quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

NA ROTA DA HISTÓRIA: A URBANIZAÇÃO DO FAROL

Texto de Augusto Meira Filho

“O Sr. Fortunato A. de Souza Júnior conseguiu duas sortes de terras no lugar denominado “praia do Maandeua ou Chapéu-Virado”, medindo 460 braças de frente da cabeceira do lago ou igarapé Itaboca e fundos até o igarapé Muruyra. Fazia frente para a baía do Marajó. Acreditamos ser esse vasto terreno na área hoje compreendida pela Praia do Farol, lado sudoeste, mais tarde, interligado à do Chapéu-Virado. Realmente, entre a costa e a atual estrada da Bateria, existiu naquela baixada visível ainda agora, um igarapé que partia de leste para oeste. Além do mais, sabe-se que residiu no local por muitos anos um velho morador chamado Fortunato ou seus herdeiros. Sua casa era... certamente, a mais antiga construção do bairro. Aparece, curiosamente, Anselmo José Dias pedindo a legitimação de posse referente ao terreno chamado “Chapéu-Virado” com 259, 957 m² -- em um perímetro de 2.521 metros. Seu título foi expedido em 1898.”

“Na administração Abelardo Conduru que sucedeu à de Alcindo Cacela à frente da Prefeitura Municipal de Belém, o bairro do Farol, finalmente, teria seu grande padrinho. Toda aquela área da atual Praça do Farol, até quase ao Chapéu-Virado, onde se erguia – o Chalet de Guilherme Augusto de Miranda Filho, depois, Vivenda “Minhota” do banqueiro Sr. Cerqueira Dantas... – limitado pelo caminho da bateria e à praia, representava um dos mais sérios problemas para a Agência. Pantanosa (recordar o igarapé Itaboca, que estudamos), baixa e altamente palúdica, ninguém se atrevia a requerer lotes ali, em face do índice de malária que a região possuía, imprópria, portanto, para construções e residências.

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A PONTA DO FAROL (FOTO: A. M. FILHO, 1978)

Seguindo a obra, realmente importante, que Cacela havia executado na Vila, de proteção dos barrancos contra as marés, ainda agora existente, Conduru chamou a si, o preparo e a salvação de tão preciosa área, anexa, por assim dizer, ao Chapéu-Virado. Chamou e contratou sanitaristas e lhes entregou a recuperação dos terrenos alagados, mediante obras de profundidade.

Coube a Valério Konder e Periassu, assessorados pelo engenheiro Waldir Acatauassu Nunes da 6ª. Diretoria de Obras da Prefeitura de Belém, a solução técnica do problema. Canais de drenagem foram abertos, saneada a baixada de ponta a ponta e colocados os novos lotes, em condições de receber edificação, com frente para a praia. Fez Conduru uma arrumação completa, projetando, praticamente, um bairro totalmente utilitário para os que se interessassem em erguer suas vivendas na orla do Farol. Não foi fácil ao Prefeito convencer a população de que os serviços haviam sido coroados de êxito. Deu entrevistas, publicou exames e divulgou pela imprensa o mais curioso processo de urbanização já ocorrido em Belém e, sobretudo, no Mosqueiro. Provando a insalubridade do lugar, o Prefeito determinou a demarcação da área anteriormente infectada para sua venda. Dispôs em lotes residenciais fronteiros à praia com fundos na direção do antigo caminho denominado de bateria, mais tarde, quando ali se localizaria uma bateria-de-costa militar à época da guerra.

Concluída a fixação do loteamento, novamente, Abelardo Conduru mandou projetar por conta da Comuna prédios ou vivendas de três tipos diferentes: um menos dispendioso, outro em meio-termo e o último, maior e de melhores proporções. Logo – ainda sob a responsabilidade do executivo municipal – deu início à construção planejada, levando-a até a altura do primeiro lance de janelas, com fundações, baldrames e parte de alvenaria executados. Chegada a essa posição, o alcaide, sem qualquer constrangimento, oferecia às pessoas gradas e merecedoras do presente, isto é, que tivessem posses para concluir as obras, incluindo o terreno e mais a parte da construção já executada. Somente com esse modo ardiloso, apareceram pretendentes, acreditando nas palavras da autoridade e na eficiência dos trabalhos de engenharia sanitária que haviam, definitivamente, acabado com as febres da malária ativa que infestava tão belo lugar da Ilha do Mosqueiro.”

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Praia e bairro do Farol (FONTE: GOOGLE EARTH).

“Cedo cresceram, subiram as obras, bateram-se cumeeiras, a notícia espalhou-se venturosamente. Outros proprietários de terrenos nas vizinhanças iniciaram negociações e suas próprias casas-de-praia, muitas das quais ainda existem. Era de se ver a abertura da estrada, a melhoria dos transportes, na orla do rio, aproximando o “Farol” do Chapéu-Virado, a que, em última análise, aquele se incorporava. Deve-se, portanto, à gestão operosa de Abelardo Conduru esse notável melhoramento no Mosqueiro, tal como seu antecessor o havia feito na Vila.”

MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 58, 61

MOSQUEIRANDO: Agradecemos as visitas que você, amigo internauta, fez a este blog em 2010, prestigiando o nosso trabalho de pesquisa e compilação sobre a nossa querida ilha do Mosqueiro (Pará). Difundir conhecimentos sobre a ilha e manifestações artísticas e sócio-culturais do lugar é a nossa meta. Com o seu reconhecimento e incentivo, continuaremos a persegui-la. QUE DEUS NOS AJUDE – A MIM E A VOCÊ – NA BUSCA DE UM FELIZ E NOVO ANO!

O autor:

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Prof. Claudionor Wanzeller

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Carnaval na Ilha do Mosqueiro

JANELAS DO TEMPO: O PATRIARCA

Texto de Augusto Meira Filho

“Conhecemos, no passado, uma pequenina barraca, coberta de telha, toda branca, cercada da natureza pródiga do Mosqueiro, fixada à ponta extrema da praia do Farol. Em frente, uma grande ilha de pedra e em volta daquele promontório, pesados blocos, lisos e escuros, garantiam a estabilidade e a segurança do lugar.

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Zacharias Mártyres, o PATRIARCA DO FAROL.

Não há na ilha do Mosqueiro local mais belo pela sua situação geográfica e pelo colar de areias brancas que o cerca e enriquece a paisagem. Ali instalou-se o bacharel Zacharias Mártyres ainda moço, apreciando a paz da ilha, ao tempo em que nada ou quase nada existia no bairro. Vivia-se no Chapéu Virado, no Murubira e na Vila. Isolado e tranqüilo, o Dr. Zacharias criaria cabras, respiraria ar puro do Marajó, sem deixar seu escritório de advocacia, em Belém, um só momento. Diariamente, comparecia ao forum, cuidava de clientes, acertava negócios e, à tarde, regressava, religiosamente, ao seu tugúrio. Um poeta, não há dúvida, por novos caminhos. Um encanto o local, muito disputado, como até hoje.”

“Dessa época, o começo da ideia de Zacharias Mártyres, em edificar uma casa-de-repouso, no mesmo local onde possuía sua barraquinha branca, suas criações, suas cabras. Negociou com a Prefeitura, por sugestão do próprio prefeito, terreno de sua propriedade com nascente e regular tamanho, situado no correr do velho caminho que unia a estrada do Chapéu Virado com o Farol e que servia ao abastecimento deste, efetuado, periodicamente, pela Marinha, sediada em Belém.

Permutou-o com material de construção, principalmente cimento, aplicando-o nos alicerces e na alvenaria inicial de seu futuro hotel. Conseguiu levantá-lo, vagarosamente, com enormes sacrifícios, em torno da casa em que vivia, sem retirá-la do lugar, nem mesmo um só palmo, depois, anexada, à construção global. Costumava dizer aos amigos:

-- Isto aqui não é um hotel. É uma casa de hóspedes, onde costumo receber meus amigos. E, feliz, explicava com sabedoria de um profissional da engenharia, todos os detalhes daquele seu milagre! Ao centro, parava, meditava, sorria e confirmava aos visitantes:

-- Esta parte vai ficar. Não se toca. É meu laboratório... Depois, especificava seu projeto, em função da praia, dos ventos dominantes, da paisagem, etc.:

-- Aqui ficarão os terraços corridos em volta do prédio, na ala B envidraçados e na ala C, em venezianas. Do outro lado será o jardim-de-inverno ligado ao salão de festas, todo de espelhos, para que reflitam as ondas, dando a impressão de um grande transatlântico, navegando, jogando, sobre as águas da baía do Marajó...

Mestre Zacharias avançava pelo meio dos andaimes, entusiasmado com o interesse dos amigos, trajando pijama fino e velho, sobre seu corpo magro e ágil:

-- Neste local será a sala de refeições, trabalhando com a ala A, destinada à copa e cozinha. Depois a despensa e rede sanitária. No sobrado, um varandão em torno da obra e os quartos, internos, fugindo do vento excessivo que aqui sobra enquanto falta em outros pontos da ilha. Tenho que fazer um trabalho que valorize ainda mais esta ponta privilegiada. Não há outra com iguais qualidades, que eu conheça, dentro do Mosqueiro, acrescendo, ainda, sua proximidade da Vila, do mercado, da ponte, da igreja, da polícia...

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HOTEL FAROL: a construção de um SONHO.

Tinha razão o ranheta bacharel. O local de sua “casa de repouso para amigos” era excepcional, como afirmava, sem, contudo, falar em hotel.

Nessa época, aproveitando os melhoramentos urbanos no Farol, a Agência Municipal preparou a pracinha, abriu ruas transversais e normais ao rio, inclusive a artéria com que hoje se homenageia o grande administrador: Alameda Abelardo Conduru. Estava salva, portanto, a praia do Farol! No correr interno do bairro, Abelardo edificou duas grandes instalações destinadas à Colônia de Férias de alunos de Escolas do Município. Concluídas, foram requisitadas pelo Exército, para ali instalar a Bateria de Costa, no último conflito. Daí o nome se popularizou: Estrada da Bateria. Deve-se a Zacharias Mártyres a abertura da vereda, aproximando a estrada do Chapéu Virado à margem da ilha, na direção do mesmo Farol. Não havendo, então, transporte de ônibus, ele se utilizava de uma charrete que o aguardava à passagem do bonde (ferro-carril) nesse tempo, único meio de comunicação entre a Vila e Porto Arthur. Descendo regularmente, um empregado já o apanhava, diariamente, para conduzi-lo até sua residência, na ponta do Farol. Uma árvore enorme marcava o local, de praxe, parada para atender o Dr. Zacharias.

Era o caminho carroçável denominado “do Pau-Grande”, posteriormente, modificado para Estrada do Diamante.

Se ao prefeito devemos o bairro do Farol pela sua higienização e total eliminação palúdica do lugar, também, ao velho e discutido Dr. Zacharias Mártyres, muito ficaria a dever aquela região que ele, realmente, fundou, após a mansão antiga dos Fortunato.

Em um de seus dias de euforia, nos diria Zacharias:

-- É preciso dar um nome a esta Praça em frente ao Hotel. Poderia muito bem ser a “Praça do Patriarca”. Quando eu morresse, vocês colocariam embaixo do nome: “Zacharias Mártyres”. Assim o Mosqueiro ganharia a sua “Praça do Patriarca Zacharias Mártyres”. Procedia, efetivamente, a lembrança do amigo, tamanha foi sua prole digna desse merecimento. Durante quarenta anos, Zacharias, religiosamente, viajou para Belém. Na madrugada, entre passageiros apertados no interior do veículo, sua voz despertava o silêncio. Sua figura esguia, seu chapéu amassado, sua capa preta protegendo aquilo que ele mesmo chamava “miséria orgânica”, vinha presente, sempre reclamando alguma coisa, achando que o poder público estava cada vez mais falido...! Ao cair da tarde, cheio de encomendas, pasta profissional, embrulhos de toda espécie, descia em frente ao Hotel, ainda resmungando com o serviço mal feito dos operários que deixara, apelidando-os de comunistas... Uma criatura especial que, em longos anos, foi, também, um retrato da abnegação de quem vivia no Mosqueiro e trabalhava na capital. Um lutador! Digno de ficar na memória dos tempos, como um dos pioneiros do desenvolvimento da Ilha do Mosqueiro. Sim! Na “Praça do Patriarca”!

MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp 57, 58, 61, 62, 63

http://www.hotelfarol.com.br/historia.aspx

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NA ROTA DA HISTÓRIA: HOTEL FAROL

 

Localizado na Ponta do Farol, antiga Ponta-do-Chapeo-Virado, área onde, em 1872, fora instalado o primeiro Pharolete, o Hotel Farol é o mais antigo em atividade na ilha (desde 1931). Aos pés da baía do Marajó, sua posição geográfica privilegiada brinda seus hóspedes com uma belíssima vista do rio-mar, da praia que contorna a enseada de água doce e da pequenina “Ilha dos Amores” ali, bem perto, talvez a lembrar para sempre a história de amor vivida por Zacharias e Adelaide, naquele recanto paradisíaco, muito bem registrada no ano de 2006, por Lidiane Campos em “Testemunha ocular da história de Mosqueiro”:

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Dr. Zacharias Mártyres Dona Adelaide de Almeida

De origem lusitana, ela nasceu em Lisboa, no dia 05 de dezembro de 1908. Filha de Maria do Patrocínio Almeida e de José Manoel de Almeida, foi batizada na Igreja da Ajuda, em Portugal. Mas é em Mosqueiro que a história dela se completa. Chegou a Belém aos nove anos de idade, com o tio paterno Júlio de Almeida – detalhes que faz questão de lembrar. A viagem até a capital do Pará foi difícil. Foram 25 dias no navio Parquet Hillary onde ela só “via céu e mar.”

Aos 14 anos de idade, Adelaide conheceu o grande amor de sua vida: o doutor Zacharias Mártyres – doutor, aliás, tratamento indispensável para falar do marido. Eles se conheceram em uma tinturaria que pertencia à tia de Adelaide. Depois desse dia, Zacharias passou a freqüentar assiduamente o local. Vinte e quatro anos mais velho, dona Adelaide nem desconfiava que o motivo das visitas era apenas um: ela. No princípio, achou que fosse interesse na tia. Mas depois descobriu que ele tinha outras intenções: namorá-la. Uma vizinha, inclusive, fez o alerta: “Não é com tua tia... É em ti que ele está interessado.”

A partir daí, começaram a viver um grande amor. Quando ela completou 17 anos, ele fez o pedido de namoro e casamento ao mesmo tempo. A princípio, houve resistência da família dela – Zacharias era mais velho e estava separado. Mas o casamento aconteceu em 1929. Desse fruto matrimonial, nasceram 15 filhos. Para quem pensa que é muito, além desses, Adelaide adotou mais 12. Depois do casamento, eles ainda viveram dois anos em Belém. Mas, logo depois, escolheram o arquipélago de Mosqueiro, na praia do Farol, para morar e criar os filhos.

A princípio, Adelaide não sabe explicar muito bem, mas desconfia o porquê dessa mudança. “Eu suspeitava que ele tinha muito ciúme e queria me esconder aqui”, acredita. Quando chegaram a Mosqueiro, foram morar em uma pequena casinha, onde hoje é o centro do Hotel Farol. A moradia mais próxima do local era a casa do faroleiro.

Desde a sua chegada, o marido decidiu desbravar o local de ponta-a-ponta. Com o auxílio de 30 homens, construiu uma fazendinha, na qual criava cabras, cavalos, porcos e galinhas e transformou em bosque o que era mata virgem. Depois de muita tentativa, veio a luz elétrica, oriunda do Chapéu Virado. Para o consumo de água, tiveram que furar quatro poços, na esperança de achar um bom lençol freático.

Zacharias, que era advogado, tinha que trabalhar todos os dias em Belém. Ia de navio, pois na época, não havia ponte ligando Belém a Mosqueiro. De charrete, Adelaide sempre o levava até o trapiche da Vila. O percurso era muito arriscado, já que não havia estrada. Mas hoje, segundo ela, já existe outro caminho menos perigoso.

Para criar os filhos, Adelaide contou com a ajuda da mãe, que teve quatro filhos, se separou do marido e veio morar no Brasil. As crianças viviam livres: ”Eu só dizia para eles: ali é um buraco. Se cair, pode morrer”.

Hotel – Adelaide conta que o marido fazia muita propaganda do local onde moravam. Curiosos em conhecer a ilha, os amigos se hospedavam na casa de Zacharias. A partir disso, ele construiu um espaço para abrigar os hóspedes, batizado de “Casa dos Amigos”. Era o princípio do Hotel Farol. Mas Adelaide relutou em aceitar a ideia. “Ele insistiu tanto e aí foi construindo, sem ter recebido qualquer recurso. Com dinheiro próprio”, conta.”

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Hotel Farol (FOTO: Gerlei – 2010).

Segundo o site oficial do hotel, aquela ponta de praia “sediaria um simples, porém ambicioso complexo hoteleiro para a época, o qual seria a segunda hospedaria da Ilha do Mosqueiro até então.

Essa construção deveria se assemelhar a um grande transatlântico de onde a natureza como um todo pudesse ser admirada de seu convés, acompanhada pelo marulhar das ondas, tal a proximidade da água; os cantos arredondados do prédio seriam para quebrar a força incessante do vento naquela ponta e a arquitetura em si, sob a influência européia, com a qual Zacharias se identificava, possibilitava sob vários ângulos, o desfrutar da paisagem: de frente para a praia, o amanhecer; de frente para o farol de navegação, o crepúsculo; de frente para a Ilha dos Amores, a Ilha do Marajó; e de frente para a praça, mas com a segurança de "estar em terra".

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Hotel Farol (FOTO: Eduardo Anselmo -2010).

Na década de 40, com a nova cozinha já dentro do hotel e a ala superior concluída abrigando apartamentos, quartos e banheiros externos, também à moda européia da época, a "casa de amigos", de fato, se tornou um hotel - chamado então Balneário Farol - que passou a ser freqüentado pela sociedade belenense que lá passava a época de verão, e até mesmo por oficiais militares americanos sediados na base aérea de Val-de-Cans na época da Segunda Guerra.”

Falando sobre a estrutura do hotel descrita por Adelaide, Lidiane Campos acrescenta: “Segundo ela, o salão nobre foi preparado para receber um cassino. “Mas acabou não acontecendo, porque o governo brasileiro proibiu o jogo”, explica. Mesmo assim, Zacharias logo arranjou outra função para o espaço. Feito de acapu, pau-amarelo e pau-nobre, o assoalho servia de palco aos visitantes que participavam de saraus, promovidos pelos filhos. “Os jovens dançavam valsa, quadrilha francesa... Mas com o passar do tempo, os homens só queriam saber de beber e esqueciam de dançar com as moças. Foi então que o meu marido cortou os saraus”, relembra Adelaide.”

Nas palavras de dona Adelaide, Lidiane Campos pôde constatar a importância do hotel para a história da ilha: “Inicialmente, o hotel era frequentado por muitas famílias de posse – Conduru, Athias, Meiras, Álvares, dentre outras. “Com o passar do tempo, essas famílias foram adquirindo as próprias casas em Mosqueiro, o que contribuiu para a ocupação da ilha” comenta, fazendo referência ao papel histórico que o hotel exerceu para a ilha.

Durante esse período, ela teve oportunidade de presenciar vários fatos marcantes. Um deles foi a passagem de um dirigível sobre a baía, em frente ao hotel. Na construção de Val-de-Cans, no final da década de 50, acompanhou a chegada dos hidroaviões, que traziam os ingleses. “Eles aportavam na praia do Farol e eram recebidos no hotel. Repousavam, tomavam café e partiam”, afirma.”

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Com o falecimento do Dr. Zacharias em 1958, sua esposa Dona Adelaide e filhos assumiam seu sonho. Em sua administração, Adelaide deu início à construção de um prédio de 12 faces, mais conhecido como “redondo”, que instalaria novos e modernos apartamentos tipo suíte, com sacada para praia.

Em 19 de dezembro de 2008, falecia Dona Adelaide, que completara 100 anos no dia 05, passando assim, a administração do complexo a seus filhos e a missão de continuar o sonho do casal, mas sem esquecer o clima familiar típico, clima este que faz, até hoje, clientes tornarem-se amigos, com os quais os herdeiros têm o prazer de conviver a gerações.

FONTES:

Campos, Lidiane- “Testemunha ocular da história de Mosqueiro” in __ Revista Ilhas Amazônicas: o arquipélago de Mosqueiro – parte 1, Ed. 01, JAN 2006)

http://www.hotelfarol.com.br/historia.aspx

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CURIOSIDADES: CHUPA-CHUPA NA BAÍA DO SOL

O dia 21 de dezembro de 2012 está próximo. É a data em que o Calendário Maia, iniciado há 5.200 anos, chegará ao fim. Será o APOCALIPSE? O Fim-do- Mundo provocado por tempestades solares causadas pela inversão dos pólos da Terra e enfraquecimento do escudo do campo magnético ou pela colisão com NIBIRU, um hipotético, errante e fantasmagórico planeta (ou estrela)? Será o dia em que, finalmente, as civilizações extraterrestres se revelarão à Humanidade, iniciando uma Nova Era? Você tem exatamente dois anos para refletir sobre o assunto. Tudo pode acontecer, inclusive... nada! Mas, enquanto você pensa em catástrofes e na existência de vida em outros lugares do Universo, vamos falar da visita que turistas interplanetários (ou seriam exploradores?) fizeram à Baía do Sol em 1977, história investigada pela Equipe CIPEX (Centro de Investigação Exobiológica).

“A Fase da Baía do Sol

 

Equipe CIPEX ( contato@fenomenum.com.br )

Objetos tripulados

A maioria dos casos envolveram apenas observação de objetos luminosos, que paralisavam testemunhas e emitam feixes luminosos produzindo queimaduras. Entretanto houveram casos de observação de tripulantes destes objetos. Um dos casos mais conhecidos envolveu a senhora Claudomira Paixão, que na noite de 18 de outubro de 1977, acordou com uma intensa luminosidade sobre a casa, na Baía do Sol.

"A luz primeiramente era verde, tocou minha cabeça e atravessou a minha face. Despertei totalmente e a luz tornou-se vermelha. Pude ver uma criatura, como um homem, usando um macacão tal como os de mergulho. Tinha um instrumento como uma pistola. Apontou-o para mim e o objeto brilhou por três vezes acertando-me o peito durante as três ocasiões, quase no mesmo lugar. Estava quente, feria-me, parecia que me espetavam agulhas em todos os três pontos. Penso que me extraíram sangue. Eu estava apavorada, não podia mexer as minhas pernas. Estava aterrorizada".

Após o contato, Claudomira apresentava dor de cabeça e moleza no corpo fraqueza que perdurou por alguns dias. Ela  foi até a Unidade de Saúde de Colares, onde foi atendida pela doutora Wellaide e posteriormente encaminhada para Belém, onde fez exames complementares no Instituto Médico Legal Renato Chaves.

Claudomira também apresentou queimaduras no peito, no local onde foi atingida pelo feixe de luz. Eram três pequenas marcas circulares, em forma de perfuração em triangulo acima do seio.

"Era quente e doía. Era como uma espetada de agulha. Os três pontos sangravam. No momento que isso aconteceu, fiquei com muita sede. Estava apavorada, mas não podia mexer minhas pernas. Fiquei paralisada. De medo, eu gritei e gritei. Minha prima, Maria Isaete, estava dormindo na mesma sala. Ela acordou e viu a luz, e começou a gritar também.”

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Claudomira Paixão, em 1981

A ILHA CONTA OS SEUS “CAUSOS”: A MENINA MOÇA QUE NAMORAVA O BOTO

(Texto construído a partir de narrativas dos moradores da Comunidade de Caruaru – ilha do Mosqueiro – e transcrito pela Profª Leila do Socorro A. Cunha)

“Era uma vez uma menina moça, bonita e curiosa. Gostava muito de um rapaz que aparecia muito, de vez em quando e era bonito demais. Vinha sempre de noite, sozinho, misterioso, e eles ficavam namorando a noite inteira. De manhã ele sumia. Certa noite, a lua estava muito clara, dava para adivinhar coisas. Depois de muito satisfazer seus desejos, a moça ficou alisando o corpo do rapaz e notou que debaixo dos cabelos tinha uma barbatana de peixe. Muito ingênua, ela perguntou:

-- Por que usa isso aí, enfeitando o seu cabelo?

Ele respondeu:

-- Isso é que falta a muita gente que morre afogada.

Depois dessa noite o Boto saiu da maloca e nunca mais voltou. A moça ficou triste e passava dias inteiros chorando na beira do igarapé, com o seu filho. Ficava vendo os botos que passavam, e as águas que subiam e tornavam a baixar.

Uma vez o rio encheu tanto, e foi tão depressa que ela não percebeu, não teve tempo de fugir e foram levados pela correnteza. No dia seguinte um pescador viu o Boto empurrando dois corpos para a beira; eram mãe e filho conduzidos pelo amor do boto encantado.”

(Lima Gama, Rosangela C. e Santos Andrade, Simei. “Mosqueiro Conta em Prosa e Verso o Imaginário Amazônico”. PMB, 2004, p. 67)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

CURIOSIDADES:

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

Paisagens (re)memoráveis

Ampla maioria dos mosqueirenses desconhece o fato de que já foram publicados dois romances ambientados aqui em nossa pacata ilha de Mosqueiro. Pessoas, lugares, fatos e situações referentes à nossa terra, que já foi nomeada de Bucólica, foram ficcionalizados pela pena de dois ilustres paraenses, escritores que viveram parte de suas vidas nesta terra e a tornaram locus de ação de seus personagens; contudo, em que pese o fato de ambientarem suas histórias no espaço mosqueirense, fato que aproxima as duas obras, estas, no entanto, se distanciam no que tange ao clima sugerido pelo enredo de cada uma. É disso que passaremos a discorrer nas linhas que se seguem.

O locus amoenus (um lugar ameno e agradável para se viver), verdadeiro paraíso perdido e irrecuperável, docemente aquarelado por Cândido Marinho Rocha (1907-1985), nas páginas de seu romance Ilha, capital Vila, publicado em 1973, contrasta notoriamente com o locus horrendus (um lugar assustador para se viver), painel violentíssimo traçado por Edyr Augusto em seu Moscow, romance este publicado quase três décadas depois, em 2001.

Esse contraste torna-se gritante, ao fazer-se comparação entre as duas obras. A de Marinho Rocha, Ilha, capital Vila, envereda pela trilha do ufanismo e do bucolismo em relação ao tratamento dado à ambientação, também possivelmente porque sua produção data da era do Milagre Brasileiro, do general-presidente Médici, em plena ditadura militar. Esse fato torna-se patente ainda mais, quando se leva em consideração o fato de seu subtítulo ser “Histórias e estórias de uma ilha cercada de amor por todos os lados”.
O painel ultraviolento desenhado em Moscow expõe a Ilha em cores fauvistas, isto é, fortes e vivas, em sintonia com todo um quadro de acontecimentos que impressiona por uma verossimilhança surreal (como numa tela de Salvador Dalí). Como foi publicado em 2001, escrevi, algum tempo atrás, que tudo no romance soa como notas reais de uma música ainda não tocada apenas pela falta dos instrumentistas, que logo, logo subirão ao palco para compor uma cruel orquestra, a tocar aterradora sinfonia para um público boquiaberto, atônito, só percebedor recente da degenerada mutação social que já se abatera sobre a “Ilha Perfumada pelo Amor”, nas palavras de Marinho Rocha.
Ilha, capital Vila, com sua atmosfera de bucolismo, onde pairavam no ar os amores livres de Dona Rosamor, e do personagem central Zozó, dentre outros personagens que vivenciaram os acontecimentos pitorescos na Ilha, de 1931 a 1943, dá mostras de uma mítica e doce recordação que praticamente só vive na memória dos mosqueirenses mais antigos. Já Moscow, por toda crueza da violência que povoa suas páginas, com o personagem central e seus amigos praticando atos de agressão gratuita de toda natureza, além de assaltos, estupro e assassinato, tudo homologado pelos fatos reais e cotidianos da contemporaneidade, é profético e atual, e aterrorizante. No geral, os dois romances têm qualidade e apresentam um panorama humano e social com o qual o mosqueirense, sem sombra de dúvida, se identifica. O leitor deve lê-los, fazer comparação e ponderar: “O que teria uma pessoa a ganhar, se não os ler?”
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Autor: Cândido Marinho Rocha.

Título: “Ilha capital Vila”

Cidade: Belém

Editora: Falângola

Ano: 1973

Páginas: 206

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Autor: Edyr Augusto

Título: Moscow

Cidade: São Paulo

Editora: Boitempo

Ano: 2001

Páginas: 68

(FONTE: http://moskowilha.blogspot.com/2010/07/paisagens-re-memoraveis.html#links)

MOSQUEIRANDO: Professor, você fez uma excelente análise sobre esses dois romances que focalizam, em épocas distintas, a paisagem física e social da ilha do Mosqueiro. Se Cândido Marinho Rocha nos remete ao passado, apertando o botão “saudosismo” na máquina do tempo, o Edyr Augusto nos projeta para um futuro que já chegou, clicando o botão “realidade”. Só esperamos que as autoridades e o próprio povo encontrem o botão “soluções”. Este botão pode ser procurado na família, na escola, na Igreja, nas organizações sociais, na máquina de votação ou no Ministério Público. Voltando à literatura, encontramos outro livro: ”Chapéu Virado”, de Salomão Larêdo. Essa obra, publicada pela Editora Supercores em 1997, é classificada pelo autor como um conto baseado na lenda do boto. Em nossa opinião, trata-se de um pequeno romance que merece um estudo mais detalhado pelo fato de retratar outro aspecto de nossa ilha: não o saudosismo nem a realidade, mas o imaginário nativo. Professor, gostaríamos de contar com a sua colaboração. A seguir, destacamos um pequeno trecho da obra:

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“Não há dúvida, Cantinflas é um belo rapaz e Chica , quando o viu, ficou louca de amor.

Cantinflas acostumava acordar bem cedo e exercitar-se na areia grossa da praia, pondo à mostra a escultura de seu corpo. Quando o sol surgiu, ela o viu na barraquinha fazendo o desjejum: café e tapioca na manteiga. Da janela, Chica sentiu vontade de segurá-lo pelas costas. Isso lhe excitava.

É altamente excitante para ela. Chica adorava amar e ao ver Cantinflas seu corpo todo se inflou de amor e paixão.

Aprontou-se às pressas dispensando as ovas assadas da tainha seu desjejum favorito com mel e pupunha e desceu, sempre atenta, os olhos na barraquinha e o rapaz desapareceu como por encanto.”

CANTANDO A ILHA MAIS QUE UMA ILHA

Autor: Rogério Portela

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Praia do Paraíso (FOTO: Wanzeller-2010).

Mais que uma ilha
um sonho permanente
tu és um paraíso, pomposa
a flor mais bela, deusa fagueira, venturosa
tens na tua alma a arte escrita
e no teu seio amor que não se limita.

Olor da pureza, dádiva da natureza
maestria das rimas e estética beleza
o teu universo é como o arco-íris
os teus prodígios são infindáveis
nas tuas fontes reverbera o sol da inspiração
e nas tuas planícies, a lua da constelação.

Cantas em versos e prosa
és poesia, magia, uma melodia
a lembrança que para sempre fica
és hospitaleira, aconchegante, o paradeiro
Mosqueiro, tu és paixão que contagia
a vida inteira

(http://rogeriomportela.blogspot.com/)

sábado, 18 de dezembro de 2010

A ILHA CONTA SEUS “CAUSOS”: MISTERIOSOS SERES DA ILHA

“Hoje, a ilha ostenta as marcas do progresso. O asfalto recobriu o solo arenoso das ruas e a luz mortiça da antiga usina, que invariavelmente se apagava às onze da noite, deu lugar a uma iluminação elétrica constante e mais potente. Veio a estrada, veio a ponte, vieram os carros. Aumentou o movimento e a população cresceu. Devastaram-se trechos da mata e construíram-se casas. A poluição doméstica maculou as praias e a insensibilidade da maioria das pessoas não consegue detectar a beleza e a força mágica da ilha. Parece que os entes misteriosos e os seres sobrenaturais que vagavam dentro da noite ficaram presos no passado.

Entretanto, esses espíritos errantes ainda existem. Espreitando por trás das seculares rochas das praias, rondando os antigos casarões, emergindo dos rios e igarapés, movendo-se por entre as árvores, surgem inesperadamente diante do olhar estupefato daqueles que, na solidão, ousam penetrar em seus domínios, tentando descobrir os mistérios da ilha.

Avançando na espessa mata, o caçador não teme apenas o bote mortífero da surucucu ou o abraço fatal da sucuri, que enrodilhada espera um pé descuidado. Sente medo, sobretudo, da presença do curupira, que o faz perder o rumo, ou apavora-se com o encantamento da mãe d’água, na cabeceira dos igarapés.

Não se surpreenda o solitário caminheiro se, no silêncio da noite, for seguido pelo assovio persistente e macabro da Matinta Pereira ou se deparar com estranhas bolas de fogo e animais diabolicamente agressivos.

As pedras da morte continuam atraindo os incautos na praia Grande e se, lanceando em noite escura no Paraíso, sentir a presença maligna de um ser invisível, não se surpreenda o noctívago pescador.

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Se não acreditas no que digo, proponho que caminhes sozinho na baixa do Ipixuna. Escolhe uma noite de lua cheia, quando, em época invernosa, pesadas nuvens deslizam ao sabor do vento e, por vezes, cortam totalmente a fantástica claridade. Sentirás, com a umidade da mata, um calafrio percorrer o teu corpo e ouvirás, com o estalido de galhos mortos, as batidas do teu coração, quebrando o lúgubre silêncio. Então, repentinamente, escutarás, no meio do emaranhado de árvores, um grito lancinante, horrível, um pedido de socorro, como que partindo das profundezas do inferno. Não deves parar nem voltar, nem olhar para trás, porque, se o fizeres, ...

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Nascer do Sol visto da ilha das Guaribas (FOTO: Edivaldo Cadeira, 1989).

O dia vinha nascendo. Estávamos eu e meu amigo fotógrafo na ilha das Guaribas, para conferir o final da história que acabara de escrever. O Sol despontava de forma indescritível em frente à baía. Emudecidos, contemplávamos o magnífico espetáculo proporcionado pela natureza, sentindo, através do ar frio, as carícias dos primeiros raios.

Já começara a enchente da maré e a correnteza era notável. Sem percebermos, o pequeno casco usado na travessia se soltara e, não fosse uma pedra submersa que lhe impedira a fuga, ficaríamos irremediavelmente presos na ilha.

De repente, vivendo toda a emoção do momento, ouvimos aquele ronco prolongado e cavernoso partindo das pedras.

-- É, meu amigo. As guaribas não estão dormindo!”

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(WANZELLER, Claudionor. “Mosqueiro Lendas e Mistérios”. Ed. GRUPO RBA, 2009- pp. 65, 66, 67)

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A ilha das Guaribas em frente à praia do Marahu (WANZELLER).

NA ROTA DA HISTÓRIA: O PHAROLETE DO CHAPEO-VIRADO

O pequeno farol localizado na antiga Ponta do Chapéu Virado (hoje Ponta do Farol) é um marco importante na história da ilha, não só por sinalizar aquela faixa de terra que avança sobre a baía do Marajó, mas, sobretudo, por ter originado o nome do hotel ali construído pelo saudoso Zacarias Mártyres (Hotel Farol), assim como as denominações da pequena enseada que lhe fica abaixo (Prainha do Farol), da grande extensão da antiga praia do Chapéu Virado, que lhe fica acima (Praia do Farol) e do bairro construído a partir desses pontos (bairro do Farol). Como registro da instalação do primeiro farol, em fevereiro de 1872, época de chuvas torrenciais na ilha, recorremos ao documento transcrito no Diário do Gram-Pará, em 27.02.1872, o qual foi enviado ao Presidente da Província, Abel Graça, pelo Comandante do vapor de guerra Marcílio Dias, cuja guarnição executou o referido trabalho.

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Praia do Farol (FONTE: Google Earth).

“Pharolete do Chapeo-Virado.

N. Bordo do vapor de guerra Marcílio Dias, no Pará, 22 de fevereiro de 1872.

Ilmo. exm. Sr.

Com verdadeira satisfação cumpro hoje o dever de comunicar a V. Ex. que ficou collocado na ponta do Chapeo Virado o pharolete do cujo assentamento me havia incumbido, de motu próprio, no intuito de dar a V. Ex. uma prova dos bons desejos que me animam em auxilia-lo, carregando também a minha pedra para o grandioso edifício da prosperidade d’esta província, cujo mais incansável obreiro tem sido incontestavelmente V. Ex..

O pharolete em questão está na parte mais elevada da dita ponta, num lugar onde descobri uma pequena peça de ferro e vestígios dum antigo poste telegraphico, mas foi-me preciso mandar previamente derrubar a mata cerrada que existia no focinho da ponta, lugar conhecido pelo nome de ilhota por ficar separado do continente nas ocasiões da préa-mar, motivo este que me levou a não preferi-lo, apesar da sua posição avançada.

Depois de descortinar o terreno, roçando e derrubando o mato que podia interceptar a luz em certas direcções, mandei fazer uma grande cavidade no dito ponto, encontrando argila numa camada de 2m40, e depois uns 0.m25 de área e em seguida rocha, de sorte que ficou a cava com sete pés de profundidade sobre um comprimento de 20 e largura de 18 pés. Não me sendo possível aprofundar mais o fosso fiz assentar a primeira secção de madeiramento sobre o fundo da rocha, e começou-se então a armar o gradamento, encavilhando com a maior solidez as oite grossas vigas que formam a base ou secção horisontal inferior da pyramide truncada arranjada de proposito para servir de alicerce a colunna do pharolete.

Neste ponto achava-se o trabalho quando me sucedeu o desastre occasionado pela explosão inesperada d’uma arma spencer, o que me obrigou a vir num escaler a cidade em busca de socorros médicos; deixei entretanto ordens detalhadas ao Immediato para fazer encavilhar os quatro madeiros das arestas obliquas, e sobre elles assentar a secção horisontal superior da dita pyramide, em tudo semelhante a inferior, da qual so differia em ser de menores dimensões.

Feito isto e collocada verticalmente no centro das duas secções, como eixo da figura, uma grossa viga de faces regulares que fizera preparar de ante-mão, sobre Ella se enfiou a parte quadrangular da colunna de ferro, suspendida por meio d’estralheiras n’uma cabrilha que eu mandara armar por cima do buraco.

Concluida a armação da base ou gradamento de madeira dentro da referida cavidade, e collocada solidamento a colunna, encheu-se tudo com barro e pedras de todos os tamanhos, de sorte que posso affirmar a V. Exc. Que, se a viga vertical na qual encaixa a colunna não apodrecer, o que não é provável por ser de massaranduba, será uma obra eterna o pharolete do Chapéo Virado.

Occupou-se n’esse serviço quasi toda a guarnição do Marcilio Dias, incluindo os carpinteiros e calafates, mas foi tal e tão constante a chuva durante o trabalho, que realmente so de um pessoal sujeito pela disciplina se podia conseguir levar ao termo em tão má quadra e pouco tempo.

Releve-me V. exc. Que tenha entrado em todos estes detalhes, mas fi-lo unicamente para facilitar aos encarregados da collocação dos outros dois pharoletes das pontas do Taypú e do Carmo, no caso que eu na volta do Amazonas não possa demorar-me neste porto o tempo preciso.

Cumpre-me ainda accrescentar que o apparelho de luz é lenticular, com lâmpada de azeite e alcance médio de 8 milhas, mas que seria muito conveniente, não so por economica e aceio como para maior entensidade da luz, substituir a mecha dos candieiros e empregar o kerosene como combustível.

Por esta occasião devo informar a V. exc. que me parece tambem medida econômica aproveitar-se para pharoleiro um individuo que rezide a cem braças do pharol e ahi se occupa no officio de ferreiro; tive boas informações a seu respeito e mesmo mandei accender a mecha da lampada em sua presença para explicar-lhe o modo de dar corda no apparelho que faz subir o azeite por meio da compressão. Chama-se esse homem Lourenço Antonio de tal, e se V. exc. quizer manda-lo nomear posso faze-lo vir a esta capital.

Aproveito a oportunidade para reiterar a V. exc. as expressões da minha perfeita estima e distincta consideração.

Ilm. exm. sr. dr. Abel Graça.

Presidente da província.”

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Ponta do Farol e ilha dos Amores (FONTE: Google Earth).

Pelo teor do documento, nota-se que o Comandante conhecia bem a costa ocidental da ilha e deve ter fundeado o vapor da Marinha Imperial na Prainha, cuja enseada oferece maior proteção às embarcações, livrando-as do ímpeto das ondas. Também era conhecedor do movimento das marés no rio Pará, o que demonstra a aventura de uma viagem num escaler desde o Chapéu Virado até Belém. Segundo seu relato, a ilhota, que hoje conhecemos como “ilha dos amores”, há 140 anos era recoberta por densa mata, assim como toda aquela ponta. Desperta-nos a curiosidade o fato de encontrarem vestígios de um antigo poste telegráfico naquele local. Estranha-se também a presença de um ferreiro de profissão habitando um lugar tão ermo. Sem dúvida, são detalhes interessantes na história desse farolete, cuja descrição pormenorizada nos possibilita uma visão perfeita de sua imagem. Embora o Comandante do Marcilio Dias pretendesse que essa obra fosse eterna, onze anos depois seria construído ali um novo farol, o qual substituiu o primeiro e existe até hoje. O historiador Theodoro Braga assim descreve o Farol do Chapéu Virado:

Situado no extremo da restinga de pedras que se extende de ½ milha da Ilha do Mosqueiro, e que descobre com a baixa-mar, correndo a NE, do pharol, tudo na costa occidental da dita ilha, na Bahia de Marajó, município de Belém; o apparelho é dioptrico de 5ª ordem, sua luz é vermelha fixa, alcançando 12 milhas em tempo claro; o foco luminoso está 10,50 m acima do solo e 11,04 m acima do prea-mar e é collocado sobre colluna de ferro pintada de branco; a casa dos pharoleiros é a mesma do antigo pharolete; foi inaugurado a 16 de Fevereiro de 1883; substituio o antigo pharolete que funcionava no alto da ponta do Chapeu Virado, desde 25 de Março de 1872. Sua posição geographica é 1° 08’ 35’’ lat. Sul e 6° 18’ 3’’ long. O do Rio de Janeiro, e 48° 28’ 30’’ de Greenwich.”

clip_image006 O FAROL na antiga Ponta-do-Chapeo-Virado ( GALERIA BELÉM).

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

CANTANDO A ILHA: Círio de Nossa Senhora do Ó - 2010

Autor: Manuel Gomes

Fotos: C. S. Wanzeller

Vinha o carro dos milagres

Da cruz, um pouquinho atrás

Empurrado por uns senhores

Guiado por um rapaz

Que guiou até a igreja

E foi digno e capaz.

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E logo atrás desse carro

Que acima já falei

Vinha o carro dos anjos

Que nesse ano eu guiei

Ajudado por muita gente

Meu esforço dediquei.

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E atrás deste lindo carro

Vinha um mais lindo eu garanto

Era o carro da Virgem

O qual estava um encanto

Quem olhava emocionava-se

E derramava seus prantos.

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E esta linda procissão

Vinha sempre em direção

Á casa da Padroeira

E o povo acompanhava

Apesar da caminhada

Ninguém sentia canseira.

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E desde que o Círio saiu

Outra coisa não se viu

A não ser fé e alegria

O povo todo cantando

E suas promessas pagando

E sempre com harmonia.

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Uns rezando seu rosário

Vinham sempre a meditar

Uns cantando hinos sacros

Á Virgem queriam mostrar

Sua fé e veneração

Naquela festa sem par.

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E o povo entusiasmado

Soltavam fogos e davam vivas

À nossa querida Mãe

À Virgem Maria querida

Na qual todos os pecadores

Encontraram nela guarida.

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E pelo percurso todo

Aonde a Santa ia passando

Lá muitos se ajoelhavam

A Virgem iam aclamando

Uns pedindo a sua saúde

Como criança chorando.

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E a gente contemplava

Daquele povo a fé

Acompanhando a Virgem

Naquele cortejo a pé

Mostrando sua devoção

À Virgem de Nazaré.

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De formas que o lindo Círio

Às doze e trinta chegou

À igreja da Matriz

O povo o consagrou

À Virgem Santa do Ó

Com toda fé e fervor.

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E entrou em sua igreja

Com toda soberania

A qual era conduzida

Com toda fé e harmonia

O povo sempre aclamando

E dando viva a Maria.

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Gomes, Manoel. “As Mais Belas Praias de Mosqueiro e História do Círio de N. Srª do Ó”, 2006. Estrofes esparsas.

CANTANDO A ILHA:

Autor: Ronaldo Franco

Aniversário em Mosqueiroclip_image001

O meu nariz respira passado...

.

E lá estão

as mesmas águas pela força de rever

As ondas sempre rolando

um presente que se despede

(O vento se perde no meu doido vazio)

E a minha praia

é distante

dessa areia de dezembro

E nela > ausentes:

pedras peixes rostos pernas

amores risos e dores

que aqui não mais estão

e talvez nem mais existam...

.

(RF)

.

***

( FONTE: http://ronaldofranco.blogspot.com/)

A ILHA CONTA SEUS “CAUSOS”:

 

Em 11.12.2010, o “Amazônia” publicou:

“Estreia o curta-metragem “Matinta”

O filme “Matinta”, do diretor Fernando Segtowick, que acaba de ganhar dois prêmios no 43º Festival de Cinema de Brasília, foi exibido pela primeira vez ao público de Belém ontem. A exibição foi no final da noite, às 23h20, em uma das salas do Cinépolis, no Boulevard Shopping na Doca. As premiações foram na categoria curtas-metragens em 35mm, com o prêmio de melhor atriz para a paraense Dira Paes, e o de som – som direto – realizado por Evandro Lima, e edição de som e mixagem, executado por Miriam Biderman e Ricardo Reis.

A sessão de exibição arrecadou alimentos que foram doados para o Abrigo João de Deus. O diretor Fernando Segtowick esteve presente à sessão e disse que está muito feliz não apenas com os prêmios que o filme já conquistou, mas também com a receptividade do trabalho. “O filme faz com que as pessoas se sintam dentro da floresta. O mais importante é que a qualidade do filme surpreendeu, acredito que temos grande potencial para o cinema; depois de dezesseis anos sem um filme do Pará no festival de Brasília, a gente voltar de lá com dois prêmios é muito importante”, disse o diretor.

Apesar de não ter uma empresa para a distribuição do filme, Fernando Segtowick já inscreveu “Matinta” em alguns festivais internacionais e vai exibir o filme no Rio de Janeiro e em São Paulo com a ajuda de profissionais amigos da área de cinema.

“Além de fazer cinema aqui em Belém e no Pará, precisamos mostrar que temos um grande potencial de locações que a gente ainda não explorou, as locações também surpreenderam”, contou. O filme foi rodado em Belém, no Parque Ambiental do Utinga, e na Comunidade Caruaru, em Mosqueiro.

O diretor Fernando Segtowick avalia que apesar de ainda não existir um movimento consistente da produção audiovisual no Pará, principalmente cinema, com produção regular, há um potencial muito grande e profissionais muito competentes já envolvidos com essa produção. Mas ele acredita que ainda é preciso investimento das políticas públicas no cinema paraense. “Falta mais um pouco de apoio para se ter regularidade. Apesar de custar muito caro a nossa ideia agora é produzir um longa-metragem”, anunciou. O filme é estrelado ainda pelos atores paraenses Adriano Barroso, Astréa Lucena, Nani Tavares, Andrea Rezende e Marina de Paula. E claro, por Dira Paes.”

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

NA ROTA DA HISTÓRIA: A IGREJA DE NOSSA SENHORA DO Ó

A Igreja como instituição religiosa somos todos nós: o povo de Deus. E, sem dúvida, o trabalho missionário está voltado para a evangelização desse povo. Assim é feito e assim o fizeram os religiosos que aqui chegaram com os colonizadores portugueses, cujas expedições tinham entre os seus principais objetivos o de propagar a fé cristã. E, plantando a Cruz nas terras conquistadas, iniciaram o trabalho de catequese dos nativos, induzindo-os ao conhecimento da nova religião, um trabalho meritório naquelas circunstâncias, o qual, não raras vezes, acabou sendo maculado pela cobiça e ganância dos conquistadores, que derramaram muito sangue em nome da Cruz, esquecendo o maior mandamento do Cristianismo: o Amor.

A igreja como templo é um marco histórico: o ponto inicial de um núcleo de civilização, em torno do qual a vida vai ter o seu curso. É também o elo entre o mundo terreno e o espiritual, tão importante no desenvolvimento de uma ideologia poderosíssima, capaz de mudar os costumes e os destinos.

Assim, surgiu a pequena povoação no sudoeste da ilha: a humilde capela da Confraria de Nossa Senhora do Ó (a busca de Deus); a praça (reunião e diversão); o comércio (o trabalho) e, por trás do singelo templo, o cemitério, porque a morte está ao lado da vida. Isso antes, muito antes de ser criada a Freguesia, num tempo em que o povoado era apenas um pobre vestígio em meio à exuberante natureza tropical.

Era o dia 10 de outubro de 1868, quando o Primeiro Vice-Presidente do Grão-Pará, Cônego Manuel José de Siqueira Mendes, assinou a Lei Provincial nº 563 criando a Freguesia do Mosqueiro, e a antiga ilha de Santo Antônio ficaria sob a proteção de Nossa Senhora do Ó. Nessa lei, o Governo da Província determinara que a capela fosse avaliada para desapropriação, assim como o cemitério, e a Irmandade cedeu o pequeno templo que se transformaria na Igreja Matriz da Paróquia de Nossa Senhora do Ó. Mais tarde, o cemitério foi desativado e transferido para outro local.

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A Praça e a Igreja Matriz, no início do séc. XX (BLOG: HB).

Nesses cento e quarenta e dois anos de vida paroquial, o templo vem recebendo modificações ditadas pelo progresso e pelas necessidades dos fiéis. A igrejinha da era colonial fora ampliada e, no início do século XX, no dia 10 de janeiro de 1914, assistia-se à sua inauguração. Sabe-se também que nova ampliação deve ter acontecido em 1936, pois em documento enviado ao Arcebispo de Belém, D. Antonio de Almeida Lustosa, datado de 22 de setembro daquele ano, o Padre João Lentner comunica que “No Mosqueiro começou o trabalho do alicerce da Igreja Matriz e do forno da olaria. A barraca da olaria, bastante grande e alta, está quase pronta e custou apenas 300$000.”

Nesse mesmo ano, no dia 15 de janeiro, instalara-se na paróquia a Primeira Conferência Vicentina de Nossa Senhora do Ó. Um ano antes, em 18 de junho de 1935, havia sido fundada a Pia União das Filhas de Maria.

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A Igreja de Nossa Senhora do Ó, 1943 (FOTO: Fam. Mathias).

Na década de 1940, os padres alemães Carlos e Eurico Frank realizaram um excelente trabalho na administração das obras da igreja e na construção do primeiro Salão Paroquial. Para levantar recursos financeiros, criaram o Teatro Paroquial da Vila, exibindo inúmeras peças com destaque para o “Drama da Paixão de Cristo” e filmes para a criançada, com um projetor doméstico.

De lá até os dias atuais, os paroquianos têm assistido a inúmeras reformas e construções no templo e à determinação e persistência de vários sacerdotes que aqui estiveram e trabalharam muito, contando sempre com o auxílio de diversos beneméritos.

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A Igreja Matriz nos anos 70 (FOTO: Família Ferreira).

Ultimamente, ainda na gestão do Padre José Maria Ribeiro, vimos surgir a Nova Imagem de Nossa Senhora do Ó em 05 de outubro de 2008, a Capelinha Missionária (Triptico) em fevereiro de 2009, o Velário Digital em novembro de 2009 e o Sacrário da Capela do Santíssimo Sacramento no dia 16 de maio de 2010.

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A Capelinha Missionária (Tríptico).

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O Velário Digital.

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O Sacrário da Capela do Santíssimo Sacramento.

No próximo final de semana, esse templo estará recebendo os fiéis, os devotos da Santa, os romeiros, os promesseiros, enfim, gente da ilha e gente que vem à ilha para louvar e agradecer à Senhora do Ó pelas graças alcançadas neste ano, em seu derradeiro mês, o mês em que festejamos o RENASCER da ESPERANÇA de um MUNDO NOVO!

(FONTES: Meira Filho, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978, pp 399, 400 e 404) e http://paroquianso.hd1.com.br/crbst_0.html ).

A IGREJA DE MOSQUEIRO: NOSSA SENHORA DO Ó - IMACULADA CONCEIÇÃO

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A Igreja de N. Srª do Ó – ilha do Mosqueiro (AZUIR, 2008).

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azuirfilho · Campinas, SP

5/4/2008 · 333 · 100

Uma História abençoada, da nossa Santa Madrinha.
Sobranceira na Ilha Sagrada, Nossa Virgem Mãe Rainha.
Torna a Vila mais Querida, Jerusalém de Comunhão.
Nossa Senhora do Ó Bendita, Imaculada Conceição.

Nada diminui ou disfarça a sua respeitabilidade.
Nossa Igreja lá na Praça, e sua inigualável Santidade.
Nossa Bem Aventurança, seu Valor Moral e Educação.
Nossa Senhora do Ó é Bonança, Imaculada Conceição.

É lá a maior Referência, é a Casa da Mãe Altaneira.
Difunde luz e consciência, Maravilhosa e Verdadeira.
Um Banho de Dignidade, é altruismo para a formação,
Nossa Senhora do Ó é Bondade, Imaculada Conceição.

Ela esta no coração da gente, e nos anima a avançar.
Com Deus do Céu Presente, nos fazendo abençoar.
É Força na nossa Luta Dura, é energia e disposição.
Nossa Senhora do Ó é Doçura, Imaculada Conceição.
No nosso orgulho grandiosa, Igreja amiga imponente.
Da Mãe do Céu Maravilhosa, protegendo a sua gente.
Intercessora de toda bondade, de toda Raiz e Tradição.
Nossa senhora do Ó é Caridade, Imaculada Conceição.

Luz da Nossa Esperança, do Povo alegre Trabalhador.
Do Velho Mulher e Criança, Juventude cheia de amor.
Mão de presença plena, amorosa com a nossa oração.
Nossa Senhora do Ó é Serena, Imaculada Conceição.

Causa e sonho mais ideário, farol da nossa trajetória.
Templo Sagrado e Relicário, nossa Arca e nossa História.
A força que tem a ternura, a Amiga que nos dá sua Mão.
Nossa Senhora do Ó é Candura, Imaculada Conceição.

A Vila é Marco do Viver, é nosso Nascer e Cristianizar.
Da Saga do Amor Vencer, no nosso resistir e perseverar.
Nossa União e Felicidade, nossa Fé Infinita e Convicção
Nossa Senhora do Ó é Humildade, Imaculada Conceição.

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Mário do Táxi e o Autor do poema (2008).

Azuir Filho, Oceanira Conceição, Carlos, Ronaldo, Patrícia, Asailson Giovani, Mario e Turmas do Social da Unicamp e de Amigos de Mosqueiro.
(http://www.overmundo.com.br/banco/a-igreja-de-mosqueiro-nossa-senhora-do-o-imaculada-conceicao)

NA ROTA DA HISTÓRIA: O CÍRIO DE NOSSA SENHORA DO Ó

Em todo o Estado do Pará, o Círio é uma procissão católica que ultrapassa os limites da religião, mesclando o sentimento da Fé com inúmeras manifestações festivas e profanas, o que faz do evento, além de comemoração pré-natalina, uma tradição que engloba folclore, comércio e confraternização de familiares e amigos. Em qualquer município ou pequena localidade do Estado onde se promove a procissão, pode-se observar que ela, em menor escala, reproduz o magnífico Círio de Nazaré, o qual atrai milhões de romeiros a Belém do Pará. Pela magnitude da festa que envolve toda uma comunidade, dizem que o “Círio é o Natal dos paraenses”. E assim o é, principalmente na ilha do Mosqueiro, pois aqui festejamos, no segundo domingo de dezembro, Nossa Senhora do Ó, a Imaculada Conceição na expectativa do nascimento de Jesus, o Messias.

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Círio do Mosqueiro em 1943 (Foto: Família Mathias)

A partir da década de 1920, teve início a Procissão do Círio na ilha do Mosqueiro, quando todos os fiéis conduziam compridas velas (círios) acesas e os romeiros pagavam suas promessas carregando oferendas como canoas em miniatura, boias de pesca, enormes pedras sobre a cabeça e peças do corpo humano em cera. Os pescadores, geralmente molhados, puxavam a corda atrelada à Berlinda, como pagamento de promessas por terem sido salvos de algum naufrágio. Os demais carros do cortejo eram movidos por tração animal.

Naquela época, a Imagem conduzida na Berlinda era a de Nossa Senhora de Nazaré e o Círio, a partir de 1929, acontecia no 2º domingo de novembro, por determinação de D. João Irineu Joffily. A Trasladação da Imagem seguia, no sábado à noite, até a Casa-sítio dos Irmãos Maristas, na estrada da Praia Grande, às proximidades da Travessa Coronel Motta, de onde, no domingo, saía a Procissão do Círio para a Igreja Matriz, sempre acompanhada por banda de música, cujos integrantes eram mosqueirenses.

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O Carro dos Anjos (INF. DO MOSQUEIRO 93).

Na década de 1950, o trajeto do Círio foi ampliado para a Capela do Sagrado Coração de Jesus, no Chapéu Virado, ocorrendo também, naquele momento, a substituição da imagem de Nossa Senhora de Nazaré pela de Nossa Senhora do Ó, padroeira da ilha do Mosqueiro, ressaltando a antiga devoção local. O Círio passou a ser realizado no 2º domingo de dezembro e, no dia 18, que é dedicado à Santa, ocorre a Procissão de Nossa Senhora do Ó.

(FONTES: O. Chagas, Marco Antônio“Informativo do Mosqueiro”, DEZ/1993;

Meira Filho, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978, pp 403 e 404).

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A Chegada do Círio em 1982 (INF. DO MOSQUEIRO 93).

O CÍRIO

Corres ao teu oceano de amor

procissão de esperança

rio de desejos, estuário de fé.

Corro junto, feito gota de emoção

nesse mar de almas

rumo ao destino: DEUS.

Círio de Nossa Senhora do Ó, a fé

renova a ilha

transborda os rios na maior

jusante.

de carinho e devoção.

Aqui pequenino, apertado

chora meu coração

entre a tristeza e a alegria

de te ver passar arrastando

estes milhares de personagens,

minha mana, da verdadeira e

divina

comédia humana.

Carlos Ribeiro (Carlão) – 1993.

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Círio do Mosqueiro de 1977 na rampa do Trapiche (Fam. Mathias).

Participe do Círio de Nossa Senhora do Ó (ilha do Mosqueiro), no próximo dia 12 de dezembro.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A ILHA CONTA SEUS “CAUSOS”:

A"Matinta com o feitiço de Dira Paes" (de FernandoSegtowik)

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A velha Matinta (das lendas amazônicas) meio gente, meio bicho, muito feia, muito velha apareceu no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro interpretada por Dira Paes: como ave, como moça. Moça misteriosa assobiando sensualidade para conseguir tudo o que quer. Cabocla que oferece café e fumo e os feitiços do amor. Saída de Caruaru, na ilha de Mosqueiro, onde foi trabalhada a filmagem com técnicos do Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. Dira Paes não recebeu o prêmio de "Melhor Atriz", por estar num risível Ti-ti-ti com o costureiro Victor Valentim (novela da Rede Globo). A “Matinta” premiada (que só poderia ser a Dira Paes) estréia em Belém no próximo dia 10, no Cinépolis. Vamos lá!

***

Postado por ronaldo franco ( RF) às 18:57 0 comentários clip_image002

(FONTE: http://ronaldofranco.blogspot.com/)