segunda-feira, 1 de novembro de 2010

NA ROTA DA HISTÓRIA MAGALHÃES BARATA E A ILHA

NA ROTA DA HISTÓRIA

MAGALHÃES BARATA E A ILHA

(Trecho transcrito do livro “Mosqueiro Ilhas e Vilas”, de Augusto Meira Filho)

A INFLUÊNCIA DE BARATA-

Desde quando assumiu a Interventoria pela primeira vez, em 1930, o Major Barata teve interesse pelo Mosqueiro. Sempre procurou colaborar com as prefeituras sob o regime de seu poder político, de sua liderança partidária. No Governo ou fora dele, sua presença se fazia sentir na administração do Estado, faculdade essa que nunca renunciou. Mesmo distante, valendo-se de seus numerosos amigos, quando em Ipameri ou no Recife (depois de 1935) ainda assim tinha forças para influir na política regional que, durante quarenta anos, a ele esteve sujeita. Na segunda Interventoria, Barata manteve aquele desejo de emprestar à ilha do Mosqueiro um pouco de sua atividade oficial. Sua predisposição pelo lugar era inteiramente administrativa. Tal como operava no interior onde ele era estimado e venerado pela população simples dos sertões paraenses, o mesmo faria na ilha do Mosqueiro. Construiu escolas, postos médicos, abriu estradas, melhorou a situação do funcionalismo municipal e local e deu de si tudo para o engrandecimento do Mosqueiro.

Um dos fatos históricos que fixaram sua atuação ali foi o de entregar imensa área, no “Natal do Murubira”, aos japoneses, chefiados pelo Sr. Yoshio Yamada. Vimos, pessoalmente, de terra pedregosa e estéril, antes imprestável, colherem-se verduras e frutas, como se aquela gente operasse um verdadeiro milagre de fertilidade da região. Dali partiu Yamada para fortalecer seu esforço, hoje, coroado de êxito no comércio que deixou para seus herdeiros. Foi o próprio Barata quem no lugar deixou a critério do agricultor o uso da terra para seus trabalhos agrícolas. O japonês, chegado a Belém, procurara Barata para que lhe desse oportunidade de mostrar o que sabia em termos de agricultura. E assim ocorreu, achando o Interventor Federal que o local próprio seria na ilha do Mosqueiro. Conhecemos essa atuação e muitas vezes assistimos Barata dando instruções aos Agentes Municipais e aos Prefeitos de Belém para que cooperassem na obra de Yamada.

Eram gestos típicos do saudoso Governador.

Atendendo ao que o Prefeito Abelardo Conduru acertara com o Russo, proprietário do Hotel do Chapéu-Virado, não só pagou a prestação devida à reconstrução do prédio do hotel que incendiara, como o isentou de todos os impostos e passou a pagar, mensalmente, uma quantia certa para ajudar, na reconstrução, a permanência daquela casa-de-pasto no bairro do Chapéu-Virado, um dos mais visitados e importantes do balneário.

Contudo, Barata tinha verdadeira afeição por Salinas. Naquele tempo, ir a Salinas era ato de heroicidade. Ele mesmo conhecia vários caminhos e ensinava aos motoristas como desejava chegar às praias oceânicas. Sempre revelou-se admirador de Salinas, onde realizava melhoramentos como administrador e interessado nas belezas do clima e do mar, ao pé do vilarejo. Acreditamos que era esse o espírito de Barata em relação aos dois balneários.

Na esfera pessedista, propriamente dita, diversos governos realizaram benefícios à ilha do Mosqueiro. O velho problema de eletricidade nos bairros do Farol, Chapéu-Virado, Murubira e Ariramba recebeu melhoramento na administração estadual do Governador Luiz Geolás de Moura Carvalho. Quando à frente da Prefeitura Municipal de Belém, Moura Carvalho também deu início ao sistema de pavimentação asfáltica da Vila ao Chapéu-Virado e empreendeu diversos trabalhos na área da saúde e da educação. Na gestão do interventor Octávio Meira foi construída uma Escola Rural-Modelo, em obediência ao plano estabelecido pelo governo do Presidente Dutra de dotar as capitais e os interiores do País de um aprendizado agrícola. Também nas gestões municipais de Engelhard, Bouhid, Chermont e Manuel Figueiredo diversos serviços foram executados no Mosqueiro, cada qual na sua faixa de atividade a favor do progresso do velho e tradicional balneário, distrito de Belém.

Valerá ressaltar, na oportunidade, as obras de Alcindo Cacela, na Vila e as de Abelardo Conduru, no Farol. Essas se qualificaram por seu alto significado urbanístico e técnico. O primeiro salvou a fronteira da Vila, quando as marés ameaçavam todo o litoral dos barrancos na praia do “Bispo” e na Praia Grande. Na própria Vila, local próximo ao conhecido trapiche, foram feitos aqueles arrimos que até hoje perduram, garantindo os terrenos e dando melhor acabamento às áreas ribeirinhas das avenidas de beira-mar.

Depois deles, houve proficiente trabalho na primeira gestão do Prefeito Lopo de Castro, ao tempo da governança estadual em mãos do General Zacarias de Assunção.

O grande Mosqueiro, se assim o podemos agora classificar, surgiu, hodiernamente, com as administrações revolucionárias depois de 1964. A Estrada Belém-Mosqueiro que vivia castigada de um inconcebível abandono, teve, finalmente, sua conclusão confirmada, sua pavimentação asfáltica empreendida e tudo isso corroboraria para o êxito da ponte sobre o “Furo da Marinhas”, obras prioritárias que a Revolução levou a sério e as tornou realidade a partir do Governo Jarbas Passarinho, até ao (atual) de Aloysio da Costa Chaves, tendo, de permeio, a admirável decisão de Alacid Nunes e o labor magnífico e desinteressado, sério e decisivo do Engo. Fernando José de Leão Guilhon.

Hoje o Mosqueiro é uma ilha florescente. Seu desenvolvimento salta aos olhos e a população de Belém prestigia, aceita e reconhece o trabalho desses homens que nos têm dado verdadeiro testemunho de amor à terra.

O Mosqueiro não é mais aquela terra de esperanças, mas a própria esperança corporificada no trabalho constante da gente paraense. Urge creditá-la do louvor da láurea por tão grandes empreendimentos, a uma região rica, mas reconhecidamente pobre de recursos financeiros para atender às suas necessidades vitais. Palmas a quantos constroem a felicidade de nossa terra!”

(MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”, ED. GRAFISA, 1978, PP. 423, 424 e 427).

Muros de arrimo na Praça da Matriz construídos por Alcindo Cacela, hoje bastante modificados. Dizem que, futuramente, essas rampas serão removidas para “criação de espaço”. Esperamos que não seja verdade, pois esse ponto histórico e sua imagem serão deletados para sempre.

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FOTO ANTIGA CEDIDA PELA FAMÍLIA MATHIAS.

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FOTO ANTIGA CEDIDA PELA FAMÍLIA MATHIAS.

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