande potencial da ilha para os mais variados tipos de turismo: de sol e praia, ecológico, de aventura, histórico e de eventos. O clima, o ar impoluto, resquícios de certo bucolismo e a beleza paisagística são atrativos incontestáveis.

Entretanto, em alguns pontos da ilha, a população vive em condições subumanas, enfrentando sérias dificuldades, por falta de um saneamento básico imprescindível e de uma atitude responsável do Poder Público. Não é raro que os governantes deixem os problemas sociais acontecerem, às vezes até por interesses político-partidários, e depois não consigam resolvê-los pela inoperância administrativa ou falta de vontade política. Assim acontece no Pantanal.

O Pantanal mosqueirense, à semelhança do Pantanal da Grande São Paulo, alaga com as chuvas fortes e com as enchentes do rio. Aqui como lá, a ocupação aconteceu em área de várzea (espaço que pertence ao rio), portanto passível de alagamentos. O Cariacanga atravessa a comunidade; ontem, um igarapé profundo e cheio de vida; hoje, uma vala rasa e poluída, um esgoto a céu aberto. E o Projeto de Esgotamento Sanitário que enterrou milhões de reais nas ruas do Mosqueiro? Será que jaz no esquecimento? É bom lembrar que quase todas as águas pluviais que caem sobre a Vila convergem para o Cariacanga, o qual, por sua vez, as lança na baía de Santo Antônio. Será que essas águas são devidamente tratadas?

Confirmando essa situação calamitosa, ratos, baratas, mosquitos e até cobras atormentam os moradores. Morte por leptospirose já ocorreu. Estivas aos pedaços e pontes destruídas oferecem risco à integridade física de todos, principalmente das crianças, cuja saúde já se acha comprometida pelas águas fétidas e poluídas do córrego.

Como se isso não bastasse, parece que o Programa de Energia para Todos do Governo Federal empacou no Pantanal mosqueirense. Sem posteamento e fiação regular suficientes, sem providências da empresa responsável, só restam as ligações clandestinas, o risco de curto-circuito e de incêndios e o perigo de alguém ser eletrocutado. Não é à toa que a comunidade local reza para Santo Expedito (SANTO DAS CAUSAS URGENTES), pedindo-lhe que desperte, nas autoridades, o senso do bem comum, a fim de que soluções imediatas minorem o seu sofrimento.

Esperamos que o tão propalado Projeto da Alça Viária Municipal não reproduza esse problema nas várzeas do sudoeste da ilha, pois esse é o tipo de “progresso” que nós, mosqueirenses, não queremos.

Claudionor Wanzeller

Fotos do Pantanal Mosqueirense:

 

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sábado, 13 de março de 2010

Axé do Bloco Grande Família da Baía do Sol

PRAIA GRANDE DA BAÍA DO SOL

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NA ROTA DA HISTÓRIA: A Ocupação e Colonização da Baía-do-Sol

 

NA ROTA DA HISTÓRIA

A Ocupação e Colonização da Baía-do-Sol

(Contribuição à História da Baía-do-Sol pelo Sr. MANUEL SILVA, morador conhecido como SINUCA e descendente de Simão Nunes, pai do Padre Antônio Nunes da Silva, donatário da Sesmaria concedida pela Coroa Portuguesa em 1746)

“Há séculos atrás, essa região era conhecida como Queimada, pelo fenômeno que acontecia no cabo do Queimado (ponta do Queimado): Nas noites de verão, havia incêndios na área sem ninguém tacar fogo, devido ter no local muito umirizeiro, madeira de onde escorria um óleo que se incendiava com o calor. Falavam de petróleo, mas com a pesquisa realizada pela Petrobrás, foi totalmente descartada essa hipótese.

Com pesquisas feitas no ano 2000 pelas universitárias Maria Luzia Álvares, Maria Cristina Maneschy, Josinete Lima e Marineide Almeida, no Capítulo 5 do livro sobre os pescadores e pescadoras da Baía-do-Sol registrou-se que os primeiros habitantes do lugar foram os índios tupinambás e morobiras, que vieram da ilha de Colares e desenvolviam interesse pela pesca. Eles acabaram escravizados pelos europeus colonizadores que aportaram no local.

O reconhecimento da área foi feito antes da chegada dos portugueses por expedicionários holandeses, franceses e espanhóis, que travaram escambo com os indígenas. Esses expedicionários construíram um forte na parte mais alta da Baía-do-Sol e, além disso, utilizaram a mão-de-obra indígena para colher, semear e construir. Primeiros escravos dos europeus, os índios se tornaram livres a partir de 1754, por declaração do governador-mor do Pará, Mendonça Furtado. Então, o escravismo negro chegou à Baía-do-Sol.

Simão Nunes foi um dos primeiros moradores da área e fez o povoamento junto com os nativos. Seu filho, o Padre Antônio Nunes da Silva, recebeu da Coroa Portuguesa, em dezembro de 1746, a primeira posse de sesmaria, sistema que beneficiou somente a família Silva. Os demais proprietários não têm registros de sesmarias.

Quando os colonizadores chegaram à Baía-do-Sol, havia malocas de índios e taperas de palha na beira da praia. Com a posse das terras do lugar chamado Santana, o Padre Antônio Nunes da Silva deu início ao sistema de colonização dessas terras, primeiro com a ajuda dos indígenas e, depois, já com os negros africanos. Com a vinda dos escravos, foram construídas as “casas grandes” de madeira, onde moravam os senhores, ao feitio da casa grande do Sítio Conceição, que ainda se mantém conservada. Hoje, o lugar é mais conhecido por Fazendinha, com uma população diversificada pelo grande entrelaçamento étnico. A produção local, nos séculos XVII e XVIII, consistia da pesca artesanal, cultivo de roças e coleta e extrativismo animal e vegetal. No século XIX, com o desenvolvimento dos sítios agrícolas, além da pesca artesanal, observam-se a plantação de pimenta e tabaco, a produção de carvão vegetal; a coleta de sementes oleaginosas, frutas tropicais e plantas medicinais; e a criação de caprinos.

Portanto, o povoamento da Baía-do-Sol deu-se pela ação da família Silva desde o século XVII e, através dos tempos, destacaram-se Raimundo Nonato Silva, pai da querida e inesquecível Baiana; no Sítio São João, José da Silva, pai dos Silva na Fazendinha; Francisco Ribeiro da Silva, pai dos Silva na Camboinha; Samuel da Silva, pai dos Silva na Praia do Anselmo (Bacuri) e Leocádio da Silva (Fuluca), pai dos Silva no Conceição.

Quando me entendi, conferi os bairros assim habitados: FAZENDINHA: Rufino José da Silva, José da Silva (filho), Veneranda da Silva (filha), Jorge da Silva, Dionísio Lúcio da Silva, Claudomiro Marçal da Silva, Catarina da Silva, Sebastião da Silva, Raimundo Nonato da Silva, Pócia da Silva, Antônia Mendes da Silva, Fermiana Mendes da Silva, Francisca Escolástica da Silva, João Batista da Silva, Martinho Gomes da Silva, Clara Mendes da Silva, Severino da Silva; ATRÁS DO CAMPO: Elói Gomes da Silva, Henrique G. da Silva, José Pedro da Silva (dono do 1º. Comércio e pai da Alcíbia da Silva: Guita), Luiz Cordeiro da Silva (dono do 2º. Comércio, na Prainha); CAMBOINHA: Francisco Ribeiro da Silva (Pachecu), Augusto Ribeiro da Silva (Ribeiro), Augustinho Ribeiro da Silva (Passarinho), Lourenço da Silva (Lavareda), Eudóxio da Silva, Nicolau da Silva (Caiana), Francisco Ribeiro da Silva (Badutinho), Manuel Cesário da Silva, Ângelo Pinto dos Santos (dono do 4º. Comércio); PRAIA DO ANSELMO ( depois BACURI, nome oriundo do Marajó): Samuel da Silva, Claudomiro Lúcio da Silva (Coló), Mário da Silva (Mário da Joana), Boaventura da Silva (onde ficam a praça e a escola), João da Mata Silva, João Pamplona da Silva(dono do 3º. Comércio, na Queimada), Antônio Fernandes da Silva (Cajuti), Raimunda Agostinha da Silva (filha do Samuel Silva e herdeira das terras de Júlio Silva), Lúcio da Silva, João Holanda (dono do 5º. Comércio); PRAINHA: João Pena Valois (João Tostão), Antônio Santos (Caxixi), Leocádio da Silva (a quem coube o Sítio Conceição), Lauro Silva (Sarinho, agora Souza), Conceição Geraldo Silva (Professora Carmita).

A primeira estrada foi aberta a mão pelos garis da Prefeitura, tendo como Agente Distrital Luiz Bentes, Capataz Benedito Pinto dos Santos e o apoio comunitário de Antônio Fernandes da Silva e João Batista da Silva. A primeira pintura asfáltica aconteceu ainda em 1958. A energia elétrica foi inaugurada na gestão do governador Alacid Nunes, no dia 31 de maio de 1962. A escola e o posto médico foram entregues à população, no dia 15 de janeiro de 1969, pelo prefeito Stélio Maroja.

Pesquisas realizadas para comemorar a 3ª. Geração dos Silva atribuem a um pescador maranhense que teria ancorado na baía, em frente à ilha de Colares, a denominação do lugar: BAÍA DO SOL.”

quinta-feira, 11 de março de 2010

Cantando a Ilha: Samba Enredo da Universidade de Samba Piratas da Ilha 2006

Autoria: Armandinho

Cantando a Ilha: Samba do Bloco Grande Família da Baía do Sol 2010

JANELAS DO TEMPO: ANTIGOS CARNAVAIS

JANELAS DO TEMPO

ANTIGOS CARNAVAIS

Você, amigo mosqueirense nato ou de coração, amante apaixonado de nossa ilha e de nossas tradições; você, que vive intensamente cada momento e ama o Carnaval, essa manifestação folclórica tão expressiva que nos remete às nossas raízes; você, caro leitor, precisa saber que preservar tradições está além de interesses pessoais, financeiros ou político-partidários: preservar tradições é trabalho, é dedicação, é sangue, é coração e, sobretudo, é amor, sentimento que faz o homem exaltar as coisas de sua terra e identificar criador e criatura.

No início, o Carnaval era diferente: jogava-se água e farinha nas pessoas - o entrudo. Proibido o entrudo, apareceram as máscaras, os blocos e os tradicionais trotes. Surgiram os cordões, as batalhas de confete, o corso com serpentina, os ranchos, as sociedades com carros alegóricos, as escolas de samba, os desfiles de fantasias e os bailes. Dizem que o primeiro cordão foi o “Flor de São Lourenço” (Rio, 1885). Na história do Carnaval do Rio, ficaram famosos os blocos “Dois de Ouro”, “Flor de Abacate” e “Ameno Rosada”. Contam que a primeira escola de samba (“Deixa Falar”) nasceu no Estácio, um bairro carioca, com seus músicos tocando pandeiro, cuíca, agogô, tamborim, frigideira e com suas passistas requebrando em suas roupas de vidrilhos, plumas e rendas.

Nossa ilha, caro amigo, também viveu as fases dessa evolução carnavalesca, chegando a ser, em 1992, a terceira maior representante do Reino de Momo em nosso país, ficando atrás apenas do Rio e de São Paulo. E, nessa evolução, há muito que se registrar.

Nos remotos anos da primeira metade do século passado, encontraríamos, nas ruas arenosas de nossa ilha, cordões como o “Cordão do Siri” (1919),“Cordão da Arraia”(1920),“Cordão do Espadarte”(1921), “Cordão da Mucura”(1922), “Cordão da Pescada”, “Cordão do Jacaré”, organizados pelos tripulantes do famoso navio Almirante Alexandrino;“Pelintras da Estrada” e “Cordão dos Roceiros” do Professor Rufino Magalhães; o “Alvi-Azul” do Pedreira Esporte Clube ( com sua famosa marchinha do mesmo nome) e o “Enfeza” do Botafogo Futebol Clube, além da Marujada.

Figuras mascaradas despontam nas recordações do passado como os dominós, os marcianos, o homem de lama, o bicho folharal, o gorila (Diógenes Godinho) e seu domador (Tote) e tantas outras personagens grotescas buscando premiação nas batalhas de confete. Como exemplo, citamos o falecido França, que não teve dúvidas em se cobrir com vísceras de animais, para conquistar o título de o mascarado mais sujo do carnaval mosqueirense.

A partir dos anos 50, destacam-se os blocos como “Foliões da Vila” da turma botafoguense, “Marujos do Amor” da torcida pedreirense; o “Bloco da Vitória” de Mundiquinho Bastos, saindo da antiga Padaria Vitória com suas alegorias-de-mão luminosas; os “Peles Vermelha” (1956) de Expedito Moraes e Zezé Braga, com seus valentes guerreiros fazendo a festa na ilha dos morobiras; a “Expedição Africana” de Davi Teixeira, com seu desfile de animais selvagens e “Piratas da Titia”, oriundo do time de futebol Mato Grosso e mudando de nome a cada ano: “Os Tesourados”(1969), “Conosco Ninguém Podemos”(1970) e, finalmente, “Piratas da Ilha”(1971), bloco que congregou Agostinho Pereira (Macarrão), Diógenes Godinho, Joaquim Bentes(Quincas), Carlinhos Mathias, Chico Tripa, Cabeça, Tote, Didi do Tiduca, Lito e Emanuel Braga entre outros. Apareceram também “A Patada” da turma piratense, o “Arrastão da Ilha” do saudoso Carequinha, “Puxe o Saco, mas não me quebre o Pau” de Santino Dias, “Há Jacu no Pau” do Cintra, “Gaviões da Ilha” do Carananduba, “Unidos do Chapéu Virado” de Toninho Russo, “Tá Feio” do Empata’s Phoda Bar, “Arrastão da Baía-do-Sol”, “Periquitão”, “A Grande Família” da família Cruz e “Pirarucu nas Cinzas” de Carlos Maresia.

As escolas de samba começam a surgir na década de 70. Assim apareceram a “U. S. Piratas da Ilha”, “E. S. Avançados do Morro”, “E. S. Aliados da Vila”, “E. S. Peles Vermelha” e “Estação Primeira de Maracajá”, agremiações que já realizaram desfiles de raro esplendor, conquistando a admiração, o aplauso e a simpatia do público.

As batalhas de confete eram atrações na Praça da Matriz, na Churrascaria da Vila do Nacib e nas sedes do Pedreira e do Parazinho. Aconteciam desfiles de fantasia, tornando-se tradicional o concurso “Rainha das Rainhas do Carnaval Mosqueirense”. Os blocos de salão multiplicavam-se nos bailes realizados no Pedreira, no Botafogo, no Parazinho, no Rodagem, no Santa Cruz, no Praia-Bar e as fantasias seguiam os temas propostos: Baile do Azul e Branco, Baile do Vermelho e Preto, Baile do Havaí e assim por diante. Esses bailes atraíam a criançada, a velha e a jovem guarda com marchinhas e frevos executados pelas aparelhagens de som e bandinhas de música, destacando-se instrumentistas como Coré, Sandoval, Preguiça e Maurício. No último dia de Carnaval, os bailes atravessavam a noite e iam até o Sol raiar.

Já quarta-feira de cinzas, às seis da manhã, acontecia o “bloco da saudade”, ao som da bandinha musical, saindo da sede do Parazinho para encontrar os foliões do Pedreira. Após contornar a Praça da Matriz, o bloco dirigia-se ao coreto e lá, com muita música instrumental e animação, encerrava a quadra momesca.

Amigo leitor, o avanço tecnológico, a filosofia e estilo de vida, a interpenetração de culturas, os modismos e a globalização dos costumes mudam nossas atitudes comportamentais e até nossos gostos. Embora “os dias melhores sejam feitos de amanhãs”, não devemos esquecer o passado, pois é o alicerce dos dias que vivemos. Um povo sem memória não possui tradição nem identidade.

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Recentemente, outras agremiações carnavalescas, reunindo veranistas e mosqueirenses, surgiram com o objetivo de alegrar ainda mais o Carnaval da ilha. Apareceram, então, as escolas de samba “Mocidade Unida da Ilha”, “União da Ilha” e “Universidade de Samba do Mosqueiro” e os blocos “Banco dos Cornos”, “Calopsita”, “Bafo de Bode”, “Os Avacalhados”, “As Peruas”, “Bacu de Sunga”, “Bruxos na Folia”, “Baiacu da Ilha”, “Urso na Folia”, “Tira o Dedo Daí”, “Camarões na Folia”, “As Sapas Tão na Folia”, “Blocozinho”, “Pato na Folia”, “Chifre na Folia”, “Paparazzi”, “Jambu”,“Não Esquenta a Cabeça” e “Grande Família” da Baía-do-Sol, além de variadas manifestações coletivas e individuais em busca do bom e saudoso Carnaval popular, em que despontam os velhos mascarados, irônicos e exagerados travestis e todo tipo de fantasia, revelando a criatividade e a irreverência do povo brasileiro.

Carnaval Mosqueirense 2010

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