terça-feira, 26 de outubro de 2010

A OUTRA FACE DA ILHA: CHALÉS DE MOSQUEIRO

AUTOR: Prof. Lairson Costa

clip_image001clip_image002

Tive a grata satisfação de passar pela orla do Murubira e ver que dois dos mais bonitos chalés de Mosqueiro, o Jardim Guanabara e o Sissi, estão com suas fachadas restauradas.

Pena que isso não aconteça com muitos outros chalés, que vêm amargando a deterioração sem que providências para freá-la sejam tomadas.

É bem verdade que há quem tenha interesse nessa deterioração, principalmente os que vivem da especulação imobiliária.

Dia desses caminhava pela orla do Ariramba, Murubira e Porto Arthur - que aproveito para admirar as praias e os chalés - quando me apareceu um senhor perguntando por determinado endereço. Logo fiquei sabendo de que se tratava de um corretor. Após indicar-lhe o local, continuamos a caminhada até ele chegar ao destino esperado. O corretor então me falava de não saber por que manter aqueles casarões à beira da praia. Na visão dele, o melhor a fazer era derrubar todos aqueles chalés e fazer condomínios e hotéis modernos, o que, segundo ele, atrairia mais turistas para Mosqueiro.

Disse-lhe que nem só da modernidade vivem as cidades e seu povo, e que não tinha nada contra a construção de prédios modernos, contanto que isso não significasse a "extinção" de prédios que têm em si a história de como a Bucólica foi sendo construída.

Li em um dos jornais de Belém que uma vereadora comprou um desses casarões antigos da Ilha e está deixando-o à própria sorte para que quando nada dele restar possa construir a casa que ela deseja.

É bem verdade que muitos dos que são proprietários desses imóveis não recebem nenhuma ajuda do poder público para mantê-los e daí o número cada vez maior de chalés que representam parte de nossa história desaparecem.

clip_image004clip_image006

Disponível em:

http://proflairson.blogspot.com/2010/06/chales-de-mosqueiro.html

CANTANDO A ILHA: Enamorado

Autor: Rogério Portela

clip_image002

Te encontro quando no céu constelado,
Exibi-se a lua repleta e pura,
Suntuosa, sobre o mar ondulado,
Oscilante, luzindo de ternura.
Te encontro quando reflete no poente
O sol imponente tecendo o alvor,
Esbelto, sobre o lume do horizonte,
Ostentoso, ebrioso de fulgor.
Te encontro no canto terno das aves,
Na areia, na praia, no odor das flores,
No arvoredo, na brandura dos ventos.
No frio, no calor, na rima dos versos,
Nos contos, nas prosas, o tempo inteiro,
Te encontro sempre perfeita, Mosqueiro!

Disponível em:

http://rogeriomportela.blogspot.com/2010_05_01_archive.html

http://www.youtube.com/watch?v=H1l4rQFEDaE

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

NA ROTA DO TURISMO: “Um pedaço da Europa na Amazônia”

Autora: Juliana Oliveira

Construídos para serem recantos paradisíacos de férias, os casarões Mosqueirenses são um marco na história paraense.

Na passagem do século XIX para o século XX a Europa seguia frenética o curso do desenvolvimento industrial. Em Belém do Pará, os barões da borracha pareciam respirar os mesmos ares europeus, proporcionando à capital paraense uma época de luxo, ostentação e busca pela modernidade.

Outros centros urbanos da Amazônia também viveram esse período de progresso nos anos de apogeu da borracha, entre 1880 e 1912. Mas, no Pará, essa euforia trouxe desdobramentos para a ilha de Mosqueiro, conhecida, até então, por auxiliar no abastecimento de Belém.

Os impactos em Mosqueiro chegaram nas bagagens dos europeus. Eles aportaram na Amazônia para trabalhar na urbanização de Belém e de outras capitais da região. De acordo com o historiador Augusto Meira Filho, autor do livro “Mosqueiro Ilhas e Vilas”, esses estrangeiros descobriram rara beleza no arquipélago. O clima já exótico da região foi acentuado pela visão das praias de água doce.

A ilha tornou-se o local predileto para os Lochard, os Ponted, os Smith, os Upton, os Kaulffus, os Arouch, além de outras famílias. No princípio, elas utilizavam embarcações particulares para chegar à ilha e, posteriormente, com a implantação de uma linha regular de transporte fluvial, no começo do século XX, construíram residências para passarem os finais de semana. Famílias abastadas de Belém logo aderiram ao movimento.

Casarões – Nesse período, alguns proprietários de residências na orla construíram trapiches particulares. Assim surgiu a denominação “porto-chalé” como o “Porto Arthur” e “Porto Franco”. As encomendas chegavam com mais conforto às residências. Os próprios pescadores da ilha iam vender peixes na porta das casas, antes mesmo de seguir para o mercado.

Para o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e arquiteto, Milton Monte, estudioso da arquitetura daquela região e apaixonado confesso pela ilha, os casarões da orla mosqueirense representam raros exemplares arquitetônicos. Os prédios foram construídos mesclando estilos europeus com a realidade climática local, tendo porões habitáveis ou não, feitos em função da salubridade e ventilação.

Monte, que apresentou como trabalho de conclusão de curso em arquitetura uma tese sobre a edificação dessas casas em Mosqueiro, lembra que a construção de casarões por europeus aconteceu em vários pontos da Amazônia. Em Icoaraci, também distrito de Belém, há construções similares, como o chalé da família Tavares Cardoso.

Milton, acreano e autor do projeto do pórtico da entrada de Mosqueiro, conta que, no estado onde nasceu, é possível identificá-las, mas em menor escala. Entretanto, para ele isso não minimiza a importância histórica e arquitetônica das edificações da ilha. “Apesar de terem sido construídas em outros pontos da região, a ilha é o local com maior número de casarões e, por isso, apresenta maior diversificação. Dessa forma, a arquitetura se torna singular entre estilos tão distintos. O chalé Canto do Sabiá, por exemplo, recebeu influência da arquitetura eclética alemã”, comenta.

Em outros casos, é mais difícil fazer essa identificação de estilos, como o chalé Porto Arthur. Para o professor Milton, “o crédito dessas construções é dos grupos de marceneiros e carpinteiros trazidos da Europa para trabalhar na região amazônica”, explica. Esses construtores adotavam os estilos com os quais tinham contato na Europa.

Mais estudos

Apesar desse movimento de veraneio ter aumentado expressivamente com a chegada dos europeus à ilha, há quem defenda que na primeira metade do século XIX, o Pará apresentava propriedades rurais com características observadas nos casarões de Mosqueiro. O professor da UFPA, Eduardo Brandão, um dos defensores dessa tese, afirma que ainda são necessários mais estudos referentes a dois aspectos dentro dessa temática.

“A primeira é a existência de propriedades rurais em Mosqueiro no século XVIII e no início do século XIX, pois há relatos desse período descrevendo essas edificações. O outro ponto é sobre o uso delas como residências de férias, já que no início do século XIX era possível encontrar em Mosqueiro e em outras áreas rurais do Estado, edificações que apresentavam algumas características desses casarões, eram as rocinhas, as chácaras e os sítios. Antes da Cabanagem, elas serviam de residências para seus proprietários e depois, por questões de segurança, passaram a ser freqüentadas com o propósito de lazer”, argumenta Brandão.

O professor Milton Monte relata com pesar que belos exemplares dos casarões estão sendo demolidos ou se deteriorando pela falta de cuidados. Segundo ele, é um prejuízo irreparável para a história da ilha. Ainda há casos em que, apesar de não demolidos, estão abandonados, como a Casa Cacela, na praia do Bispo, onde o ex-prefeito de Belém, Alcindo Cacela, passava os finais de semana. Monte conta que já contribuiu – e ainda contribui –na arquitetura da ilha. “Gostaria que os setores competentes fizessem mais, para que esse patrimônio não se perca”, desabafa. Além do pórtico, o arquiteto projetou edificações em madeira adaptadas ao clima local, algumas com quase quarenta anos.”

(Oliveira, Juliana- “Um pedaço da Europa na Amazônia” in __ Revista Ilhas Amazônicas: o arquipélago de Mosqueiro – parte 1, Ed. 01, JAN 2006)

CASARÕES: RETRATOS DA NOSSA HISTÓRIA

image

Vivenda do Cel. Motta (1907) já demolida (Fonte: A. M. Filho -1978).

image

Vivenda antiga restaurada (FOTO: Gerlei Agrassar – 2010).

image

O Canto do Sabiá (FOTO: Gerlei Agrassar – 2010).

image

Patrimônio ameaçado (FOTO: Gerlei Agrassar – 2010).

image

BAR ELITE: réplica de um prédio parisiense (FONTE: Feio – 2009).

image

PORTAL DO MOSQUEIRO: O arquiteto Milton Monte inspirou-se nos

antigos Chalés da ilha. (FOTO: Wanja Janayna – 2010).

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

JANELAS DO TEMPO: A FREGUESIA DO MOSQUEIRO

A Lei da Assembleia Legislativa Provincial nº 563, de 10 de outubro de 1868, sancionada pelo Cônego Manuel José de Siqueira Mendes, primeiro Vice-Presidente da Província do Grão-Pará, criou a Freguesia do Mosqueiro (Art. 1º: Fica criada na povoação do Mosqueiro uma freguesia sob a invocação de Nossa Senhora do Ó;). Os limites civis e eclesiásticos da nova freguesia foram definidos no segundo artigo da citada lei: “pelo lado do sul furo do Pinheiro em direção ao igarapé Fundão, abaixo do igarapé Piracatuba, até a Baía do Sol e pelo norte a margem esquerda do rio Tauá;”. O artigo terceiro inclui nos domínios da freguesia as ilhas de Cotijuba, Paquetá, Jutuba, Tatuoca e outras menores adjacentes. O artigo quarto define como matriz a igreja pertencente à Irmandade de Nossa Senhora do Ó e o quinto estabelece futuras providências (“O governo da Província mandará examinar e avaliar a sobredita igreja, e se for julgada apta para servir de matriz efetiva, indenizará seu valor à Irmandade, e promoverá in continenti a sua conclusão;”). Em verdade, essa igreja era uma capela localizada na parte frontal do primeiro cemitério da Vila, cuja área estava delimitada pela 2ª Rua e pelas atuais Travessas Pratiquara e Siqueira Mendes, na época simples caminhos que conduziam ao igarapé Cariacanga. É bom lembrar que não existia a 3ª Rua. O artigo sexto refere-se ao cemitério (“Outrossim, mandará o governo avaliar a obra feita no cemitério da sobredita Irmandade e a indenizará de sua importância, se o julgar conveniente”;). Tempos depois, esse cemitério seria desativado e transferido para a Travessa Pratiquara. Ao lado da igreja, uma nova travessa surgiria: antes, Rua Nova; hoje, Carlos Bentes. Não é rara a descoberta, naquela área, de antigos ossos humanos em escavações de profundos alicerces.

A denominação de Freguesia de Nossa Senhora do Ó para as terras da ilha parece revelar a imensa relação entre o Mosqueiro e a sua Santa Protetora, uma relação mais antiga – acreditamos -- que a devoção da Irmandade local ou o trabalho catequético dos jesuítas da Missão Myribira. Talvez seja oriunda dos primeiros tempos de ocupação. Sabe-se que a devoção a Nossa Senhora do Ó teve início na Espanha e, segundo o historiador João Lúcio D’Azevedo, há fortes indícios de que aventureiros espanhóis sob o comando de Francisco de Orellana estiveram na Baía do Sol, em 1545, exatamente no dia consagrado à Santa, conforme relato do Frei Gaspar de Carvajal, escrivão da viagem.

São cento e quarenta e dois anos de uma Igreja em construção: não só a edificação do templo, mas, sobretudo, o soerguimento da fé cristã abalada pelo massacre dos indígenas nos tempos iniciais da colonização ou pela matança dos cabanos durante a Regência do Império. No decorrer desses anos, inúmeros foram os padres que, com denodo e perseverança, mantiveram num crescente a devoção a Nossa Senhora do Ó, a Padroeira dos mosqueirenses.

No dia 02 de abril de 1869, o Bispo da Província do Grão-Pará Dom Macedo Costa designava como primeiro Pároco da Freguesia do Mosqueiro o Padre Manuel Antônio Raiol, que assumiu no dia 23 de abril e permaneceu no cargo até 1875.

De 1875 a 1877, ficou como encarregado da paróquia o Padre José Joaquim de Castilho, Vigário de Benfica. Em 1878, ocorreu a volta do Padre Manuel Raiol, o qual faleceu em julho desse ano e, novamente, seria substituído pelo Padre Castilho no início de 1879. Em junho, assumiu o Padre Raimundo José Fonseca Gomes, Vigário de Colares, que, parece, foi o encarregado até meados de 1890, quando tomou posse o Padre Mâncio Caetano Ribeiro à frente dos trabalhos da paróquia até 1893, passando as atribuições ao Padre Francisco Domingues Marques, que permaneceu até 1895.

No dia 06 de julho de1895, a Freguesia do Mosqueiro era elevada à categoria de Vila pelo Decreto-Lei nº 324 sancionado pelo Governador Lauro Sodré. De 1895 até 1900, segundo consta, não havia Vigário nem encarregado da paróquia. Por ocasião de festividades, os padres vinham de Belém.

No dia 26 de fevereiro de 1901, a Vila do Mosqueiro passava à condição de Distrito da Capital conforme a Lei nº 753, baixada pelo Governador Augusto Montenegro. Nesse ano, assumia a Paróquia de Nossa Senhora do Ó o Padre Manoel José Távora dos Santos.

Assim, a antiga povoação de pescadores, que fora freguesia e vila, ingressava no século XX como Distrito de Belém e assistiria, por décadas, à transformação da ilha do Mosqueiro em um dos mais preferidos balneários do Estado do Pará.

image

Praça da Matriz nos velhos tempos (Fonte: Blog Haroldo Baleixe).

Dados disponíveis em:

http://paroquianso.hd1.com.br/crbst_1.html

Brandão, Eduardo. Mosqueiro: a história de um arquipélago singular no estuário Amazônico - parte 1 in__ Revista ILHAS amazônicas Ed. nº 01, 2006

Meira Filho, Augusto. Mosqueiro Ilhas e Vilas – ED. GRAFISA – l978.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CURIOSIDADES: A VILA E SUAS RUAS

Apesar de não ter sido a primeira, a povoação localizada no sul da ilha do Mosqueiro foi a que progrediu mais rápido, pela proximidade da Capital da Província. Suas terras, que antes pertenciam a Benfica, passaram a constituir a Freguesia de Nossa Senhora do Ó, a qual foi elevada à categoria de Vila já no período republicano, indo à condição de Distrito de Belém no início do século passado. Essa evolução teve o seu primeiro momento marcado pela atividade pesqueira e pelo extrativismo vegetal, cujos produtos eram comercializados pelos nativos nos portos da cidade. O segundo momento, no final do século XIX, é caracterizado pela descoberta da ilha como balneário por estrangeiros e belenenses, que aqui construiram inúmeros casarões de veraneio, motivando o governo a executar, na ilha, uma série de melhoramentos, começando com a inauguração, em 1904, do bondinho puxado a burro, em 1905 do primeiro Grupo Escolar do Mosqueiro e, em 1908, do Trapiche da Vila construído pelos ingleses. Esse deslocamento turístico foi decisivo para o progresso da Vila, que em 1885 – segundo o historiador Manoel Baena – tinha apenas quarenta casas de telha e algumas de palha, uma praça, duas ruas, uma igreja pequena, um cemitério, três casas de negócios, duas padarias, duas escolas públicas, uma fábrica de fogos, um engenho de cana-de-açúcar movido a vapor, quatro olarias e mais ou menos quinhentos habitantes.

image

A Vila do Mosqueiro (Fonte: Google Earth).

Nesse começo de urbanização, é curioso como são nomeados os logradouros públicos, principalmente as ruas, que vão surgindo uma a uma. De início, considera-se uma sequência espacial: se paralelas ao rio, são chamadas de 1ª Rua, 2ª Rua, 3ª Rua e assim por diante; se perpendiculares, travessas. Algumas vezes, os nomes procuram designar vias de acesso a algum lugar importante: Rua da Igreja, Rua do Grupo, Rua da Pedreira (acesso à Ponta da Pedreira), Travessa Pratiquara (nos velhos tempos, o acesso mais fácil ao rio de mesmo nome). Outras vezes, são elementos paisagísticos que sugerem os nomes: Rua dos Tamarindos, Travessa das Mangueiras, Rua dos Jambeiros. Por fim, o Poder Público escolhe datas, fatos ou personalidades que marcaram lugar na História, para que o povo não os esqueça facilmente.

A Primeira Rua, conhecida como Rua dos Tamarindos (vegetais frondosos de origem africana plantados em fila ao centro), passou a chamar-se Conselheiro Delamare e, depois, Juvêncio Gomes da Silva, uma homenagem ao primeiro Carteiro da ilha. Para homenagear a Santa Padroeira do Mosqueiro, marcando também a localização do seu templo, a Segunda Rua recebeu o nome de Nossa Senhora do Ó. A Terceira Rua ou Rua do Grupo lembra o Tenente Coronel José do Ó, considerado um dos fundadores da Vila do Mosqueiro. Enquanto a Quarta Rua assinala a data da Proclamação da República (Rua 15 de Novembro), a Quinta Rua recorda o nome do Padre Manuel Antônio Raiol, fundador da Vila e o primeiro Pároco do Mosqueiro, designado no dia 02 de abril de 1869 por Dom Macedo Costa, Bispo do Grão-Pará.

ATravessa Coronel Motta registra a passagem em nossa história do eminente político e Presidente do Partido Republicano do Mosqueiro Coronel Lourenço Lucidoro Ferreira da Motta. A Rua dos Jambeiros, assim chamada pela fila desses vegetais (jambo pêra) ali plantados entre a 2ª e 3ª Ruas, recebeu o nome de Avenida Getúlio Vargas, justamente em 1945 quando terminava o governo ditatorial. A Travessa das Mangueiras possuía, entre a 1ª e a 3ª Ruas, várias espécies dessa árvore frutífera ( cametá, rosa, comum...), as quais foram cortadas para a colocação dos trilhos do bondinho puxado a burro. Depois, passou a ser chamada de Travessa do Bispo (acesso à praia), até que recebeu o nome de Travessa Comandante Ernesto Dias, uma lembrança do infalível comandante do navio Almirante Alexandrino, por sua perícia nas atracações do vapor e por sua participação junto com os tripulantes na vida social mosqueirense. A Travessa Carlos Bentes, ao lado da Igreja Matriz, homenageia o Sub-Prefeito que administrou a ilha de 1930 a 1942. No passado, era a Rua Nova cortando a área do antigo cemitério da Vila, depois de desativado. O acesso ao bairro do Maracajá é a Travessa Siqueira Mendes, uma justa homenagem ao Cônego Manuel José de Siqueira Mendes, Vice-Presidente da Capitania do Grão-Pará que, no dia 10 de outubro de 1868, assinou a Lei da Assembleia Legislativa Provincial nº 563, transformando o Mosqueiro em Freguesia de Nossa Senhora do Ó.

O interessante é que as ruas, além de guardarem lembranças de personagens reais e de características singulares, refletem a história daqueles que ali nasceram ou viveram por muito tempo. Sem dúvida, são cenários vivos de fatos e emoções, cuja memória latente parece atravessar os tempos para ressurgir diante de um olhar poético ou de um sentir nostálgico.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A OUTRA FACE DA ILHA: LUZ PARA TODOS

Doze de outubro. Nove e meia da manhã. Sol forte extraindo reflexos das águas esbranquiçadas da baía de Santo Antônio. Entramos pela foz do rio Mari-Mari, cujo nome de fruta amazônica parece lembrar os pescadores indígenas dos primeiros tempos e os antigos ribeirinhos. Pilotado pelo Beto, o Tucuxi – nome do barco e também do boto da lenda – avança rapidamente levado pela correnteza da meia maré de enchente. Há muito, a força das águas salobras adentrando o rio impeliram para o fundo as negras e frias águas que vêm das nascentes. Seguimos a corrente como antes fizeram os tucunarés. Nosso destino: o Sítio Rei Davi.

image

Foz do Mari-Mari. (Foto: Wanzeller, 2010).

image

Vamos ao sítio (Foto: Wanzeller, 2010).

Lá, a meninada das redondezas nos aguardava e ansiosos esperavam os presentes a serem ofertados pelo Thiago e pela Karina, espécie de agradecimento por uma graça alcançada. Afinal era o Dia das Crianças! Trinta minutos subindo o Mari-Mari, ultrapassamos a pequena formação rochosa e arborizada conhecida como ilha do Navio, pois à noite, sob a tênue claridade do luar, assemelha-se à popa de um imenso cargueiro bem no meio do rio. Logo após, avistamos o sítio, que é propriedade do Sr. Deuzarino.

image

Thiago e Karina (Foto: Wanzeller, 2010).

image

Ilha do Navio (Foto: Wanzeller, 2010).

image

Sítio Rei Davi (Foto: Wanzeller, 2010).

Ganhamos o dia com a distribuição de brinquedos, livros didáticos e um lanche à criançada, assim como de roupas a pessoas da comunidade. Uma ação social é sempre gratificante quando não tem segundas intenções. Depois de um almoço simples, mas delicioso; um banho de rio e um passeio nas trilhas vizinhas completaram a satisfação daquele feriado.

image

Homenagem às crianças (Foto: Wanzeller, 2010).

image

Banho de rio (Foto: Alice Lameira, 2010).

image

Passeio nas trilhas (Foto: Wanzeller, 2010).

image

Visitando a comunidade (Foto: Wanzeller, 2010).

No entanto, ficamos entristecidos ao sabermos que o Projeto Luz para Todos não chegou àquela localidade, deixando sete famílias sem energia elétrica, embora tenha sido aprovado em 2007 e o Governo Federal, repassado os recursos para a Rede Celpa. Não sabemos se é falta de interesse, excesso de burocracia ou preguiça mesmo, com todo o respeito ao animal que vimos no alto de uma embaúba, muito apressado em proteger o filhote ao sentir os primeiros pingos de chuva.

image

O bicho-preguiça e seu filhote (Foto: Alice Lameira).

Com a palavra o Ministério Público e o Comitê Gestor do Projeto Luz para Todos.

JANELAS DO TEMPO: MOSQUEIRO JÁ TEVE CINEMA

Por Alcir Rodrigues

Pedro Veriano, crítico de cinema, escreveu o livro Cinema no tucupi (1999), cujo capítulo “Cinema em Icoaraci e Mosqueiro” trata do Cine Guajarino, o cinema que Mosqueiro perdeu:

clip_image001clip_image002

Cinema em Icoaraci e Mosqueiro

As vilas balneárias do município de Belém, Icoaraci (antes chamada Pinheiro) e Mosqueiro, tiveram os seus cinemas. Icoaraci teve dois: Ipiranga e Guanabara. O primeiro durou mais tempo. Exibiu na sua melhor fase os filmes da empresa Severiano Ribeiro, antes Cinematográfica Paraense Ltda. No fim de carreira, os do empresário Carneiro Pinto, dono do Cinema Argus, no município de Castanhal, considerado o “cabeça de circuito interiorano” (Carneiro fornecia filmes para diversas cidades do Pará e até do Maranhão, como Imperatriz). O Cine Guanabara foi utilizado por outro empresário, Nélio Pinto. Exibiu filmes em 35 mm e 16 mm. Por pouco tempo.

No Mosqueiro existiu o Guajarino, na Praça da Matriz (Vila). Fundado em 1912, ainda na fase da chamada “cena muda”, sobreviveu até 1976, quando regrediu à bitola amadorista (16 mm), exibindo faroeste italiano da firma que pertenceu a Hiran Bechara, dono do cinema do município de Marabá, depois a Manoel Teodoro de Miranda.

O Guajarino foi orientado por muitos anos pelo bancário Paulo Monteiro. Antes dele, pertenceu ao Sr. Bianor Carneiro, que o comprou do fundador, Pires Teixeira. Nos primeiros anos do cinema existia um trem, que o povo apelidava de “Pata Choca”, ligando o centro da ilha à Praia do Chapéu Virado. É interessante observar que a inauguração da linha férrea foi filmada por Ramon de Baños[1].

No dia 13 de dezembro de 1975, eu publiquei em A Província do Pará uma reportagem sobre o cinema de Mosqueiro. Disse, na ocasião, que havia público para uma sessão noturna diária e vesperais aos sábados e domingos durante muitos anos. Filmes como... E o vento levou e Os dez mandamentos produziam enormes filas e tornavam-se motivo de comentários da população. “―Não tinha televisão, a noite era monótona”, dizia Monteiro. “―As coisas foram mudando com as antenas de TV nos telhados. Chegaram as novelas e ninguém perdia um capítulo para ver um filme...”

Mas o Guajarino não foi o único cinema da ilha que disputa com o município de Salinópolis a frequência dos que procuram balneários em Belém. Em 1955 e 1957 eu mesmo montei um cinema para filmes em 16 mm num antigo mercado, no Chapéu Virado, que na época funcionava como escola pública (e voltaria a ser mercado nos anos 70). Como não havia energia elétrica suficiente, puxava um cabo do gerador do Hotel do Russo, próximo do local. As carteiras da escola funcionavam de poltronas. As piadas não falhavam: “―Eu depois de velho voltei à escola...”

A versão 55 foi a mais concorrida. Lembro de uma frequentadora assídua, a então Miss Pará, Gilda Medeiros. Ela se tornaria atriz do cinema nacional, fazendo filme com atores famosos como Alberto Ruschell (de O cangaceiro, versão 1953) e sob a direção de cineastas tarimbados como Fernando de Barros, um dos remanescentes da Cia. Cinematográfica Vera Cruz (SP). Um desses filmes, Riacho de sangue, ganhou distribuição nacional, e muitos anos mais tarde, longe de câmeras e roteiros, Gilda falou-me, com saudades, da produção.

Um episódio curioso que bem ilustra o que representou o cinema alternativo nas férias de julho, no Mosqueiro, aconteceu em 1957. Os filmes eram alugados em Belém de um representante da RKO Rádio, F. Aguiar & Cia. Havia uma programação traçada, mas era possível uma falha. O problema é que a cópia chegava pelo navio (não havia estrada ligando Mosqueiro ao centro de Belém) às 18h30 e a exibição tinha o horário padrão de 20h30. Quando estava anunciado o clássico King Kong, de Ernest B. Schoedsack e Merian C. Cooper, chegou, em cima da hora, O seu tipo de mulher, aventura policial com Robert Mitchum e Jane Russell. Eu tinha passado o dia orientando a colocação de um cartaz gigante, na porta do cinema, com o desenho de um gorila. Com a troca do programa, segui direto do trapiche, onde atracava o navio, para a escola-mercado. Cheguei às 19 horas e já havia fila. Muito depressa, arranquei o cartaz de King Kong e escrevi num pedaço de cartolina o título do novo filme. Quando terminei a operação, estava cercado por espectadores indignados. Pensei que, enfim, a mania de cinema ia me legar uma surra. Procurei explicar, mas a vaia não deixou. Corri para o jipe que me transportava nessas aventuras e fui para casa criar coragem para voltar às 20 horas. Voltei, mas não vi público. Aliás, não vi público daí em diante. A falta do King Kong deixou um saldo de descrédito. No último dia das férias (e o cinema só funcionava nas férias), exibi em duas sessões o desenho Alice no País das Maravilhas. Recepção morna. Foi o fim de um tempo. Nunca mais voltei com o projetor para o Mosqueiro. Dez anos depois, o próprio Guajarino encerrou suas atividades com as máquinas jurássicas de 35 mm vendidas. A fase posterior, que eu vi como pré-agônica, durou pouco. O quadro minúsculo da bitola tentou em vão ressuscitar um hábito. Mas nesse tempo a conversa, na vila, era sobre o filme da TV ou a novela das oito.

clip_image004 Nesta foto de carnaval, é possível ver-se, ao fundo, parte da fachada do saudoso Cine Guajarino!


[1] O filme curta-metragem, perdido, é Da Vila ao Chapéu Virado de trem, de 1912.

Referência: VERIANO, Pedro. Cinema em Icoaraci e Mosqueiro. In.___.Cinema no tucupi.Belém: SECULT, 1999, pp. 40-41.

Postado por PT de Mosqueiro em 08.10.2010.clip_image005

terça-feira, 12 de outubro de 2010

CANTANDO A ILHA: NOSSA ILHA

“Não havia outro rumo, outro caminho, outra escolha: Mosqueiro. Toda a vida foi essa ilha o abrigo generoso de ricos, de remediados, de pobres. Há lugar para todos, sem qualquer distinção. Suas praias lindas não divisam classes, não marcam prioridades, não estabelecem privilégios. Mosqueiro é um balneário popular, democrático, onde todo mundo se sente livre e igual. Em toda parte predomina a alegria, o bem-estar, a satisfação de viver! O veranista parece, às vezes, senhor de tudo! Cada belemense cuida de que é dono de um pedaço qualquer do Mosqueiro. Criam-se gerações seguidas dos mesmos hábitos, dos mesmos amigos, da mesma maneira de viver. Até certos meses do ano, pela sua casualidade libertadora nas férias, já têm uma fisionomia mosqueirense, típica, especial e irreversível. Há como que um vício de “mosqueirar”. Vimos gente fina retornar de tournées na Europa e na América do Norte, do Líbano e de Israel, para “não perder o mês de julho no Mosqueiro”. Paraenses ricos residentes em Copacabana, Leblon e Ipanema, viajando para aqui desfrutar um “mês-no-Mosqueiro”! E, de São Paulo, gente abastada vir a Belém para as férias de julho no Mosqueiro em qualquer de seus pontos pitorescos e desejados. Já assistimos amigos que buscam o Mosqueiro, vindos do sul, diretamente e da mesma forma, retornando, após as delícias do lugar. Belém, nesse caso, funciona, apenas, como “trânsito”. (a) Não é fácil se chegar a sentir até que ponto o canto do uirapuru fascina nossa gente, irresistivelmente mosqueirense. Talvez aquela paz da semana, o ar fresco das maresias, o alimento sadio e farto, a natureza exuberante de vida e beleza, as noites calmas e silenciosas possam descobrir e anunciar os segredos da Ilha Balneária do Mosqueiro.”

image

Foto: Eduardo Anselmo – 2010.

image

Foto: Eduardo Anselmo – 2010.

“Nenhuma geração belemita cresceu nesta terra, sem trançar nas suas próprias raízes, as raízes de seus primeiros alumbramentos que nasceram nos tijucos ou nas areias das ribeiras mosqueirenses.”

(Meira Filho, Augusto -- “Mosqueiro Ilhas e Vilas”, Grafisa Ed., 1978, págs. 79 e 80)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

JANELAS DO TEMPO: BRINCANDO DE BOI

O bumba-meu-boi é uma dança dramática de origem portuguesa quanto ao aspecto teatral, reunindo algumas características dos autos medievais aos elementos da sátira e da tragicomédia. Podemos dizer que nasceu no Nordeste, mais precisamente no Piauí, e com os imigrantes nordestinos veio para a região amazônica, onde passou a ser chamada de boi-bumbá. Na Amazônia, os elementos indígenas e seu imaginário são acrescidos ao enredo de forma relevante, tornando-o mais atraente.

Esse enredo, embora apresente inúmeras variantes, consiste numa trama simples e está centrado na morte e ressurreição do boi de raça, personagem principal, que na manada é o preferido do fazendeiro (o amo). A Nega Catirina, estando grávida, sente o desejo de comer a língua do boi e Pai Francisco, seu marido e empregado da fazenda, temendo que a mulher perdesse o filho, decide roubar e matar o animal. O amo descobre tudo e manda os vaqueiros procurarem Nego Francisco e o boi sumido. Não conseguindo encontrá-los, os vaqueiros recorrem aos índios para caçarem Pai Francisco, que busca um pajé para fazer ressuscitar o boi do patrão. O boi renasce e tudo vira uma grande festa na fazenda.

Na ilha do Mosqueiro, a dança folclórica do boi-bumbá foi introduzida em 1916, quando o Nego Tuíra (Raimundo Santana Oliveira), ajudado por seu irmão Ezequiel, criou o “Pai do Campo”, que animou as festas juninas até 1982. Depois surgiram o “Estrela de Ouro” do Seu Dondom e o “Harmonioso” do Sr. Antônio Ramalho. Surgiu também uma enorme rivalidade entre os três bois, às vezes alimentada por expressivas toadas jocosas cantadas pelos amos e acompanhadas pelo ritmo marcado dos tambores de couro de jiboia. Não raras vezes, os bois se encontravam nas ruas da ilha, gerando uma “guerra indígena” entre os grupos rivais, os quais se enfrentavam com golpes de capoeira. A intenção era derrubar o adversário, sendo vencedor aquele que permanecesse de pé. É verdade que, algumas vezes, essas disputas terminavam em pancadaria, mas a animação de jovens e adultos para “brincar de boi” não arrefecia.

Inúmeros foram os atores desse teatro de rua que atravessaram os anos vivendo intensamente tal tradição. Dentre eles destacavam-se, no papel de Cangaceiro, o Diabo na Saca pelo “Harmonioso” e o Burro pelo “Estrela de Ouro”. E por falar nisso, somente nesta ilha “havia um burro dono de boi”. É verdade! O Burro (apelido do vendedor de sorvete raspa-raspa Raimundo Cruz) criou o seu próprio boi-bumbá: “Malhadinho”, o qual acompanhou o dono até o fim de sua existência. O “Malhadinho” se foi, mas o Raimundo Cruz ficou na história do folclore da ilha.

image

Raimundo Cruz, o famoso BURRO (Foto: Jornal do Mosqueiro – 1991).

Com os brincantes sempre imbuídos do desejo de preservar a tradição, outros bois surgiram para levar a alegria aos terreiros juninos ou às ruas da ilha iluminadas pelas fogueiras: “Veludinho” do Lucivaldo Matias, “Tira-Teima” do Seu Alarino, “Não Me Mexa” da Oscarina Pires, “Pai da Malhada” do Carlos Sousa, “Flor do Ano” do Raimundo Moraes e “Flor do Campo” da Maria Carvalho. Mas essa história deve ter uma continuação. Quase cem anos são passados desde aquela madrugada em que o jovem Tuíra teve a ideia de criar o “Pai do Campo”. Que outros jovens desejem e possam escrever os próximos capítulos!

sábado, 2 de outubro de 2010

Chupa-Chupa no Itapiapanema

CURIOSIDADES:

Chupa-Chupa no Itapiapanema

O povoado de Itapiapanema localiza-se às proximidades do povoado de Caruaru, no interior da ilha do Mosqueiro e, assim como Vigia, Colares e Baía do Sol, foi alvo, em 1977, do ataque de um Objeto Voador Não- Identificado conhecido como Chupa-Chupa. O nome do lugar, geralmente usado de forma abreviada (Tapiapanema), é de origem indígena (ita: pedra + peua: grande + panema: azar), significando “pedra grande azarada”. No entanto, naquela noite de 29 de outubro de 1977, quem teve azar foi a jovem Sílvia Maria Trindade ao deparar-se com o “OVNI-vampiro”. Para esclarecer o fato, recorremos ao Portal Fenomenum da Equipe CIPEX (Centro de Investigação Exobiológica), de onde extraimos os trechos abaixo:

“O primeiro aspecto interessante que podemos citar em relação à manifestação chupa-chupa seria em relação à evolução do fenômeno. Os ataques ocorreram de forma muito esporádica em 1976, aumentando gradativamente até abril de 1977, com a ocorrência da Ilha dos Caranguejos, espalhando-se pelo Estado do Maranhão, chegando depois ao Pará e depois ao Amazonas, em território brasileiro. Informações não confirmadas sugerem que o fenômeno ocorreu também em países próximos, Guianas e Venezuela. Essa evolução por regiões ocorreu de forma padronizada, como num mapeamento científico. Isso por si só já confere uma atividade inteligente ao fenômeno.”

“Verificando os casos de chupa-chupa observam-se vários detalhes recorrentes. A quase totalidade dos casos ocorrem à noite, e referem-se à luzes que surgem repentinamente iluminando todo o local próximo ao contato. Praticamente todos os casos relatados por ribeirinhos, seja no Maranhão, no Amazonas ou no Pará existe a descrição do objeto intensamente iluminado. Quase sempre a luz é tão forte que impede a visualização da fonte da luminosidade, ou seja, o objeto propriamente dito.”

“Quando ocorre a aproximação repentina acontece o "ataque" que é descrito quase sempre da mesma forma: o objeto projeta um facho de luz que paralisa suas vítimas, impedindo que eles movimentem qualquer parte do corpo, até mesmo para gritar por socorro. Além da paralisia as vítimas descrevem em sua totalidade que sentiram uma dor insuportável sendo logo tomados de profunda fraqueza como se eles tivessem sendo dopados. Nessas condições a maioria ainda conseguiu observar um segundo feixe de luz que atingia as mulheres acima do seio esquerdo (na grande maioria dos casos) ou nos homens, na altura do pescoço. O feixe de luz produzia uma marca longilínea, reta, extensa e larga, como se algo tivesse chapado a pele destas pessoas vitimadas. Em todos os casos documentados havia dois orifícios paralelos que se apresentavam elevados como se duas agulhas houvessem ali penetrado. A diferença é que quando pressionadas elas não desapareciam.

A queimadura resultante dos ataques era muito diferente das convencionas em praticamente todos os casos. Enquanto estas convencionais levam em torno de 96 horas para necrosar, as queimaduras produzidas pelo chupa-chupa necrosavam imediatamente.

As vítimas do chupa-chupa, após o incidente, se queixavam de vertigem,
dores no corpo, tremores, falta de ânimo, sonolência, fraqueza, rouquidão,
queda de pêlos, descamação da pele lesada e freqüentes dores de cabeça.
Estes sintomas foram constatados por médicos.”

“Daniel Rebisso Giese, um dos principais investigadores da onda chupa-chupa, descobriu outro caso trágico em um pequeno vilarejo no centro da Ilha de Mosqueiro, num lugar chamado Tapiapanema. A vila é composta de algumas poucas casas e seus moradores viviam da pesca e da agricultura. Neste local, Silvia Maria Trindade, 17 anos na época, estava grávida de cinco meses. Por volta das 18 h de 29 de outubro de 1977, ela e seu marido estavam deitados, descansando em sua casa. A noite já começava quando Silvia acordou e viu um objeto luminoso no céu. Deste objeto saiu um feixe de luz que atingiu seu braço. Assustada gritou, acordando seu marido e todos os vizinhos que saíram a tempo de ver o objeto no céu. Um deles disparou contra o objeto que logo em seguida desapareceu. Silvia desmaiou. Ao recobrar os sentidos estava muito nervosa e agitada. Seu marido Benedito resolveu levá-la à um hospital em Mosqueiro. O percurso é feito de barco, remando por aproximadamente 1 hora através de um rio. Durante este percurso, o OVNI surgiu novamente.

clip_image002

Foto do Chupa-Chupa (Revista UFO).

"Estávamos no barco e o OVNI passou por cima do rio várias vezes. Ele nos seguiu e disparou uma luz no rio por uns 10 ou 15 metros. Não fazia nenhum barulho e não jogou o raio em nós, só no rio. Estava a uns 80 metros de distância. Aí o OVNI voou sobre a mata e desapareceu".

Em decorrência do contato, Silvia ficou com um hematoma no cotovelo esquerdo. Ela permaneceu internada por dois meses e acabou perdendo o bebê que esperava. Silvia ficou muito abalada com o acontecimento. Mais tarde seu casamento acabou e hoje ela vive só. No dia em que o objeto apareceu em Tapiapanema, a cadela Vitória, de propriedade de um dos vizinhos de Silvia, latia intensamente para o objeto. Em resposta, do objeto surgiu um facho de luz que atingiu a cadela que parou de latir. Nos dias seguintes ela começou a definhar morrendo 4 semanas depois.”

(http://www.fenomenum.com.br/ufo/casos/1970/padroes.htm http://www.fenomenum.com.br/ufo/casos/1970/fase2.htm)